quinta-feira, 31 de outubro de 2013

DESPERADOS ESTAMOS TODOS



Não é frequente esta coisa de filmes em dias quase seguidos. Embora o meu não seja bem um filme.

E a que propósito vem este massacre?

O Guião para a Reforma do Estado (outra? mas quantas há, afinal?) hoje apresentado por Paulo Portas trouxe-me à memória a cena do filme Desperado (1995), do americano Robert Rodríguez (n. 1968). O Governo entra no País e varre tudo à passagem. Como Antonio Banderas no filme. Só que um filme é um filme e esta cena gore é entretenimento. A vida no País não o é.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

UMA TIRANA SERRANA

Uma situação de fazer inveja a muitos, Enver Hoxha incluído.

Em Pampilhosa da Serra, o PSD ganhou 100% dos lugares na Câmara Municipal, 91,3% da Assembleia Municipal e 100% das Juntas de Freguesia.

José Alberto Pacheco Brito Dias é demasiado novo para ter andado nas aventuras maoistas que tanto entusiasmaram outros dos seus companheiros de partido. Mas foi mais eficaz que eles.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

MOITA MACEDO, PINTOR E POETA NA REVOLUÇÃO

A escolha cinéfila é, literalmente, minha. Aqui vai um pouco de arqueologia.

Em tempos que já lá vão rodei um documentário em super-8, sobre um pintor, o qual viria a falecer dois anos mais tardeAs filmagens tiveram lugar no inverno de 1981, coincidindo com uma exposição realizada na galeria CODILIVRO, em Benfica. O título do filme foi sugerido pelo próprio Moita Macedo, a partir de uma reportagem feita pelo jornal “O diário”. A montagem que agora se apresenta respeita o guião original, redigido em finais de 1980. As bobinas mantiveram-se inéditas até hoje.

Consegui há meses finalizar a montagem, respeitando o guião dos meus 17 anos.... O meu primeiro (e, presumivelmente, derradeiro) filme estreou no dia 14 de julho de 2013. É um ingénuo documentário de 14 minutos. A tiragem foi de 30 exemplares.

Não foi possível reproduzir aqui, por questões relacionadas com direitos de autor, as músicas que faziam parte do alinhamento inicial. O que se apresenta é, portanto, uma versão incompleta.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

COLÓNIAS PORTUGUESAS DE ÁFRICA


A minha estupefação deu lugar à gargalhada. À minha frente estava o formulário de inscrição na Universidade de Lyon. Por entre as muitas perguntas, uma tinha a ver com o nosso local de origem. Portugal? Continental? Claro. Na linha de baixo, estava esta alternativa espantosa: "Colonies portugaises d'Afrique: Madère et Açores". Não sei se foi alguma influência do coronel líbio, que achava que o arquipélago da Madeira era território africano sob ocupação... Mas que aquilo foi insólito, lá isso foi. O episódio ocorreu em 1996. Espero que tenham alterado o formulário.

A fotografia não é de qualquer colónia portuguesa, antiga ou atual. Faz parte da célebre reportagem de George Rodger, no Sudão, em 1949.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

UMA TOMADA DE POSSE - VERSÃO FOTOGRÁFICA E VISÃO JUVENIL


No passado domingo foi assim. Não reproduziria a fotografia de cima (do meu amigo Orlando), se entretanto não me tivesse chegado o belíssimo desenho que mostro em baixo, e que é da minha amiga Leonor M.V. A parte mais engraçada é o caráter imperialista do desenho. Moura e Mértola? Nem tanto, querida Leonor!

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

TUDO NORMAL


O Benfica jogou pouco. O Benfica não ganhou. Jorge Jesus deu pontapés na gramática. Roberto deu um frango. Tudo normal, portanto.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

ARCAÍSMOS

Há, nesta vida, coisas verdadeiramente arcaicas. E que não mudam, sem que a gente perceba porquê. No capítulo das mais fascinantes estão as fichas bancárias. Alíneas e mais alíneas, que levam largos minutos a preencher. Tive, ontem à noite, de me dedicar a essa tarefa, e uma vez que a Câmara de Moura tem contas em várias instituições.

Alguém me consegue explicar porque é que um determinado banco me pede a data do casamento? Ou o nome dos meus pais? Será para ir pedir contas aos progenitores? Aos 76 anos? Ou, ainda, porque é que alguns têm aquela alínea discriminatória em que há quadradinhos, consoante o grau académico? Só pode ser para alguém avacalhar o cliente... Imagino sempre um funcionário, num qualquer departamento central, a dizer para a colega do lado "Fatinha, temos aqui mais um que diz que é doutorado; deve ser tipo Sócrates".

Durante mais anos, as cartas de condução tinham, no rosto, a indicação permis de conduire. Isto numa altura em que o francês estava já na categoria das línguas mortas. Curiosamente, esse arcaísmo foi transmitido, como legado colonial, a Angola. Mas a culpa não é do Dr. Machete, ok?

terça-feira, 22 de outubro de 2013

20/10/2013 - 16:25


Eram exatamente 16 horas e 25 minutos quando assinei o termo de posse, no Cineteatro Caridade. Depois, li este texto:

Senhor Presidente da Assembleia Municipal
Senhores Eleitos dos Órgãos Municipais
Senhoras e Senhores Convidados
Caros Conterrâneos, Caros Amigos

Gostaria de começar por desejar a todos os eleitos um bom mandato. Do sucesso do nosso trabalho depende uma parte da vida do nosso concelho, pela que a responsabilidade que recai sobre nós não é coisa pouca.

Dificilmente algum dos presentes saberá dizer quem era o Presidente da Câmara de Moura no dia 20 de outubro de 1913. Dificilmente, também, a cerimónia de hoje será recordada dentro de cem anos, ou alguém se lembrará do nome do Presidente que agora toma posse. A passagem pela vida, e isso inclui a vida política, não tem por fim ganhar algo semelhante à eternidade na terra ou a perpetuar no tempo aquilo que fazemos. A missão é breve e esta realidade transitória.

O que nos move é a necessidade de transformar e de melhorar. De participarmos num permanente processo de melhoramento e de transformação. Não é fácil fazê-lo num quadro de grave crise social e de grandes restrições financeiras, que nos afetam a todos e que tocam de muito perto os autarcas. Ouvi, há meses, um responsável regional dizer uma frase que me irrita: “o Alentejo é uma região que tem qualidade de vida”. Se interpretarmos como tal o ar puro, a ausência de engarrafamentos ao fim do dia, a tranquilidade das nossas localidades e o som dos passarinhos é verdade que temos qualidade de vida. Acontece que a qualidade de vida é bem mais que isso. Envolve coisas só aparentemente banais como ter direito a escolas decentes e com professores a trabalhar em condições, cuidados de saúde a distâncias razoáveis do local onde vivemos, a possibilidade de termos nos nossos concelhos as forças de segurança, tribunais, serviços de finanças, os correios, infraestruturas desportivas, uma rede de transportes que cumpra os mínimos. Não falamos de luxos nem de ostentação. As ludotecas, as bibliotecas, os transportes, os centros de dia, os lares, as escolas, não são um luxo. São algo a que temos direito porque trabalhamos para isso. E porque são necessários. E porque sem esses equipamentos viveremos pior e com menos qualidade. Se chegámos a este ponto de grande dificuldade não foi porque os que trabalham causaram a situação ou porque autarquias como Moura fazem uma vida de luxo, mas sim porque o sistema financeiro que é a base do sistema capitalista o permite e incentiva. É também por isso que senti a obrigação moral de ser candidato a Presidente da Câmara de Moura. Porque temos o direito e o dever do combate político e temos a obrigação de lutar pelo sítio ao qual estamos ligados. É por isso que graças aos habitantes do concelho sou hoje Presidente da Câmara de Moura. Um cargo que muito me honra / e em relação ao qual tudo farei para estar à altura deste grande concelho.

Rejeitamos a imagem que nos querem colar. O Alentejo não é o exotismo ao virar da esquina, com indígenas que cantam bem, que fazem bom artesanato, bom pão, bom vinho, bom azeite e que, felizmente e em nome dos bons costumes, abandonaram as práticas canibais há cerca de 2000 anos. Nós não queremos ser esse exótico baratinho. O que nós queremos, e temos direito, é a uma vida decente e a um concelho melhor. Não podemos aceitar que os cortes se somem deixando as autarquias sem capacidade de intervenção. Não podemos aceitar o discurso dos que acham que as Câmaras Municipais são uma almofada do Poder Central, destinadas a distribuir umas quantas benesses e uns quantos apoios, deixando as grandes questões para esferas que nos ultrapassam. Vejo gente preparada intelectualmente preocupada com a viabilidade do interior a longo prazo. Discriminam as aldeias [que fique claro que são eles quem o faz e não nós] apostando por isso na concentração de recursos nas sedes de concelho. Há uma obsessão com o que vai acontecer no longo prazo, como se nós pudéssemos determinar o futuro à medida dos nossos desejos. Dá vontade de lhes recordar a frase do grande economista John Keynes, que dizia “a longo prazo estamos todos mortos”.

A situação é séria e isso torna maior o desafio. Temos pela frente dois problemas de grande envergadura: a desertificação humana, agravada pelo envelhecimento da população, e o desemprego. Problemas estruturais do interior do País, para os quais só o esforço de uma Câmara Municipal não chega. Importa sublinhar, ainda assim, que o mais significativo programa de criação de emprego, em torno das energias renováveis, teve na Câmara Municipal uma mola propulsora fundamental. Mais de 150 postos de trabalho foram criados num processo de todos bem conhecido.

E que teve no José Maria Pós-de-Mina uma peça decisiva. É também para mim uma honra muito particular suceder no lugar de Presidente da Câmara a uma pessoa de tão invulgares qualidades e capacidades como o José Maria. Muito poucas pessoas me conseguiriam convencer a abraçar este desafio. Muito poucas, ficas a saber.

Foi, durante 15 anos, 9 meses e 18 dias o nosso alcaide. Trabalhou sem tréguas, durante esses anos, para garantir um futuro melhor no nosso concelho. Houve progressos fundamentais e decisivos, que temos agora de continuar. Alguns não o querem reconhecer, mas o tempo, esse grande escultor, se encarregará de sublinhar a verdade. Espero, esperamos, na nossa equipa, estar à altura do que foi feito e do que tu impulsionaste.

Durante os últimos dois anos fomos fustigados, como sabes, pelo facto de, supostamente, andarmos a gastar o dinheiro público em arqueologia e em museus. Na realidade, o programa em curso, que abrange parte do centro histórico de Moura, tem a ver com outra coisa bem diferente, a reabilitação urbana. Confundir museus com reabilitação urbana é um tanto confrangedor. Mas posso garantir-te, e posso garantir a todos, que não nos afastaremos dessa linha de atuação.

Vale a pena citar o jornalista Nicolau Santos, num artigo no semanário “Expresso” de dia 12 de Junho de 2013:

Um país sem economia é um sítio. Um país sem cultura não existe. Durante a II Guerra Mundial, quando o esforço militar consumia todos os recursos das ilhas britânicas, foi sugerido ao primeiro-ministro Winston Churchill que cortasse nas verbas da cultura. O homem que conduziu a Inglaterra à vitória sobre a Alemanha recusou perentoriamente. “Se cortamos na cultura, estamos a fazer esta guerra para quê?”. (fim de citação)

É esse um dos tópicos do nosso combate quotidiano. E se nos referimos à cultura, não é à sua vertente literária e artística, apenas. Mas à necessidade de termos uma perspetiva cultural do nosso concelho e do mundo à nossa volta. O convite ao Gonçalo Lampreia para se juntar a nós, e para participar nesta cerimónia, inscreve-se nessa lógica de valorizar a nossa juventude, o seu esforço de superação, de darmos importância ao que de melhor temos.

É essa perspetiva cultural que nos leva a reabilitar as nossas localidades. É por termos essa certeza que cedemos o terreno e colaborámos no financiamento da Escola Básica Integrada de Amareleja. É por termos essa convicção que interviémos nas escolas e as melhorámos. Foi assim em Santo Amador e vai ser assim em Santo Aleixo. É esse enquadramento cultural que nos leva a renovar redes de águas e fazer obras como a da Ribeira da Perna Seca, no Sobral da Adiça. É uma lógica ligada à cultura que nos levou a participar no processo de renovação urbana de Safara. A apoiar com entusiasmo, logo nós, maioritariamente ateus e agnósticos, a recuperação de igrejas em Santo Aleixo, na Estrela e, em breve, na Póvoa de S. Miguel. É a importância da Cultura e do Homem no seu meio que nos levará, ainda antes do final do ano, a assinar o contrato para o Pavilhão Multiusos das Cancelinhas, na Amareleja. É a importância de uma perspetiva cultural que nos faz querer terminar o mais depressa possível a obra da zona industrial em Moura. Sem gente não há futuro e sem condições para aqui vivermos não há gente. A equação é simples. Tão simples como simples e direta é a nossa determinação.

Daremos cumprimento ao que foram os tópicos do programa que apresentámos à população do concelho:

1. Continuaremos a ter como preocupação o investimento e o emprego, sendo que a criação e o melhoramento de infraesturuturas serão a nossa forma primordial de intervenção;

2. Teremos particular preocupação com a área social, dentro daquilo que são as competências e possibilidades do município; neste domínio incluímos a aposta na educação, que não deixaremos cair;

3. Melhoraremos as nossas localidades, tendo como motivação a divulgação do potencial turístico do território [o potencial turístico não existe por si só, tem de ser estimulado e tem sido essa a lógica da reabilitação dos espaços públicos e dos edifícios do concelho];

4. Finalmente, teremos particular preocupação com o Meio Ambiente e a Agricultura. Incluímos neste setor tanto as energias renováveis, como a tradição agrícola do concelho. Precisamos de regadio e precisamos que alguns entendam que o respeito pelo Ambiente começa pela valorização do ser humano, sem o qual não há paisagem que nos valha.

Gostaria de deixar claro que não represento 42,9 % dos votantes do concelho, mas sim, como Presidente da Câmara, a totalidade dos habitantes desta nossa terra. E que saberei, saberemos, interpretar a vontade de todos e os anseios de todos. E que estarei atento, estaremos atentos, a críticas, comentários e aos contributos que nos quiserem dar ou fazer chegar.

Tenho o péssimo hábito de nunca agradecer à família nestas alturas. Agradeço-lhes agora, a eles, aos meus professores, aos amigos que fui fazendo ao longo da vida e que tão condescendentes são para com as minhas permanentes insuficiências. Gostava de lhes dedicar, bem como a todos os que aqui estão, as palavras de alguém que sabia o valor das palavras. Fazem sentido hoje, dia de celebração, mas também dia de muitas dúvidas. Para além da curva da estrada, de Alberto Caeiro:

Para além da curva da estrada
Talvez haja um poço, e talvez um castelo,
E talvez apenas a continuação da estrada.
Não sei nem pergunto.
Enquanto vou na estrada antes da curva
Só olho para a estrada antes da curva,
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.
De nada me serviria estar olhando para outro lado
E para aquilo que não vejo.
Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.
Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.
Essa é que é a estrada para eles.
Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos que lá não estamos.
Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva
Há a estrada sem curva nenhuma.

Muito obrigado a todos.

O FUTURO DA AVENIDA

A tomada de posse como Presidente da Câmara de Moura limita um pouco este blogue. Não por falta de vontade, mas porque as novas funções a um maior rigor na abordagem de alguns temas. As questões locais surgirão, por isso, de forma muito mais espaçada. Darei mais destaque a outros assuntos. Será uma nova forma de subir a avenida.

O nº 34 da Avenida da Salúquia é a casa da direita, na esquina com a Rua do Forte. À esquerda, fazendo esquina com a Rua Vasco da Gama está a minha primeira casa.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

15 MINUTOS DE FAMA

Ainda a pop art, aproveitando para recordar Andy Warhol. O homem que um dia disse: "In the future, everyone will be world-famous for 15 minutes." Algo como, em tradução livre, "um dia, todas as pessoas terão 15 minutos de fama".

Em homenagem a Warhol e à pop art, aqui vos deixo esta obra de 1962, intitulada "Elvis 21 times".

sábado, 19 de outubro de 2013

...

Isso mesmo, reticências. Isso mesmo disse hoje, ao despedir-me dos colegas, no final do colóquio de Mérida. Durante quatro anos não poderei assumir um único compromisso de peso. Nem um só. Um abandono medido e pensado. E assumido a 100 %.

Ainda assim, verão a luz do dia as novas hipóteses sobre o nome de Moura na Alta Idade Média e a discussão que tal implica quando se faz a islamização do território. A minha intervenção nas Jornadas foi sobre isso.

Retomarei esta atividade no outono de 2017.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

É SEXTA-FEIRA...

Antes de sexta-feira, de emprego bom já e de Boss AC houve isto: um filme chamado Thank God it's Friday. A história era daquelas que "não-interessam-nem-ao-menino-jesus". Mas tinha música. Havia muito som, ao estilo Motown, mais uns passos de disco, mais os Commodores (yeah!) e a já desaparecida Donna Summer. E uns coros que cantavam assim chubiduá-chubiduá-chubiduá.

Nesta escolha cinéfila da semana (Thank God it's Friday foi realizado por Robert Klane, e 1978) permito-me chamar a vossa atenção para os primeiros 10 segundos. Aí, a imagem/estátua da Columbia Pictures, a mulher com a tocha na mão, dá uns passos de dança. Está dado o mote para o filme.

A música inicial, de som tão afro, foi composta por Alec R. Costandinos, nascido no Cairo e filho de uma arménio e de uma grega.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

EM EXIBIÇÃO NOS MELHORES CINEMAS DE LUANDA


OK, OK, a piada é frouxa e nem deve ser original. Mas quando vi o anúncio na TV não resisti...

PARCERIAS PARA A REGENERAÇÃO URBANA: O ESTADO DA ARTE

O estado da arte é aquela expressão bizarra que, nos projetos de investigação científica, designa "o ponto em que estão os conhecimentos". Aqui é mais correto considerarmos este livro como um work in progress, algo tão caro ao jargão de uma área da qual estarei afastado durante os próximos 4 anos.

O livrinho, com 64 páginas, contém as principais intervenções levadas a cabo no Centro Histórico de Moura, no âmbito das Parcerias para a Regeneração Urbana. Os trabalhos incluem outras iniciativas num total de 25 ações. A renovação da rede de águas e a criação de infraestruturas de apoio à atividade económica levam a maior fatia, com 46% do investimento total.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

NOSSA SENHORA DO RESGATE

O meu amigo João Gabriel Isidoro acaba de descobrir esta coisa, verdadeiramente fantástica: a igreja que está no quarteirão ao lado do Banco de Portugal, em Lisboa, tem o orago de Nossa Senhora do Resgate.

Melhor ainda, o "nome oficial" é Nossa Senhora do Resgate das Almas e Senhor Jesus dos Perdidos.

Como diz um amigo meu, sempre conspirativo, "isto anda tudo ligado..."

TOMADA DE POSSE

Tomada de posse da Câmara Municipal e da Assembleia Municipal, no próximo dia 20, pelas 16 horas, no Cineteatro Caridade, em Moura. É este o programa:

terça-feira, 15 de outubro de 2013

PERFIL

Por brincadeira, pus esta fotografia no facebook. Foi um desassossego entre os amigos, com dichotes e comentários de diversa índole. A Conceição disse que mostrava o meu lado sério (fico a saber que tenho um, menos mal...).

O autor é o fotógrafo Enric Vives-Rubio. Isto data de finais de fevereiro de 2006, quando ele e a Lucinda Canelas me vieram entrevistar, para um trabalho que saiu no "Público". A imagem é muito boa, de facto. Tirando o modelo, que não ajuda, e o nariz semita, como lhe chamou o João...

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

NODDYZAÇÃO

One day Noddy awoke unusually early, just as the sun was coming up. From his bed he could see the sun's rays turning the sky a wonderful shade of orange. 

"Good morning sunshine", said Noddy hopping spritely from his bed.

Tenho-me lembrado muito dos livros do Noddy. Porquê? Por causa daqueles "bom dia, Sol" com que Noddy começava os seus dias. Por vezes seguiam-se saudações à relva, às flores, às árvores etc. É que tenho amigos que começam os seus dias no facebook com no mesmo género de registo... Eis a noddyzação, forma subtil de regressar à infância.


domingo, 13 de outubro de 2013

E ASSIM ACONTECEU, NA ESQUINA DA RUA DA ROMEIRA COM A RUA DO ESPÍRITO SANTO...

Foi ontem. Com casa cheia. Sem grande rigor, contei cerca de 170 pessoas.

A igreja do Espírito Santo foi pequena para albergar os que acorreram à cerimónia de abertura daquele espaço ao público. Moura ganhou mais um espaço, que terá variadas funções.

O mais comovente, porém, foi a exposição "A rua é nossa", que recolhe dezenas de fotografias de moradores das Ruas da Romeira e do Espírito Santo. As pessoas andavam de estendal em estendal, comentando e identificando que estava em cada imagem. Depois, houve festa popular e música na rua. Reproduzo, do blogue de Zélia Parreira (v. aqui):

À hora a que vim para casa, as mesas prolongavam-se pela rua, o cheirinho a grelhados espalhava-se no ar e os mourenses punham em prática os seus salutares hábitos de convivência, dando alegria a um centro histórico que insiste em permanecer vivo, ao contrário de tantos concelhos supostamente desenvolvidos por circulares e rotundas que levam os habitantes para bairros periféricos, enquanto os centros morrem de solidão.




sábado, 12 de outubro de 2013

OS CAPRICHOSOS

A pedido de um amigo, aqui vai:

Os Caprichosos querem chegar aos 1000 likes no facebook. Vamos a isso.

O que são e quem são os Caprichosos?

Um grupo de amigos músicos, todos oriundos da Amareleja e pertencentes à Sociedade Filarmónica União Musical Amarelejense (SFUMA), que decidiu recriar um projecto antigo denominado “Os Caprichosos d'Amareleja”, uma jazz band da SFUMA, também designado na gíria musical de “charanga”. 

O grupo é constituído por dez elementos, naturais da Amareleja: André Caçador (trompete), David Moreira (tuba), Fábio Monteiro (saxofone alto), Flávio Bolrão (trombone), Gilberto Modesto (percussão), Hélio Martins (trompete), João Martins (saxofone barítono), Jorge Ferreira (percussão), José Simões (trompa) e Nelson Santana (saxofone tenor).


MEIO MILHÃO

E pronto. É assim. 4 anos, 10 meses e 4 dias depois do começo chega-se ao meio milhão de visitas aqui ao blogue.

Tinha pensado, no início, usar o blogue para republicar as crónicas que escrevo para o jornal "A Planície", onde, desde 2003, têm a gentileza de me aceitar como colaborador. Depois o gosto pela fotografia, pela pintura, pela escrita, pelo meu trabalho, pela atividade política levaram-me a alargar a área de atuação do blogue. Nunca pensei, sinceramente, vir a ter 500.000 visitas (uma média de 280 por dia).

Obrigado.

FLAGRANTES DA VIDA REAL - IV

A história é verdadeira. Omito os nomes, por razões óbvias.

Aquele simpático casal de aposentados aventurava-se por terras helvéticas, sem falar nenhuma das línguas do País. A dado momento, num cantão onde se fala francês, foi necessário meter gasolina. Ele não sabia uma palavra da língua gaulesa. Ela sim, estudara francês em tempos. Na verdade, há muito tempo. Coube-lhe parlamentar com o funcionário. Disse, em tom convicto, "remplir le dépôt". Ou seja, "encher o depósito". Só que, em francês, a frase, assim literal, nada significa. O empregado disse "pardon, madame..." e a madame insistiu, mais devagar e silabando "rem-plir le dé-pôt". Nada. Uma conversa de surdos. Aí, o marido saiu do carro, impaciente, e disse em português, e com gestos expressivos, "CHEIO! ATÉ ACIMA!". O suiço, "oui, monsieur", encheu o depósito.

Quando me contaram o episódio escangalhei-me a rir. Para a próxima, já sabem que encher o depósito se diz "faire le plein" ou, mais coloquialmente, "le plein".

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

POP ART NO SOBRAL DA ADIÇA


Confesso que me distraí, durante uma reunião partidária, no Sobral da Adiça (lá se vão dois pontos no cartão dourado de militante...). Dei comigo a fotografar um tampo de mesa da Casa do Povo. No qual alguém se entretivera a colar recortes de revistas, de forma algo anárquica. Uma colagem de improviso, ao jeito das que a Pop Art popularizou. Não sei se o/a autor(a) conhece isso ou ouviu falar no movimento dadaísta. Pouco importa. Valha-nos o engenho dos que cobrem tampos de mesa com espontaneidade e cor.

Em baixo: The end of the world, de Matthew Rose

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

A RUA É NOSSA. A IGREJA TAMBÉM.

É no próximo sábado, dia 12, às 12 horas. Abre ao público a igreja do Espírito Santo, outrora votada ao abandono.

Será um três em um: uma exposição, com fotografias dos habitantes das Ruas da Romeira e do Espírito Santo; a apresentação da publicação Moura - parcerias para a regeneração urbana, onde se mostram os trabalhos concretizados ao abrigo de um programa financiado pelo INALENTEJO; a apresentação do DVD Moura - 3000 anos de História, que mostra as intervenções financiadas pelo Turismo de Portugal.

Nem Museu, nem Arqueologia... "Apenas" o orgulho de melhorar a nossa cidade.

VERDI

É uma celebração banal, bem sei. Mas justificada. Faz hoje 200 anos que a aldeia de Roncole viu nascer Verdi. Faleceu em 1901, deixando-nos, entre muitas outras composições, 30 óperas que são Património de todos nós.

Jean-Pierre Ponnelle (1932-1988) filmou esta versão de Rigoletto em 1982. Luciano Pavarotti, então com 47 anos, estava no auge das suas capacidades. Como se pode constatar na ária Questa o quella:


quarta-feira, 9 de outubro de 2013

RUA DE NENHURES

Na última deambulação pelas livrarias dei com este livro de Pedro Tamen. Aqui fica um dos poemas:

Adianto uma pedra sobre o tabuleiro
que é quase tumular mas que cantou a casa,
casa branca e nau preta,
e não ganhou austrálias,
pois fez o teu retrato dentro do coração
e destruiu a mentira de outra história.

Só um dia, já morto, disseram a Colombo
que a índia dele não era a verdadeira.


Xadrez e exotismo no quadro do académico holandês Lawrence Alma-Tadema (1836-1912). Não gosto de academismos, mas a vida é feita de concessões.

domingo, 6 de outubro de 2013

SOCIEDADE FILARMÓNICA UNIÃO MUSICAL AMARELEJENSE


Encontro de bandas promovido pela SFUMA, ontem à tarde. As bandas convidadas vieram do Seixal e de Ferreira do Alentejo. A banda da Amareleja é a instituição cultural mais antiga do concelho de Moura, tendo sido fundada em 14.6.1858.

Depois da parte musical, e durante uma visita à sede (com indispensável incursão pelo bar), fui informado acerca da minha situação, como novo sócio da Filarmónica. Uma maneira diferente de fazer a ante-estreia nas funções de autarca que se avizinham.

sábado, 5 de outubro de 2013

ENTARDECER OLHANENSE


Ao sair do museu não pude deixar de reparar na limpidez da luz. Parecia que a cor azul se espalhava por toda a parte. Coisas que acontecem ao fim da tarde, quando temos a luz do sul.

Dreams in the Dusk
Dreams in the dusk,
Only dreams closing the day
And with the day’s close going back
To the gray things, the dark things,
The far, deep things of dreamland.

Dreams, only dreams in the dusk,
Only the old remembered pictures
Of lost days when the day’s loss
Wrote in tears the heart’s loss.

Tears and loss and broken dreams
May find your heart at dusk.

O poema é de Carl Sandburg (1878-1967)

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

NO MUSEU DE OLHÃO

Surpresa vespertina. A abertura da exposição teve direito a música, com uma intervenção do alaudista Eduardo Ramos. Antes e depois pude trocar impressões com o Presidente Francisco Leal, que deixa o cargo ao fim de 20 anos. Conclusão fácil: os problemas são mais ou menos os mesmos por toda a parte. A questão é a escala.

A noite terminaria na companhia fraterna do Carlos Campaniço e de simpáticos dois colegas do Museu de Olhão: Helena Barreto e Hugo Oliveira.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

ÚLTIMA CURVA

Última curva, salvo seja... Mas antes que a minha vida mude de novo (a partir de 20 a mudança será substancial) é tempo de ir a Olhão. É inaugurada, amanhã à tarde, a exposição Mértola - último porto do Mediterrâneo. Farei uma breve palestra sobre o tema, pelas 18 horas.

7 anos, 7 meses e 20 dias depois da sua primeira apresentação, em Lisboa, a exposição ainda por aí anda. Hoje, uma senhora de Safara perguntou-me, depois de ter visto uma referência na TV, se a exposição poderia vir a ser apresentada na sede do Grupo União Safarense. Claro que pode. Será, aliás, uma segunda deslocação ao concelho de Moura (v. aqui).

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

FLAGRANTES DA VIDA REAL - III

Ainda a desgraça do Benfica em Paris estava a começar quando resolvemos mandar vir uma garrafa de vinho. Foi-nos sugerido entrecosto. Um dos companheiros, picuinhas, perguntou "e o acompanhamento?". Resposta rápida do Calua "Martinho d'Assunção à viola e Fontes Rocha à guitarra". Pedimos o entrecosto.

UMA QUESTÃO DE ERGONOMIA

Foi ontem à tarde, no parque subterrâneo dos Restauradores. Já não bastava ir com um pequeno atraso para a reunião como, ainda por cima, o carro à minha frente não atava nem desatava. O senhor estendia o braço para fora da viatura e tocava no botão da máquina de entrada. Nada. A cancela não se mexia. Uma vez, duas vezes, cinco vezes. Depois conferenciava com os outros ocupantes da viatura e voltava a empurrar o botão. Eu sem perceber o que se passava. Só quando vi um calmeirão com ar de nórdico sair do pequeno Yaris é que se me fez luz "claro, turistas!". Saí do carro e disse-lhe como tinha de fazer. Notei então uma coisa óbvia (para nós). É que o senhor tocava no botão verde (o da Via Verde) e não no vermelho (o que emite bilhetes). Olhou para mim com ar espantado e deve ter pensado que isto é um país estranhíssimo. Claro que é, mas esse não é agora o caso.

Em toda a parte do mundo verde é para avançar. Vermelho para parar. Em toda a parte, menos nos parques de estacionamento subterrâneos da Lusitânia...

A VIAGEM DE ISAK

“Ó não! Ele está a ver outra vez aquela coisa do Bergman”. A frase foi dita em tom de lamúria, enquanto a sua jovem autora cruzava a sala numa diagonal rápida. Ele sou eu. A Luísa acha que não gosta de Bergman, mas um dia gostará. “Aquela coisa” é o filme “Morangos silvestres”, que a Isabel queria ver, antes de ser derrotada por Hipnos.

“Morangos silvestres” é hoje apenas o nº 63 no célebre ranking da “Sight and Sound”. Foi 10º na lista de 1972. O que faz uma lista, onde se ordenam os melhores filmes de sempre? Muitos fatores, decerto: as sensibilidades de diferentes gerações, orientações políticas, modificações na forma de percecionar a estética cinematográfica, preocupações sociais etc. Isso é bem visível nas oscilações, nas subidas e descidas de filmes, nos que emergem e nos que, depois de conhecerem uma súbita popularidade, são votados ao esquecimento.

Fiquei sozinho, revendo o filme que mais marcas me deixou. O desespero da Luísa ante aquela obra cheio de silêncios e angústias é mais que compreensível. Isak Borg faz, numa só noite, uma viagem pela sua vida. No verão polar a noite é cheia de uma luz difusa. Isak aproveita-a para ir de carro em direção a Lund, onde receberá um grau honorário na universidade. Nos locais por onde passa Isak revê o passado: o casamento frio, o amor de juventude que se perdeu, as pessoas que já partiram. Na longa viagem, noite dentro, a solidão de Isak é interrompida pelos sonhos e pelas recordações que os sítios suscitam.

Vi “Morangos silvestres” quando tinha 18 ou 19 anos. Talvez tenha sido cedo demais… Fui, ao longo da vida, revendo essa obra fascinante. E pensando, muitas vezes, sobre o sentido do percurso que se trilha e das opções que se tomam. Fui, também, sendo assombrado pelo rigor dos enquadramentos, pelo sentido pictórico de Bergman, pelo domínio total da luz e dos efeitos de claro-escuro. Muitas vezes tive dificuldade em entender o cérebro por detrás da câmara de filmar. Um mediterrânico dificilmente pensa as coisas daquela forma. Mas também é difícil de garantir que assim seja.

Na última cena do filme, Isak Borg emana paz. "A face de Victor Sjostrom brilhava”, diria Ingmar Bergman anos mais tarde.  Não é evidente que Borg, naquela paz tão perto da morte, tenha encontrado as respostas que queria. Há perguntas sem resposta evidente.

Daqui por uns anos voltarei a ver “Morangos silvestres”. Talvez na companhia da Luísa.

Texto publicado ontem, em "A Planície". O final do filme é este:

terça-feira, 1 de outubro de 2013