quarta-feira, 11 de março de 2009

PÁTIO DOS ROLINS









Projecto de reabilitação: Arq. Patrícia Novo (C.M.M.)

Este é o Pátio dos Rolins, em Moura. O edifício está carregado de História e traz consigo a lenda de que terá sido a morada dos conquistadores de Moura. É pouco provável que o tenha sido, mas pouco importa. O Pátio dos Rolins faz parte da alma de Moura.

Na sua forma actual é uma construção do século XVI, com algumas modificações posteriores. Não é um palácio de grande luxo e ostentação, mas sim uma construção que combina soluções da arquitectura vernacular com outras (as duas janelas mais imponentes) que se aproximam de um repertório erudito. As abóbadas do piso térreo tem alguma expressão, as coberturas de cima são bem mais modestas.

A Câmara Municipal de Moura comprou este edifício há uns anos. O objectivo era (e é) claro: na antiga oficina do ferrador instalou-se o Posto de Turismo; o resto do imóvel conservará funções habitacionais. Até porque uma cidade sem habitantes não o é. É apenas um cenário de teatro.
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A primeira fase de reabilitação do Pátio dos Rolins terminou há pouco. O começo da segunda fase não tardará.

Não faltarão, decerto, os que dirão que este Pátio é apenas um pequeno palácio, sem nada que o possa comparar a outros monumentos de maior imponência (alguém dizia no outro dia, aqui, em Moura, que "quem quer ver igrejas vai ao Norte, não vem ao Sul"). Para os que pensam tão insólitas e bizarras coisas, dedico este poema, este extraodinário poema, de Alberto Caeiro. Que diz o que eu penso, melhor do que eu poderia pensar, dizer ou explicar:

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.

O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde vai
E donde ele vem.

E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Nunca ninguém pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

3 comentários:

Anónimo disse...

Que importa perder a vida
em luta contra a traição,
se a Razão mesmo vencida,
não deixa de ser Razão?

Fátima disse...

De noite ou de dia é sempre lindo e faz parte das recordações da minha infância. Por isso é o mais belo dos palácios. :)

Marlene disse...

Muitos parabens aos mourenses por este novo edificio que vem tornar a cidade ainda mais charmosa e atraente, finalmente com um lugar digno para acolher as gentes de fora.
E felicito em especial a Arq. Patricia Novo pela sua dedicaçao e excelente trabalho realizado.