quinta-feira, 15 de março de 2012

NATUREZA MORTA Nº 3


XVI
Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada,
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.
Eu não tinha que ter esperanças — tinha só que ter rodas…
A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco…
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.

Marc Chagall e Alberto Caeiro. O pintor onírico e o poeta bucólico. Prossegue a série das naturezas mortas e dos poetas de língua portuguesa.

1 comentário:

Lucrecia disse...

Bonito quadro.Lindo Alberto Caeiro.