terça-feira, 10 de abril de 2012

FASCISMO, SEMPRE! 25 DE ABRIL, NUNCA MAIS!

Texto publicado passado mês de março no Campanário do Vale do Roxo, edição da paróquia de Ervidel:


A PROEZA DE MUDAR A REALIDADE E A HISTÓRIA MUDANDO OS NOMES AS OBRAS E SEUS AUTORES...

Uma das grandes proezas de alguns campeões do 25 de Abril e de outros 25 de Abril por esse mundo é mudar os nomes às obras. Pensam eles que assim mudam a realidade e a história de Portugal ou do mundo. Esses ditos campeões hão-de morrer, como toda a gente, e depois deles virá quem reporá os nomes no devido lugar. É apenas uma questão de tempo. Exemplos não faltam por esse mundo fora.

A cidade russa de São Petersburgo, depois da revolução, foi rebaptizada pelos comunistas como Leningrado. A ilusão não durou 80 anos. A cidade retomou o seu nome original.

Centenas de nomes de outras localidades russas e depois soviéticas tiveram a mesma sone quando acabou o comunismo.

Em grande número de fotografias de dirigentes soviéticos, todos aqueles que caíam em desgraça eram de seguida apagados das ÍotograÍias, isto é, da história...

O caso mais engraçado que conheço é o de uma fotograÍia de Mao com um grupo de pessoas numa das suas digressões pela China. Como alguma dessas pessoas não ficaram na fotografia a sorrir de felizes, foram retocadas para ficarem a mostrar as dentuças e assim exibirem a sua felicidade de estarem ali com o Presidente Mao.

O desrespeito pela história, eliminando as suas figuras reais e proeminentes, também se tornou moda em Portugal com o 25 de Abril.

Há meia dúzia de anos, a convite dele próprio, dirigi-me ao gabinete de um ministro da educação, com o fim de lhe dar umas dicas, de que aliás o tipo bem precisava. Acção frustrada pois ele não percebeu patavina da mensagem e manteve o sistema de ensino na miséria que todos conhecemos.

Com a sensação de frustração por missão não cumprida, lá dei a sessão de terapia por terminada. Então ele teve a amabilidade de me acompanhar à porta. Ao despedir-me dele, reparei num quadro que estava atrás da sua própria secretária e disse-lhe:

- Tens ali o retrato de Nun’Álvares.

Ao que o Ministro da Educação de Portugal (da educação de Portugal!) responde:

- Tenho de tirar dali o gajo, que não gosto de beatos atrás de mim.

E assim uma das cinco maiores figuras da história de Portugal é apagada pelo próprio Ministro da Educação (da educação de Portugal!).

Com o PREC, o 25 de Abril veio fazer revisões da história às dúzias.

A Ponte Salazar passou então a chamar-se Ponte 25 de Abril. E assim, quem a construiu deixou de ser Salazar para ser um desses inteligentes da brilhante data, talvez o Otelo, qualquer um dos Vascos ou o Rosa Coutinho.

A Barragem Salazar, em Alcácer do Sal, passou a chamar-se Barragem Dr. Francisco Gentil.

A Fundação Salazar. criada por particulares (por particulares!) em 1969 e que, com dádivas e heranças desses particulares, construía casas para famílias pobres. fui dissolvida e os seus bens espalhados por várias instituições.

Em Lisboa, a Avenida 28 de Maio (a data ern que, em 1926, o ExérciÌo acabou com as bombas, os assassinatos e a desordem financeira) passou a chamar-se Avenida das Forças Armadas (as que produziram o sistema político corrupto e ruinoso em que estamos). E também em Ervidel a Rua 28 de Maio passou a chamar-se Rua 25 de Abril.

A Emissora Nacional passou a chamar-se Radiodifusão Portuguesa.

O Ministério do Interior passou a chamar-se Ministério da Administração Interna – “interior” cheirava a “fascista”.

A PIDE passou a chamar-se SEF e SIS, agora controlados pelo novo poder, a maçonaria.

E – chegados ao ponto – a Barragem Engenheiro Arantes e Oliveira – pelos vistos nome maldito! – passou a chamar-se Barragem do Roxo.

Quem mudou o nome à obra e ao seu autor ficou feliz de lhe colocar a máscara. Mas a realidade permanece. E, tal como São Petersburgo, lá há-de vir o dia de chamar verdade à verdade.


Heduíno Gomes



Quem é Heduíno Gomes?
Nem mais nem menos que o antigo líder do Partido Comunista de Portugal (marxista-leninista) e da Aliança Operário-Camponesa. O "renegado Vilar", na visão de outros grupúsculos maoistas. Ainda assim, Heduíno foi recebido por Mao, distinção recusada a demais dirigentes maiostas lusitanos. Era Heduíno que proclamava "cada deputado eleito pela AOC será uma espinha cravada na garganta de Barreirinhas Cunhal", inesquecível slogan do pós-25 de abril. Recorde-se, aliás, que Heduíno elegia o PCP, e o seu "social-imperialismo", como alvo principal. Há coisas que anunciam o futuro...
Os anos passaram e Heduíno mudou de vida. Aderiu ao PSD e tornou-se empresário da mulher, a cantora Ana Faria.
É co-autor de um blogue que faz as posições políticas do PSD parecerem de extrema-esquerda e o presidente Cavaco Silva um perigoso comunista...
A dúvida final: quem serão os outros quatro grandes portugueses?

Um agradecimento, do fundo do coração, para o meu amigo Carlos Lopes Pereira, que me fez chegar esse arauto da democracia que dá pelo nome de Campanário do Vale do Roxo.
Sobre a atividade política de Heduíno Gomes, também Vilar, veja-se o blogue de José Filipe Murteira: http://notasaesquerda.blogspot.pt/


Símbolo do AOC
"Vota no castelo! Vota AOC!"

2 comentários:

M Gonçalves disse...

Curioso... :)

Anónimo disse...

Pequena nota histórica: a lista de subscritores dos candidatos da AOC às eleições costitucionais (ou primeiras legislativas), pelo distrito de Évora foi feita na sede do ...Partido Socialista de Évora. Coisas...que guardamos na memória...
PL