domingo, 1 de setembro de 2013

MOURA, O DESEMPREGO, A DEMAGOGIA E OS MESMOS DE SEMPRE

Entre os sete municípios com maior taxa de desemprego contam-se cinco liderados por câmaras municipais socialistas. Deve tal facto ser motivo para um ataque a essas câmaras? À partida, não me parece que seja essa a atitude mais correta. Atribuir estas responsabilidades às Câmaras seria o mesmo que dizer que o elevado crescimento do desemprego que se tem verificado no país, resultaria do somatório das opções dos 308 municípios e não das consequências das politicas económicas e financeiras aplicadas...

Escrevo estas linhas depois de um comunicado que a comissão política local do PS fez publicar, atacando com violência, mas com pouco tino, a Câmara de Moura. Justamente por causa da alta taxa de desemprego que temos no nosso concelho. É bem sabido que as políticas de emprego dependem, em grande medida, daquilo que são as diretrizes governamentais e daquilo que são os investimentos do Poder Central. Não se torna uma região do interior atrativa encerrando postos da GNR, serviços de finanças, tribunais, correios, carreiras de autocarros, escolas, unindo freguesias etc. Ou obrigando as autarquias a extinguir postos de trabalho.

Gostaria de recordar que as políticas de cumplicidade com a troika começaram com o acordo assinado pelo Partido Socialista. Gostaria de recordar que, na sequência desse acordo, a Câmara Municipal de Moura teve cortes de mais de 4 milhões de euros. O que, naturalmente, não pode deixar de se fazer sentir nos investimentos que deixam de ser feitos e nas dificuldades que coloca à qualidade de serviços prestados às populações.

Mais do que responder a disparates importa aqui perguntar:
  • Que soluções apresentou, no domínio do desenvolvimento, para o concelho de Moura na última década e meia?
  • Que medidas concretas apresentaram os seus vereadores ao longo deste tempo?
  • Que alternativas foram criadas pelo PS, a nível regional ou local?

A resposta é, para todas as perguntas “ZERO”. O processo da central fotovoltaica e da fábrica de painéis solares são disso exemplo. Um investimento de mais de 300 milhões de euros mereceu constantes dúvidas e abstenções e votos contra em reuniões de Câmara. Um vereador do PS diria, depois, que “as tomadas de posição por unanimidade, características de países totalitários e fascistas, não me parecem ser uma mais-valia em regimes democráticos”. Parece brincadeira, mas não é. Aconteceu mesmo.

Ao longo destes anos temos, de forma empenhada, apoiado o investimento e os investidores. Através de mecanismos como o FAME ou o PRATA. Pelo trabalho na Zona Industrial de Moura, cujas recentes intervenções somam mais de um milhão de euros. Pelo investimento nas infra-estruturas do Campo da Feira, em Moura. Pela criação de espaços comerciais nos Quartéis. Pelo lançamento da obra das Cancelinhas, na Amareleja e pelo concurso, finalmente, da Zona Industrial da Amareleja. Pelas feiras que promovemos. Pelo apoio à AMPEAI e à APIVALE.

Há gente que só agora, de forma um tanto tardia, chega à política. Que desconhece a realidade local. E que acha que vale tudo numa eleição: lançar promessas demagógicas (de empregos, de casas, de subsídios, de mais obras etc.) sem nunca fazer contas nem explicar como se estrutura o trabalho.

A confusão que impera na candidatura socialista é visível. As propostas até agora apresentadas ao eleitorado do concelho são disso uma evidência. Começaram por dizer que têm como prioridade rever um regulamento que nem sequer existe. Passaram depois a garantir que irão reforçar o apoio ao ensino profissional numa entidade que o não tem. Argumentam agora com o desemprego, fazendo cair a sua responsabilidade na Câmara Municipal, entidade que tem, por todos os meios, tentado criar alternativas de emprego no concelho. Das duas, uma: coisas destas dizem-se por ignorância ou por incompetência.

Continuam a ser os mesmos de sempre. Sem uma única ideia concreta nem clara. A não ser a de pensarem que em política vale tudo. Não vale, como bem sabemos. Os mourenses também sabem.

Crónica publicada no jornal "A Planície" de hoje.


O concelho de Moura não é isto. Isto é o deserto. É o palmar de Kerzaz, no Sahara. Magnificamente fotografado por George Rodger, em 1957.

1 comentário:

Anónimo disse...

Comentário de enquadramento à legenda da foto:
"Mas é o deserto das ideias".

LT