sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

AMOR SEM SAÍDA

O João, furioso anti-comunista, fazia sempre troça das Câmaras Municipais do PC. Por questões toponímicas. Os pavilhões desportivos eram da Amizade, as ruas da Paz, os festivais da Fraternidade. Como sou amigo dele, e o João é bem mais velho, reagi sempre fleumaticamente. Até porque sempre achei que o João tinha alguma razão neste capítulo dos nomes kitsch.

No outro dia, lembrei-me dele. Andava perdido na Quinta do Conde. Encontrei a Rua da Alegria. E a da Amizade. Mais a do Sossego (!). E, claro, a da Harmonia. Bem como a poética da Saudade. Mas eu procurava, com um raio!, a Rua do Amor. Foi a mais difícil de encontrar, porque ninguém sabia onde ficava. Ao cabo de muitas voltas, lá a encontrei. É uma rua sem saída.

Ou seja, a Rua do Amor é pouco conhecida, é difícil de encontrar e não tem saída. A rapaziada da psicanálise tem nestas coisas pano para mangas.