quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

FUMO


Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas,
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!
 
Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas...
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces, plenas de carinhos!

Os dias são Outonos: choram... choram...
Há crisântemos roxos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos...

Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos!...


Sob o signo do "fumo egípcio". Ao receber, do meu amigo Samer Abdel-Ghafour, esta divertida fotografia feita no sul do Egito nos anos 20 (os maços de cigarros tinham acabado de chegar aquela região, daí toda aquela exibição, hoje politicamente incorreta) lembrei-me de outra imagem. A de cima, feita na primavera de 2006. Onde o autor do blogue usa um narguilé (é apenas tabaco...) no Café el-Fishawy, no Cairo. Daí ao soneto de Florbela Espanca foi um curto passo.

2 comentários:

Lucrecia disse...

Você ficou muito engraçado nesta foto. Quanto ao poema de Florbela Espanca nos vivemos a canta-lo. É que Fagner, um cantor e compositor brasileiro musicou este e outros poemas de Florbela. É lindo! gosto deste e também de:

Fanatismo

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida!
...

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
«Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!...» Também tem música.

babao disse...

O que eu mais gosto é daquele que poe a manita discretamente no ombro do colega p'ra mostrar o rélogio ; )