quinta-feira, 19 de março de 2009

O PODER DA RUA

Três milhões de franceses sairam hoje à rua, protestando contra a política do governo Sarkozy. 80% dos franceses apoiam o protesto. Os poderes instituídos tremem sempre em França quando estas coisas acontecem. Mesmo quando dizem que não se impressionam com manifestações, que seguem o rumo traçado etc. etc.
É assim desde 1789, quando o rei foi preso, julgado e executado. As rebeliões populares são imagem de marca da douce France. Foi assim em 1848 e em 1871 e em 1968. O poder da rua é imenso. Pude constatá-lo inúmeras vezes, entre 1998 e 2005, quando deslocações regulares a Paris e a Lyon eram, frequentemente, entrecortadas por manifestações, sessões de esclarecimento, protestos ou, no limite, por greves. Ou por essa outra subtileza, tipicamente gaulesa, que é o mouvement social. E que se pode traduzir por uma mini-greve, que implica cortes nos serviços, reuniões de trabalhadores etc.
Confesso que, a meio de uma tese, a coisa que menos jeito dá é uma greve na Biblioteca Nacional, que implica o encerramento do local durante uma longa semana. Ou uma barafunda nos transportes que me obrigou a equacionar um percurso Rue Ballard-Quai François Mauriac em bicicleta... Os deuses protegeram-me e a greve foi desconvocada.
Ainda assim, ao ver hoje a massa de gente que percorre as principais cidades de França não pude deixar de pensar, uma vez mais, na importância do poder de mobilização. Nem pude deixar de me lembrar de que lado está, sempre, o meu coração. Com teses por fazer ou sem elas.

Hoje

1968

1871


1848


1789

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