quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

AZEVEDO E SILVA

O respeitoso membro de azevedo e silva
nunca perpenetrou nas intenções de elisa
que eram as melhores. Assim tudo ficou
em balbúrdias de língua cabriolas de mão.

Assim ficou tudo até que não.

Azevedo e silva ao volante do mini
vê a elisa a ultrapassá-lo alguns anos depois
e pensa pensa com os seus travões
Ah cabra eram tão puras as minhas intenções

E a elisa passa rindo dentadura aos clarões.
e
e
Há muitos anos atrás (inícios de 1986) Alexandre O'Neill foi à Faculdade de Letras de Lisboa. A ideia era uma sessão de poesia, ou algo semelhante. Durante três horas O'Neill falou, leu, recitou, disse mal e disse bem. Foi cáustico e poético, ternurento e impiedoso. O'Neill, o mais e o menos português de todos nós, divertiu-se. Recordo claramente que não leu este poema. E que também não falou das suas outras vidas, como a de publicitário. Mas tenho a certeza que aquela tarde de Inverno foi uma das mais importantes da minha vida. E eu até nem lá fui para ouvir o O'Neill mas sim outro autor. O qual, benza-o Deus, até ficou calado, limitando-se a dizer, de tempos a tempos, para o poeta: "Continua que a malta está a gostar".

9 comentários:

Anónimo disse...

Bonito retrato. Mas o Alexandre O'Neill era um desajeitado, um bocado nervoso.

Rita

Santiago Macias disse...

Talvez o fosse. A única que vez que o vi à minha frente foi nessa tarde.
Mas não se esqueça que há pessoas que fazem uso dessa falta de jeito para lançar "charme". No caso dele parece que resultava.

Anónimo disse...

Ou ao contrário,pode ter sido a "falta de jeito" o charme de A. O`Neill.
Só somos um todo com qualidades e defeitos. Empenhemo-nos nas qualidades,compreendamos os defeitos; não só os nossos, mas também os dos outros.

Anónimo disse...

Devia acertar a hora do blog pela hora de Lisboa, acho que está no Pacífico.

Em relação ao charme, de acordo... valham-nos os livros.

Santiago Macias disse...

Achei imensa graça a este último comentário, até pelo pormenor da hora. Por vezes não sei mesmo às quantas ando... A hora do Pacífico? Vou ver como isso se corrige, embora o mito da fuga para os mares do Sul paire sempre algures.

Anónimo disse...

Definições, formatação, fuso horário: GMT Lisboa, gravar.

Se bem que o seu gosto para camisas seja mais Pacífico.. o melhor é deixar com está.

Rita

Anónimo disse...

«Amôre»

O amôre, graça de mau gosto,
muitas vezes na boca, sempre no sentimento,
veio, trota trotando ter comigo.

Trazia a língua de fora, tropeçava nela,
fazia-se cansado, era apenas piegas.

Por que volta a bestiúncula
a rondar-me o terreiro?

É camaradagem
ou aragem da cama?

Dessapossados é que estamos livres para caminhar.

Santiago Macias disse...

O'Neill, também.
Confesso que, nisto dos blogues, o anonimato me intriga sempre um pouco...

Anónimo disse...

Desculpa-me o anonimato: foi fruto da pressa. O «Amôre» é efectivamente do O'Neill. Saquei do livro dele que tinha à mão -«Tomai lá do O'Neill»- e endereçei-o ao teu excelente blog.
Um abraço