quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

FIM DE LINHA

O texto de ontem no jornal Público é lapidar. Eis dois excertos:

A CP tentou vender junto de museus ferroviários europeus o comboio histórico de via estreita estacionado na Régua, mas a Federação Europeia das Associações de Caminhos-de-Ferro Turísticos (Fedecrail) boicotou essa tentativa, pedindo aos museus que renunciassem à compra, mesmo que estivessem interessados.

"Podendo haver interesse por alguma companhia ferroviária na sua colocação ao serviço para fins turísticos, a CP fez uma primeira auscultação do mercado para verificar a existência de eventuais interessados", disse a mesma fonte [porta-voz da empresa]. A CP mantém, por isso, o interesse na venda, mas admite agora que "será dada preferência ao Museu Nacional Ferroviário, caso este tenha disponibilidade" para o comprar.

É quase humilhante que tenham de ser entidades externas a chamar a atenção para a importãncia do que é nosso. Mas é, sem dúvida, humilhante que empresas como a CP olhem para o seu património, que é também nosso, em função da auscultação do mercado. Empresas destas têm à frente os jovens lobos do sistema. Têm MBA e fizeram cursos no INSEAD e na LSE e sabem de management e isso tudo. Isso tudo e nada mais. Olham o património e veem "ativos". São a versão polida do sistema cultural berlusconiano. Só não vendem a Torre de Belém porque não podem. E o melhor é não falar muito alto.

 

1 comentário:

Anónimo disse...

PUTATIS PUTANDIS
O problema é que estas coisas vão sendo banais e qualquer dia acordamos debaixo duma ponte com uma mão à frente e outra atrás.
Os jovens "lobos" da CP
são herdeiros das matilhas neoliberais açuladas por Cavaco em duas maiorias absolutas. A natureza dos lobos não muda, a de classe também não.