sexta-feira, 30 de março de 2012

LUIZ TEIXEIRA BELTRÃO - UM MILITAR NA HISTÓRIA DE MÉRTOLA

Razões político-lúdicas (a parte política é a manif das freguesias, a lúdica a ida à Luz para ver o jogo com o Braga) impedem-me de blogar durante o dia de sábado.

Aqui vai o texto, que só deveria sair amanhã, por ocasião da reabertura oficial do mercado municipal de Mértola. Em todo o caso, este evento também foi adiado.


Quem foi Luiz Teixeira Beltrão? Um militar da arma de engenharia, nascido em 18 de fevereiro de 1871 e falecido em 31 de outubro de 1940. Comandou a Escola Prática de Engenharia entre 1927 e 1929.

Porque teve um papel na história da vila de Mértola? Pelo facto de ter estado direta ou indiretamente ligado a três edifícios importantes da vila: o mercado, o cine-teatro e a escola primária.

O cine-teatro foi construído no local onde antes estava a ermida de Santo António. Em março de 1914 ainda se hesitava quanto ao destino a dar à antiga igreja, usada como armazém de sal e bebidas. Pensava-se instalar no local a escola, mas em setembro de 1915 já se decidira que o imóvel daria lugar a um cine-teatro. O jornal O futuro de Mértola, de 16 de setembro de 1915, informa que o autor do projeto seria o capitão engenheiro Luiz Teixeira Beltrão.

Quanto à escola, e depois de alguma hesitação, decidiu-se, em outubro de 1914, que a igreja do Carmo daria lugar ao edifício escolar. Lê-se n'O futuro de Mértola de 22 de outubro "o edifício é muito elegante e faz honra ao engenheiro [Luiz Teixeira Beltrão, esclarece o mesmo periódico na edição de dia 10 de dezembro do mesmo ano] que foi encarregado do projecto e ficará sendo o melhor e mais belo edifício publico nesta vila". Previam-se anexos, que nunca foram construídos. Lê-se, na edição do citado periódico de dia 25 de junho de 1914, "ao lado deste edifício, e separados do mesmo, serão construídos dois chalets em estilo belga e de preço reduzido, para habitação dos professores". Fica-nos a dúvida sobre o que será um chalet em estilo belga.

Finalmente, e embora não seja o autor do projeto do mercado - da responsabilidade de António Manuel Pereira (engenheiro prático da Mina de S. Domingos - foi ainda o cap. Luiz Teixeira Beltrão a dar parecer favorável para a demolição da muralha medieval, no local onde a Câmara pretendia edificar o mercado (v. O futuro de Mértola de 5 de março de 1914). As obras deste edifício iniciaram-se no dia 11 de janeiro de 1915.

O cine-teatro, antes das obras de reabilitação

O Rossio do Carmo, c. 1980, com o edifício da escola ao fundo

BILL GATES NÃO VAI PARA O INALENTEJO

No país de opereta em que vivemos, acontecem coisas como esta: Fernando Caeiros (ex-presidente da Câmara Municipal de Castro Verde: 1977-2008) não pode continuar na comissão diretiva do INALENTEJO, onde representava os municípios. Porquê? Porque não tem grau académico. É competente? É. Pragmático? Também. Conhecedor dos dossiês? Sem dúvida. Mas não tem nenhuma licenciatura, mesmo daquelas de aviário, e portanto tem de sair.

Houve um parecer qualquer por causa do estatuto, ou do regulamento, ou do nãoseiquantos do gestor público. Que não é aplicável aos deputados e aos membros do governo. Que são quem decide.

Escusam de pensar em Bill Gates para o INALENTEJO. É que o senhor nunca acabou a licenciatura.


JUMPING POPPIES

Referi, na quarta-feira, o hino do Benfica, sem saber que o New York Times dedicara um texto ao assunto (v. aqui). Sei que a frase soa um pouco "à-la-João-Carlos-Espada", mas juro que a intenção não é essa... A peça que o jornal americano edita é curiosa e alude às origens humildes do clube da Luz. Mas tem mais. Uma tradução do hino, composto pelo dirigente benfiquista Paulino Gomes Júnior. As jumping poppies são as papoilas saltitantes com que termina a letra.

Aqui fica também o quadro Primavera, pintado em 1882 por Silva Porto (1850-1893). Porque começou há pouco a estação, porque gosto de Silva Porto. E porque o quadro tem papoilas. Ainda que pouco saltitantes.

Primavera faz parte da coleção da Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves:
http://www.cmag.imc-ip.pt/




I’m from Benfica / It fills me with pride /I have in me the spirit / That allows common greatness /



I’m from a brave club / That in the hardest of the battles / A rival has never met / In this Portugal of ours /



Being from Benfica / Is having in your soul / The mighty flame / That conquers /



It lifts you to the immense light / From the sun, that high in the sky / Smiling gently kisses / Full of pride /



The very bright shirts / Vibrating through the fields / Like jumping poppies


quinta-feira, 29 de março de 2012

RAYO VALLECANO

A que propósito vem a referência ao clube de futebol do popular bairro de Vallecas, em Madrid?

É que o plantel do Rayo Vallecano, fiel às raízes operárias da sua massa associativa, resolveu aderir à greve geral de hoje.

Alguém me arranja uma proposta para sócio do Rayo Vallecano?

MUSEU DE MOURA - Nº 10: MOEDA DE D. JOÃO V

Termina aqui esta série em torno do Museu de Moura. Numa sucessão pautada pela cronologia encerro no século XVIII. Com uma invulgar moeda em ouro, de D. João V, encontrada em circunstâncias insólitas: fazia parte do enchimento de um muro relativamente recente (finais do século XIX) da alcáçova do castelo de Moura. Quando o muro foi desmontado apareceu, de forma inesperada, a moeda. Não é caso único. Durante a campanha de 2011 recolheu-se, também no interior de um muro, um objeto fálico, cujo uso e explicação será motivo de abordagem datalhada na monografia em preparação.

quarta-feira, 28 de março de 2012

MILLÔR FERNANDES (1923-2012)


O mundo da cultura ficou mais pobre com o desaparecimento de Millôr Fernandes. Um lugar-comum? Decerto. Mas nem por isso menos verdadeiro. E não é só o Brasil a sentir essa perda. Millôr Fernandes tinha em Portugal uma legião de admiradores.

Comecei a lê-lo e a vê-lo há perto de 40 anos, em publicações brasileiras que o José comprava com regularidade. Na altura, não percebia parte do que dizia, mas nunca mais deixei de seguir as suas charges, ácidas, impiedosas e certeiras. Ou de ler os seus poeminhas cinéticos, um pouco no estilo de E.M. Melo e Castro.

Millôr Fernandes partiu. São Pedro deve estar a ter um dia difícil...

Era um homem bem vestido
Foi beber no botequim
Bebeu muito, bebeu tanto
Que
s
aiu
d
e
l
á
a
ssim.
As casas passavam em volta
Numa procissão sem fim
As coisas todas rodando

O moço entra apressado
Para ver a namorada
E é da seguinte forma
escada.
a
sobe
ele
Que
Mas lá em cima está o pai
Da pequena que ele adora
E por isso pela escada

ele

embora.

ONTEM, NA LUZ

O jogo não teve o resultado que eu gostaria. Mas foi um final de dia completo, com bifanas antes (numa relote) e depois (em Vendas Novas). Cigarros à mistura, cachecol (que tirei da naftalina) e o hino do Benfica, uma canção imortal na voz do mourense Luís Piçarra (ouvir aqui). Falta-me a experiência radical de ver um jogo no setor 11 ou 12. Um dia destes será.

O facto que mais me impressionou foi a tremenda ovação que David Luiz ouviu, antes e depois do jogo. Há jogadores que a Luz nunca esquece. Durante o jogo, David Luiz mostrou porquê.

O Benfica perdeu? Não perdeu, como dizia o inesquecível Artur Semedo. Que repetia, sempre: "o Benfica nunca perde; às vezes não ganha".

Fotografia do intrépido repórter André Linhas-Roxas

terça-feira, 27 de março de 2012

NATUREZA MORTA Nº 4


Enquanto a Noite, a Folhagem

Enquanto a noite paira e obscura
olha quem a pede ou nela já gravite,
dorme a folhagem, calma, e o seu sossego
– tal um deus a empunhar um leque bem aberto –
é uma frondosa auréola que deslumbra.

Enquanto a noite singra em seus domínios,
em seus renques de sombra, em suas mãos
de lisas, fulminantes lâminas,
alastra a folhagem sua íntima
rede de suster a dor humana.

Enquanto ergue a noite os seus andaimes,
suas paredes densas de negrume,
agita se a folhagem como parte
da liberdade posta num estandarte
ou num regato – centro da frescura.

Enquanto a noite avança e faz sua descida
até ao respirar da morte, ao escurecer do tempo,
a verde cabeleira (já explodida
em cada novo cio de primavera)
vem junto a nós marcar o seu encontro.

Enquanto a noite pesa ou é a bruma
(um óleo de subtil e estranha guerra),
respira a folhagem que circula
entre o clamor do sim que está em tudo
e o sabor do fim que sobrenada.

Enquanto a noite vem, vem a folhagem
dar luz à própria noite e não a larga.


Não tenha a certeza que esta natureza-morta, com um prato de fruta e um bandolim, de Juan Gris (1887-1927) tenha uma ligação direta com o poema de João Rui de Sousa (n. 1928). A não ser pelo facto, pessoal, de ver um tom noturno na maior parte das naturezas-mortas.

segunda-feira, 26 de março de 2012

DEVE SER NOVA MODA...

Agora é um anúncio de um shampoo, na Turquia...

Decididamente, Einstein tinha razão.

domingo, 25 de março de 2012

ESQUERDA ANDALUZA

São razões políticas e, também, sentimentais que me levam a saudar a espetacular subida da Izquierda Unida na Andaluzia. Duplica a representação no parlamento regional e contribui para impedir que a direita chegue ao poder.

A IU é dirigida na região pelo comunista Diego Valderas. Duvido que histórias antigas estejam esquecidas, mas a verdade é que PSOE e IU somam 59 lugares e têm maioria absoluta. Vaderas já está habituado a negociações...

CINQUENTA ANOS DEPOIS

Tanto quanto pude ver pelo Expresso de ontem, é António Ribeiro, catedrático de Geologia, o nº2 e não Jorge Santos. Detalhe à parte, o importante é sublinhar o papel fundamental da crise académica de 1962 no declínio do regime fascista. A revolta já não era só coisa dos comunistas. Havia moderados, católicos, filhos da pequena burguesia urbana, a necessidade da mudança expressa na diversidade.

Segundo Franco Nogueira, Salazar terá dito no Conselho de Ministros: "se nada fizermos, antes de dez anos eles [os comunistas] estão sentados a esta mesa."

Outro detalhe: não foram dez anos, foram doze.

sexta-feira, 23 de março de 2012

CHEF

A recente profusão de chefs traz consigo de tudo um pouco. O tempo se encarregará de separar o trigo do joio. Fui há tempos a um restaurante, razoavelmente pretensioso, interessante mas não excecional do ponto de vista gastronómico, onde os pratos eram objeto de uma explicação com mais de pompa que de substância. Perguntei à minha companhia de mesa "viste o filme Os novos monstros?". Não tinha visto. Expliquei-lhe sumariamente o sketch do restaurante. I segreti del cuoco? Acho que os pratos de alguns grandes chefsdevem ser feitos assim:



O filme Os novos monstros é uma obra-prima da comédia italiana. Data de 1977. Foi realizado a três mãos (Ettore Scola, Dino Risi e Mario Monicelli). Recordo, particular, duas cenas: esta e a do elogio fúnebre, proferido por Alberto Sordi. Ambas dirigidas por Scola. Passará por aqui, um destes dias.

quinta-feira, 22 de março de 2012

FOSFENISMO

No Público de hoje:

Uma lâmpada pode melhorar comportamentos e resultados escolares? Os adeptos do fosfenismo - que associa o pensamento à reacção à luz - acreditam que sim.

Os ecos chegaram à Escola Básica do 2.º e 3.º ciclos de Arazede (freguesia rural do concelho de Montemor-o-Velho), que decidiu esta ano aplicar esta técnica alternativa, que não está aprovada pela autoridades de saúde, a alunos com dificuldades de aprendizagem e de comportamento.

Para a chamada conjugação fosfénica é preciso que o aluno se sente a curta distância de uma lâmpada e que a fixe durante curtos períodos de tempo. Depois apaga-se a lâmpada e surgem os fosfenos: manchas luminosas que variam de cor, de amarelo a azul. Os pensamentos que devem ser mobilizados em simultâneo são distintos consoante as disciplinas em que os alunos têm dificuldades. Se for Matemática, pensa-se numa fórmula, se for Português, numa palavra ou numa construção gramatical, etc.


A escola suspendeu ontem o projeto, que é francamente alternativo. É pena, porque assim ficamos sem saber se resulta ou não. Se não resulta, é uma barraca. Mas se resulta, lá vai a Pedagogia para o galheiro. Ficar na dúvida é uma coisa terrível.

Ancião tentando resolver uma equação cúbica enquanto olha uma lâmpada pré-fosfénica

EXATAMENTE!

quarta-feira, 21 de março de 2012

A POESIA TUDO RESUME

David Hockney e Nuno Júdice resumem os dias melhor que eu.



Confissão

De um e outro lado do que sou,
da luz e da obscuridade,
do ouro e do pó,
ouço pedirem-me que escolha;
e deixe para trás a inquietação,
a dor,
um peso de não sei que ansiedade.

Mas levo comigo tudo
o que recuso. Sinto
colar-se-me às costas
um resto de noite;
e não sei voltar-me
para a frente, onde
amanhece.

PAÍS INVISÍVEL

Haverá segunda volta, na Guiné-Bissau, entre Carlos Gomes Júnior (Cadogo) e Kumba Yalá. Mas o assunto anda desaparecido na comunicação social portuguesa. A informação na Lusitânia tem razões e opções que a razão desconhece. Mas é um alheamento estranho. Lá isso é.

terça-feira, 20 de março de 2012

PONTO DE NÃO RETORNO

Deixámos o campo das insinuações, das gravações, das escutas e das suspeitas. A afirmação de Augusto Ferreira do Amaral é de uma gravidade extrema: o então ministro do ambiente, José Sócrates, teria exigido o pagamento de 500 mil contos (2,5 milhões de euros) para aprovar o licenciamento do projecto do Freeport. Atingiu-se um ponto de não retorno. A verdade torna-se, mais que nunca, um imperativo. E alguém terá de ser severamente punido. Quem eventualmente esteja a mentir, quem eventualmente tenha recebido luvas, quem tenha caluniado, quem... Sob pena da caricatura da república das bananas nos assentar como uma luva.

BASTARDOS!

Vem este post a propósito de erros de tradução, tema a que me referi há dias. Gerald Templer (1898-1979), militar britânico que se notabilizou como alto-comissário na Malásia, foi protagonista (e vítima) de uma divertida truncagem de palavras. O episódio passou-se durante a luta, ocorrida na Malásia, entre a guerrilha e as tropas coloniais britânicas. Em determinada ocasião, um grupo de guerrilheiros conseguiu apoderar-se de um número significativo de armas, ante a complacência dos aldeões chineses, mais interessados em salvar a pele que em intervir. Um furioso Templer deslocou-se ao local, acompanhado de um tradutor. Não perdeu tempo a invectivar os aldeões: "You're a bunch of bastards!". Um dos presentes, que sabia chinês, ouviu o tradutor dizer, com fleuma oriental: "Sua Excelência tem a informar que sabe que as vossas mães e os vossos pais não eram casados quando vocês nasceram". Templer apontou de seguida para a espantada audiência e declarou "You may be bastards, but you'll find out that I can be a bigger one". O tradutor prosseguiu, no mesmo registo, "Sua Excelência admite, contudo, que o seu pai não estava casado com a sua mãe quando ele nasceu".

Tanto quanto se sabe, a carreira de Gerald Templer não sofreu grandes danos depois deste espantoso episódio.

segunda-feira, 19 de março de 2012

CURVILÍNEOS VOLUMES



Curvilíneos volumes se consultam
e concluem:
Beleza é redundância.

Podia ter usado a conhecida imagem de Cranach, mas preferi a suposta "imperfeição" de Rubens. E a fotografia de um autor que tantas vezes se inspirou nos cânones clássicos, dando-lhes, sempre, um tom sulfuroso... E as palavras de Carlos Drummond de Andrade. É uma boa maneira de começar a semana.

domingo, 18 de março de 2012

MUSEU DE MOURA - Nº 9: PERFUMES DO LEVANTE

Penúltima volta pelas peças do Museu de Moura. Tal como outros exemplares anteriores, trata-se de um objeto proveniente de escavações arqueológicas recentes. Embora não esteja formalmente no inventário do museu é esse o seu local.

É uma peça - mostra-se apenas o medalhão central, com a representação de uma gazela - a vários títulos surpreendente. Surgiu na Mouraria de Moura, numa lixeira que deu materiais coerentes do ponto de vista cronológico (segunda metade do século XIV). O que surpreende? As três peças de luxo oriundas do levante peninsular, todas elas de decoração espampanante. Porque surpreende? Porque a comunidade muçulmana local era, teoricamente, um grupo social economicamente empobrecido. E que, portanto, não deveria ter meios para fazer a encomenda de materiais deste género. Um motivo de reflexão que será devidamente abordado na publicação.

As peças estão a ser desenhadas e estudadas. Haverá catálogo, lá para o final do ano. De três autores: Vanessa Gaspar, José Gonçalo Valente e Santiago Macias.

TÓPÊ

Afinal, o autor da magnífica fotografia é o meu amigo Tópê (António Pedro Ferreira). A informação chegou via SMS remetida pelo Alberto Frias. Tive a oportunidade e a sorte de poder trabalhar com os dois.

sábado, 17 de março de 2012

EM PORTUGAL NUNCA NOS ABORRECEMOS... (parte 2)

Agradeçamos ao Dr. Pedro Santana Lopes os momentos de descontração que hoje nos proporcionou ao anunciar, em entrevista ao Expresso, que não rejeita a possibilidade de ser candidato presidencial. Em momentos de crise e em dias cinzentos estas coisas são sempre uma benção dos céus...

Santana Lopes, um melómano confesso, tocou ainda o My Way num piano. Infelizmente, os jornalistas não esclarecem se PSL executou alguma das conhecidas e tão apreciadas sonatas para piano de Paganini.

SKA

Post revivalista. Há maneiras piores de começar o dia. Auto-estrada fora, pouco depois das 7, tive direito a um ska tardio na Antena Um (v. aqui). Ska? Sim, um percursor do reggae, uma música saltitante e rápida. Coisas de há 30 anos, quando me entretive a coleccionar os discos dos Specials, dos Madness, dos Selecter, dos Beat e por aí fora. Não tenho a certeza, mas creio que o que mais me agradava era o tom circense das músicas. Aborrecidas não eram, de certeza.

Dos hábitos dessa época ficaram-me apenas um rum ocasional e as camisas de cores vivas. Que alguns amigos consideram de "gosto duvidoso". Não estou de acordo, claro. Uma passagem recente por Bissau permitiu-me renovar o stock.

sexta-feira, 16 de março de 2012

JOSÉ MATTOSO - A PROPÓSITO DE ACERVOS PATRIMONIAIS

Foi uma jornada emocionante e de sentimentos fortes. De manhã até à noite. A equipa de bibliotecários do Campo Arqueológico de Mértola (Filipa Medeiros, Armanda Salgado, Paula Rosa, Bruno Almeida) organizou um excelente encontro sobre Acervos patrimoniais: novas perspetivas e abordagens. O ponto de partida foi a generosidade de José Mattoso, que doou ao Campo Arqueológico de Mértola a sua extraordinária biblioteca pessoal. Isso foi o ponto de partida. O dia foi uma sucessão de intervenções de grande nível, que permitiu perceber a importância do discreto e fundamental trabalho daquela equipa.

Foi gratificante poder encontrar pessoas que admiro como Bernardo Vasconcelos e Sousa, Amélia Andrade, Fernanda Campos, Eunice Pinto, Ana Paula Gordo ou Paulo Leitão. Foi bom rever a Rosa Barreto, ao fim de 20 anos. E estar de novo com o Luís Filipe Oliveira.

Mas foi especialmente gratificante ver associados a este evento Jorge Sampaio, Teresa Patrício Gouveia ou José Mariano Gago. Vieram de longe prestar homenagem a uma personalidade excecional da cultura portuguesa, num gesto de amizade e de gratidão. O mesmo em que estiveram presentes João Sentieiro e Francisco Sepúlveda Teixeira, até há pouco responsáveis pela FCT e homens com a perceção da importância do apoio a projetos culturais. Foram também significativas as participações do Presidente e da Vereadora da Cultura da Câmara de Mértola.

Poder estar junto a um antigo professor (José Mattoso orientou, em 1990/91, um seminário do meu mestrado em História Medieval) de grande qualidade humana e científica é um privilégio raro. Ouvi-lo dizer-me, à despedida, "não te esqueças da componente social do ofício do historiador; a investigação só não chega" deixa-me matéria de reflexão para sábado e domingo. Pelas razões que ele bem sabe. E por outras que intui...

José Mattoso em Mértola, numa magnífica fotografia cujo autor desconheço

quinta-feira, 15 de março de 2012

AINDA O FREEPORT


Interessante a visão apresentada pelo ex-presidente da Câmara de Alcochete, Miguel Boieiro (v. aqui). Não deve andar muito longe da verdade... No fim de contas, estas coisas, vistas pelo lado lúdico, não deixam de ter a sua graça.

NATUREZA MORTA Nº 3


XVI
Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada,
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.
Eu não tinha que ter esperanças — tinha só que ter rodas…
A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco…
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.

Marc Chagall e Alberto Caeiro. O pintor onírico e o poeta bucólico. Prossegue a série das naturezas mortas e dos poetas de língua portuguesa.

DIZAIN CRISE 2012

"Sôr engenheiro, já não temos sinais daqueles que precisamos na obra".

"Não? Fonix, não sei o que é que fazem à merda dos sinais... Olhe, desenrasque-se..."

Eis o resultado:


Obras nas Ruas Conde de Almoster e Carolina Michaelis de Vasconcelos (Benfica, Lisboa),
no passado sábado, às 8.40

quarta-feira, 14 de março de 2012

O ENVER HOXHA DA AVENIDA DA PENSILVÂNIA

Ninguém fala das primárias do Partido Democrático na corrida para a Casa Branca.

Acontece que as ditas existem. E Barack Obama lidera com mais de 90% dos votos. 90%? Ora bolas, eu pensava que essas votações eram exclusivo de outros territórios... O mundo já não é o que era.

SALAZAR - MARCA COMERCIAL

João Lourenço, Presidente da Câmara de Santa Comba Dão

Dos jornais de hoje:
Salazar vai ser marca registada para potenciar a economia do concelho que viu nascer o antigo Presidente do Conselho, Santa Comba Dão, e um dos primeiros produtos com esse cunho será o vinho "Memórias de Salazar".

António de Oliveira Salazar nasceu no Vimieiro, a 28 de Abril de 1889, onde está também sepultado, mas a ideia de recorrer à “marca Salazar” para o desenvolvimento do concelho, como explicou à Lusa o presidente da autarquia, João Lourenço (PSD), “não pretende alicerçar-se no saudosismo nem nas romarias da saudade” em relação ao antigo ditador.

“A nossa é sempre uma perspectiva objectiva e histórica, porque os juízos de valor não têm de ser feitos pela autarquia, têm de ser as pessoas, os historiadores, os investigadores [a fazê-los]. Nós temos apenas de demonstrar a nossa convicção de que o que estamos a fazer é útil para o concelho e para a região. E se temos um vinho “Memórias de Salazar” é porque sentimos que as pessoas procuram essa ligação quando nos visitam”, disse o autarca.

A criatura diz isto com aparente e cândida convicção. Vale a pena citar Albert Einstein:
Two things are infinite: the universe and human stupidity; and I'm not sure about the the universe.

terça-feira, 13 de março de 2012

THE GENERAL

Este excerto do filme The general (Pamplinas maquinista) é apenas uma amostra do que a obra nos reserva. Baseada em factos reais, retrata Buster Keaton (1895-1966) numa das suas facetas preferidas, a de herói solitário e improvável. Um pouco ao estilo de Woody Allen, o desajeitado maquinista conquista, neste e noutros filmes, o coração das mulheres mais belas. Coisa que só funciona na tela... O filme está disponível, na íntegra, em vários formatos.

Rodado em 1926 com um grande orçamento, revelou-se um fiasco comercial. Coisa que tenho dificuldade em entender. Por seu turno, o fim do mudo marcou também o fim do estrelato de Buster Keaton.

EM PORTUGAL NUNCA NOS ABORRECEMOS...

Nunca, mesmo. No meio de vinte e quatro horas algo agitadas, entre Coimbra, Lisboa e Mértola, dois assuntos levados a sério na Pátria contribuiram para verdadeiros momentos de descontração.

1) Aquela de fazer um campeonato em que ninguém desce não lembra ao diabo. Razão têm Luís Duque e o Sporting para porem em causa a legitimidade e legalidade da invenção da Liga de Futebol.

2) Mais divertida ainda foi a intervenção de Pedro Reis, da AICEP, no sitcom Prós e Contras. Falou se tivesse acabado de inventar o comércio externo. O ar malandreco de Basílio Horta valia por um compêndio de respostas...

segunda-feira, 12 de março de 2012

MORTE E VIDA DA NACIONAL 1 - SUBSÍDIOS PARA UM ESTUDO DE ANTROPOLOGIA AUTOMOBILÍSTICA

Em tempos que já lá vão passava-se por dentro de Coimbra. E por dentro de Águeda. Ir de Lisboa ao Porto de carro era uma aventura que implicava a montagem de uma logística. E recarregar as baterias com uma dose suplementar de paciência.

Os dinheiros da Europa acabaram com isso. A A1 levou a um quase abandono da velha estrada, cujas margens eram um centro comercial ao ar livre, onde quase tudo se podia comprar, no meio de um caos de vivendas, de passagens de peões, de semáforos e de retas perigosíssimas.

A subida vertiginosa das portagens é a segunda vida da velha Nacional 1. Hoje, saí em Leiria e fiz o caminho pela estrada antiga. Podia dar-me para pior... Um verdadeiro regresso ao passado, por entre pesados, BMW que mudaram de via mas não de velocidade, paragens sem aviso prévio e as inevitáveis casas de sandes.

Quando passei a Condeixa olhei o retrovisor: a caravana de ligeiros e de pesados perdia-se no horizonte. Voltámos, depois de anos de ilusão aos velhos hábitos. E aquilo que efetivamente somos. A Nacional 1 é o espelho de todos nós.


domingo, 11 de março de 2012

MUSEU DE MOURA - Nº 8: ARQUETA ISLÂMICA

Não é a primeira vez que estas extraordinárias peças são mostradas no blogue (v. aqui). Fazem parte da minha escolha pessoal para um percurso pelo Museu de Moura.

A figuração é simples: a peça é marcada pela presença central de uma rosácea de laçaria ladeada por duas figuras humanas (numa das faces é apenas visível uma delas). Os círculos das rosáceas eram desenhados a compasso, sendo depois as figuras esboçadas a tinta ou com traços de manganés com um pincel, preenchendo-se o resto com pigmentos.

Há paralelos para as representações nas cerâmicas de Murcia e de Ceuta. Os painéis, que revestiam uma pequena arca em madeira, datam de finais do século XII ou inícios do século XIII.


sábado, 10 de março de 2012

O MOMENTO VERA LAGOA DAS AUTARQUIAS

O Governo prepara-se para extinguir um apreciável número de freguesias. A decisão é uma desgraça e contribuirá para desertificar um interior com pouca saúde.

Há, porém, uma nota divertida no meio disto. A ANAFRE (Associação Nacional de Freguesias) prepara uma manifestação para dia 31 de março. E convida as "forças vivas" das freguesias a apresentarem-se em trajes regionais.

Prevejo mais duas manifestações: uma em vestido de noite, outra em fato de banho.

sexta-feira, 9 de março de 2012

"PRECISO DE UMA ALÇA DE SOUTIEN PARA A MINHA MÁQUINA FOTOGRÁFICA, SE FAZ FAVOR"

As traduções diretas são uma desgraça. E uma praga, sobretudo na imprensa. Há dias, vi, a propósito da cantora Rihanna, a expressão rude boy ser traduzida como "rapaz rude"... A expressão tem um significado concreto (marginal jamaicano) que a jornalista desconhecia.

Ninguém está livre destas coisas. Eu que o diga. Há muitos anos, depois de ter comprado a minha M6 em segunda mão, voltei à loja para adquirir uma correia para a máquina. Com toda a convicção pedi "je voudrais une bretelle pour mon appareil photo". Tradução direta: "quero uma alça de soutien para a minha máquina fotográfica" ou "preciso de uns suspensórios para a minha máquina fotográfica". O senhor da Maison du Leica sorriu e esclareceu "courroie, on dit courroie, monsieur Máciáss". Não me esqueci. Aquela ideia do dirty hungarian phrasebook deve ter tido origem em coisas destas.

A casa ainda existe. Continua a vender obras de arte, mas menos que noutros tempos:
http://www.lamaisonduleica.com/

quinta-feira, 8 de março de 2012

OS LAGARES SÃO COMO AS CEREJAS...

Como as cerejas, porque nesta Cova da Beira as cerejas têm tanta qualidade como o azeite.

Andamos, desde há semanas, a cerzir a próxima OLIVOMOURA, que terá lugar entre 10 e 13 maio. Hoje estivémos entre a Vidigueira, Portel, Évora, Estremoz, Castelo Branco e Fundão. Bons contactos, no meio de gente simpática. A receção na Associação de Produtores de Azeite da Beira Interior foi verdadeiramente fraterna. E terei de estar no dia 29 de junho em Vila Velha de Rodão. Isto promete...

A PROPÓSITO DE SOFÁS - 2/7

Amadeo Modigliani e Carlos Drummond de Andrade. Não ligo nada a isto do Dia da Mulher, mas ok, assim parece-me bem...

SAGRAÇÃO

Rocinante
pasta a erva do sossego.

A Mancha inteira é calma.
A chama oculta arde
nesta fremente Espanha interior.

De giolhos e olhos visionários
me sagro cavaleiro
andante, amante
de amor cortês a minha dama,
cristal de perfeição entre perfeitas.

Daqui por diante
é girar, girovagar, a combater
o erro, o falso, o mal de mil semblantes
e recolher, no peito em sangue,
a palma esquiva e rara
que há de cingir-me a fronte
por mão de Amor-amante.

A fama, no capim
que Rocinante pasta,
se guarda para mim, em tudo a sinto,
sede que bebo, vento que me arrasta.

quarta-feira, 7 de março de 2012

REGENERAÇÃO URBANA: ZONA DOS QUARTÉIS

A zona dos Quartéis (frente e verso, se a expressão me é permitida), em Moura, às 8.25 de hoje. O edifício em si é obra do início do século XVIII. Propriedade municipal foi, durante muitos anos, uma improvisada zona habitacional. Há uns anos deu-se arranque ao programa de reabilitação desta zona da cidade.


Vale sempre a pena recordar estas cronologias:

2004/5 – Realização do projeto de arquitetura de reabilitação do edifício

3.8.2005 – Abertura de concurso para a reconversão da cobertura do edifício dos Quartéis

28.10.2005 – Adjudicação da obra de reconversão da cobertura do edifício dos Quartéis à MONUMENTA: 97.177,32 € + IVA – prazo de execução: 3 meses

27.9.2006 - Aprovação do projeto do edifício

12.3.2008 - Abertura de concurso limitado para o projeto de arranjos exteriores

2.7.2008 - Lançamento da empreitada para a reabilitação do edifício

8.10.2008 - Adjudicação do projeto de arranjos exteriores à PROAP

19.11.2008 – Adjudicação da obra dos Quartéis à MIU: 718.700 € + IVA - prazo de execução: 5 meses

22.9.2010 - Lançamento da empreitada para a execução da obra dos arranjos exteriores da zona dos Quartéis

29.12.2010 – Adjudicação da obra dos arranjos exteriores dos Quartéis à VIBEIRAS: 725.876,71 € + IVA - prazo de execução: 3 meses

Um processo complexo, que envolveu ainda operações de loteamento, cedências de terrenos e candidaturas a fundos comunitários. Para dificultar ainda mais, a empresa MIU entrou em processo de falência, o que levou à paragem da obra. O novo concurso vai agora ser lançado, depois de vencido um mar de burocracias e de ultrapassados os estúpidos e anacrónicos procedimentos a que somos obrigados.

No meio disto, aparece a troika e medidas cada vez mais restritivas, em termos financeiros. Mais e mais normas, mais e mais obstáculos. Nada disso nos fará parar. Com maior ou menor dificuldade, com mais tempo de concretização do que gostaríamos, chegaremos ao fim do percurso. A obra em execução prova-o.



BOM ALUNO, MAU EXEMPLO

O preocupante é dizerem que fazemos tudo bem mas que está tudo mal.

É também curioso que os títulos do artigo mudem consoante o local de publicação. No New York Times era Portugal's debt efforts may be warning for Greece (v. aqui). Uns dias depois o mesmíssimo texto era publicado no Le Figaro com o título Le Portugal, bon élève mais mauvais exemple. O paternalismo gaulês no seu melhor. Embora o texto do jornalista americano mereça ser lido com atenção. É que, apesar de estarmos numa atitude comportadinha e submissa, isto da troika não está a dar resultado...



terça-feira, 6 de março de 2012

NATUREZA MORTA Nº 2

Depois da luta e depois da conquista
Fiquei só! Fora um ato antipático!
Deserta a Ilha, e no lençol aquático
Tudo verde, verde, - a perder de vista.

Porque vos fostes, minhas caravelas,
Carregadas de todo o meu tesoiro?
- Longas teias de luar de lhama de oiro,
Legendas a diamantes das estrelas!

Quem vos desfez, formas inconsistentes,
Por cujo amor escalei a muralha,
- Leão armado, uma espada nos dentes?

Felizes vós, ó mortos da batalha!
Sonhais, de costas, nos olhos abertos
Refletindo as estrelas, boquiabertos...


Um poema, de Camilo Pessanha, em tom de luta e de conquista. Um quadro, de Roy Lichtenstein, onde manda o vermelho. Esta noite parece-me bem.

segunda-feira, 5 de março de 2012

ISTO NÃO ANDA TUDO LIGADO...

De manhã, pedi um pastel de nata numa pastelaria em Sousel.

À tarde, Álvaro Santos Pereira não se demitiu.

Nada de conclusões precipitadas ok?

PADILLA

Ficou ontem claro porque lhe chamam o ciclone de Jerez. Padilla não será o mais clássico nem o mais elegante dos toureiros. Mas, Deus meu!, tem coragem e raça de sobra. Ontem isso ficou patente. Há coisas que resultam espetaculares - a larga cambiada, os muletazos no estribo ou de joelhos - e que alguns não apreciam em especial. Mas que revelam coragem e destemor. Isso viu-se bem no quarto touro da tarde.

Mas houve mais coisas bonitas na tarde de Olivença. Em especial o cante flamenco espontâneo, de louvor e admiração a Padilla, que em duas ocasiões saiu dos tendidos e interrompeu a faena, ante a complacência do matador. No final do improvisado momento musical a praça quase veio abaixo.

Há momentos mágicos? Há. O tércio de bandarilhas a três, a música improvisada e a lide do quarto da tarde fazem parte desses momentos. E ainda que Padilla não seja o mais elegante dos toureiros de certeza que me vai levar a algumas praças do sul durante este ano.

Da crónica do Mundotoro:
Plaza de Olivenza. No hay billetes. Toros de Núñez del Cuvillo, el tercero como sobrero. Juan José Padilla, oreja y oreja; Morante de la Puebla, oreja y silencio; José María Manzanares, oreja



domingo, 4 de março de 2012

UM POUCO DE "AVANT-GARDE" NO SÉC. VII D.C.

A escrita de textos sagrados sobre osso não é novidade no mundo islâmico. Há, em Portugal, cerca de duas dezenas e meia de peças - normalmente omoplatas de bovídeos -, das quais a melhor conservada é a das escavações arqueológicas de Moura. No oriente, estas inscrições são comuns em ossos de camelo. Na China há também coisas semelhantes.

O Instituto do Mundo Árabe tem agora em exposição - não me recordo de a ter visto antes - esta extraordinária peça, com escrita e decoração de causar inveja a qualquer artista contemporâneo. Infelizmente, a vitrine não tem tabela informativa e o catálogo ainda não saiu, "il va sortir", foi a única coisa que me conseguiram adiantar. Pelo sim, pelo não, envio um mail na segunda-feira a um contacto no IMA. Mesmo que já não se lembre de mim, alguma coisa me dirá...

DEJEJAMOLHES

O "livro dos discursos" dos aviões é sempre um manancial. Foi depois daquela parte da ginástica sueca do "duas saídas à retaguarda, quatro saídas sobre as asas etc.". Para evitar confusões (v. aqui) os voos da Air France para Lisboa têm, por norma, uma gravação. A voz, em português escorreito, é de uma luso-francesa. Que diz "em nome da Air France, dejejamo-lhes boa viagem". Tenho a certeza que estas partes de animação estão incluídas no preço do bilhete.