sábado, 8 de setembro de 2012

ALEXANDER MACKENDRICK - 8.9.1912

Alexander Mackendrick nasceu há exatamente cem anos. A sua carreira cinematográfica não foi particularmente prolífica (apenas nove longas-metragens) nem extensa (a última obra data de 1967, quando tinha 55 anos).

Talvez o seu filme mais conhecido seja O quinteto era de cordas (The ladykillers), uma brilhante comédia da fase dourada dos Estúdios Ealing. O argumento está cheio de boas ideias e tem um final à altura. Nunca mais se me apagou da memória Mrs. Louisa Wilberforce, a velhinha que não pára de dizer "Boccherini, Boccherini", cada vez que os supostos músicos ensaiam. Trata-se de um minueto, o terceiro andamento do célebre Quinteto para cordas em Mi maior, op. 11, nº 5, G 275. Garanto que é mais agradável de ouvir (aqui) do que de dizer. Podem ver o espetáculo de interpretação dado por Alec Guiness numa das cenas do filme (aqui).

O meu filme semanal é, ainda assim, outro. É um dos meus filmes favoritos de juventude e que, por isso mesmo, tenho reserva em rever. Os nossos olhos mudam e a poesia das coisas desaparece. Trata-se de uma obra que teve dois títulos - Sammy going south (na Grã-Bretanha) e A boy ten feet tall (nos Estados Unidos) - e cujo nome português desconheço. Conta a história de um rapaz cujos pais são mortos e cuja casa é destruída durante a crise do Suez. Sammy resolve por-se, sozinho, a caminho de Durban, a mais de 6500 kms., onde vive a sua tia. As peripécias são inúmeras e Sammy going south foi fustigado por várias razões. Em particular pelo seu "paternalismo" para com os africanos. O que me ficou gravado, até hoje, não foi o paternalismo ou a procura de uma abordagem realista por parte de Mackendrick. Mas sim, e quase só, a longa jornada solitária de Sammy em direção a sul. Aqui fica a única cena que encontrei, a recordar uma outra do filme Shane. É menos onírica que a ideia da viagem, mas tem nervo. Já não se fazem filmes assim. Agora quem manda são os computadores.




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