sábado, 6 de fevereiro de 2010

ALBERTO GIACOMETTI E A SOMBRA DA TARDE


O mercado das artes agitou-se esta semana com um novo recorde na compra de uma escultura. L' homme qui marche I, concebida em 1961 pelo artista suiço Alberto Giacometti (1901-1966), foi vendida por 74,4 milhões de euros e pertencia ao Commerzbank alemão.
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A Sotheby's refere o anónimo comprador como um "investidor". As obras de arte dos consagrados, sujeitas a flutuações e a modas, vão sendo vendidas a preços cada vez mais astronómicos e são vistas como activos pelas empresas. E, ao contrário das acções, nunca desvalorizam. Walter Benjamim tinha meia razão quando escrevia sobre a democratização da Arte por via dos meios mecânicos de reprodução. Todos nós temos hoje reproduções de conhecidas pinturas ou fotografias nas nossas casas. Mas isso não diminuiu, contudo, o endeusamento das peças únicas e originais.
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O percurso de Giacometti é marcado pela originalidade do seu verticalismo e por uma forte carga expressionista, ainda que o conjunto da sua obra seja difícil de catalogar ou de etiquetar. O facto de Giacometti ter, em tempos, dito que não esculpia figuras humanas, mas sim as sombras que elas produzem, remete-nos para outra realidade. O Museu Guarnacci, em Volterra, tem em lugar de destaque uma escultura etrusca poeticamente conhecida como L'ombra della sera (A sombra da tarde). Foi encontrada em 1879 e data do século II a.C. Alberto Giacometti conheceu estas e outras produções da cultura etrusca. O facto não lhe retira mérito. Mas deixa-nos a pensar sobre o genial autor da peça de Volterra.
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Sobre L'ombra della sera: http://ombradellasera.com/

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