quarta-feira, 3 de março de 2010

TODA A COR DE BIZÂNCIO

Ao ver a exposição sobre o passado histórico de Istanbul não pude deixar de me surpreender com a forma pragmática como o subsolo da cidade é encarado. Numa das mais importantes metrópoles do mundo não se hesita. Quando foram localizados vestígios arqueológicos, as obras do metro pararam e teve lugar uma extensa escavação. Que trouxe à luz do dia nem mais nem menos que o porto do tempo do imperador Teodósio (final do séc. IV). Um importante conjunto de barcos foi exumado. Com eles, parte da carga, materiais cerâmicos e informações da maior pertinência para a compreensão do império romano. Uma atitude culturalmente esclarecida e visões largas permitem também enriquecer substancialmente o património das cidades.
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Chegaram longe os braços de Bizâncio. Chegaram até ao extremo do Mediterrâneo Ocidental, com a ajuda dos mercadores que animavam o mar interior. A imagem que abaixo se vê faz parte de um complexo religioso que em tempos existiu em Mértola. Foi escavado e publicado, em primeira mão, por Virgílio Lopes na sua tese Mértola na Antiguidade Tardia. A representação de animais exóticos liga-se de perto à tradição dos perivolia, tão caros aos imperadores do Oriente. São mosaicos sofisticados, dispendiosos (para alguma coisa serviam os rendimentos das minas...) e produto de importação. Os paralelos para estas peças do séc. VI estão longe de nós, no Líbano e na Palestina.
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