segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

AS LARANJAS DE SÃO SEBASTIÃO

Ontem à tarde andei por Safara, assistindo à passagem da procissão em honra de S. Sebastião. Surpreenderam-me as laranjas que paramentavam o mártir, sinais de uma salutar manifestação popular que ainda perdura, quando outras maneiras mais informais de sentir a Fé se esbatem ou são reprimidas.

Estava uma tarde luminosa e fria, em Safara. No regresso a Moura, lembrei-me de outros fins de tarde, assim luminosos e frios, noutros sítios e noutros tempos. Era capaz de jurar que na Plaza de San Mateo havia laranjeiras como as do poema de António Machado.


La plaza y los naranjos encendidos 
con sus frutas redondas y risueñas.


Tumulto de pequeños colegiales 
que, al salir en desorden de la escuela, 
llenan el aire de la plaza en sombra 
con la algazara de sus voces nuevas.


¡Alegría infantil en los rincones 
de las ciudades muertas!


¡Y algo nuestro de ayer, que todavía 
vemos vagar por estas calles viejas!

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