terça-feira, 30 de setembro de 2014

A SÉRIO? TÊM A CERTEZA? MESMO, MESMO?


O Estado a abrir os cordões à bolsa (qual, já agora?)?
Investimento público?
Infraestruturas?

Temo que o FMI tenha sido tomado de assalto por um perigoso bando de comunistas...

A UNDÉCIMA EMPRESA: WINE BOX / ENCOSTAS DE ALQUEVA

Empresas e matching funds em Moura? A vida tem destas coisas. A primeira empresa a manifestar interesse no projeto foi uma que não foi contactada...

Acolhamos com entusiasmo a empresa Wine Box / Encostas de Alqueva. Operam a partir do eixo Granja-Amareleja, mas já chegaram ao TagusPark, onde estão na loja 133.

Obrigado!

Site: http://www.encostasdealqueva.pt

A CAMA VALLIUM E O FUNCIONÁRIO CANSADO

Não é uma confissão... Ainda que o mês de setembro tenha sido rápido. A cama vallium, de Joana Vasconcelos, é uma interessante escultura, que pertence à coleção António Cachola. Data de 1998. Quarenta anos anos, António Ramos Rosa escrevera o poema dum funcionário cansado.

Termine-se assim setembro...


Poema dum funcionário cansado

A noite trocou-me os sonhos e as mãos
dispersou-me os amigos
tenho o coração confundido e a rua é estreita
estreita em cada passo
as casas engolem-nos
sumimo-nos
estou num quarto só num quarto só
com os sonhos trocados
com toda a vida às avessas a arder num quarto só

Sou um funcionário apagado
um funcionário triste
a minha alma não acompanha a minha mão
Débito e Crédito Débito e Crédito
a minha alma não dança com os números
tento escondê-la envergonhado
o chefe apanhou-me com o olho lírico na gaiola do quintal em frente
e debitou-me na minha conta de empregado
Sou um funcionário cansado dum dia exemplar
Por que não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu dever?
Por que me sinto irremediavelmente perdido no meu cansaço?

Soletro velhas palavras generosas
flor rapariga amigo menino
irmão beijo namorada
mãe estrela música
São as palavras cruzadas do meu sonho
palavras soterradas na prisão da minha vida
isto todas as noites do mundo numa só noite comprida
num quarto só.

António Ramos RosaO Grito Claro, 1958

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

ENSINO SUPERIOR - EMPRESAS E MATCHING FUNDS EM MOURA

Como duplicar fundos?
Como envolver empresas na área social e educativa?
Como fazer com que essas empresas tenham retorno (fiscal e em termos de força laboral) do investimento feito?
Será possível fazer mais e melhor conjugando o investimento público e o privado?
Foram essas as questões que me coloquei e que levaram a Câmara Municipal de Moura a lançar um desafio de apoio a bolsas de estudo a 10 (dez) empresas do concelho de Moura. Aguardo, com evidente interesse e curiosidade, as respostas que iremos ter.


Teor do ofício remetido na passada semana: 

A Câmara Municipal de Moura apoia, desde há muito, os jovens estudantes do concelho de Moura, através da atribuição de bolsas de bolsas de estudo para alunos do Ensino Superior.

Consideramos que este esforço deve ser ampliado, através da participação de agenteseconómicos do concelho na área educativa. Trata-se de uma forma de envolver diretamente a sociedade civil num processo de desenvolvimento que a todos diz respeito. Preconizamos a criação de novas bolsas. a funcionarem de acordo com um sistema de matching funds. Ou seja, iremos convidar dez empresas instaladas no nosso concelho a participarem neste projeto, segundo um esquema de funcionamento que se deverá guiar pelas seguintes normas gerais:

* A atribuição de uma bolsa de estudo para o ensino superior, no montante anual de 2000 euros, a repartir em partes iguais entre a empresa e a Câmara Municipal;

* A bolsa será atribuída mediante uma avaliação, onde serão ponderados fatores de mérito académico e de apoio social. Critérios mais precisos serão definidos antes do processo de seleção ter início;

* A bolsa estará, obrigatoriamente, ligada à área técnica em que a empresa desenvolve a sua atividade;

* O alunos terá, obrigatoriamente e em moldes a definir antes do processo de seleção ter início, de colaborar de forma ativa e não remunerada com a empresa que o apoia.

Assim, em conclusão, vimos por este meio convidar a vossa empresa a integrar este projeto, cujo início terá lugar no ano letivo de 2015/2016.


Deixamos à consideração de V. Exa. esta nossa intenção, a ser debatida e aprofundada, quando lhe parecer conveniente. 

UM ANO DEPOIS


As eleições autárquicas foram há um ano. Nesse dia fui à Póvoa de S. Miguel celebrar a vitória. Hoje também irei, para celebrar o dia 29 de setembro de 2013. E para participar nas festas do padroeiro.

No dia 20 de outubro farei um balanço sobre este ano que passou.

domingo, 28 de setembro de 2014

A PROPÓSITO DO IMI NO CONCELHO DE MOURA

Causou grande agitação aqui no burgo a notícia de baixa do IMI decidida por uma câmara do distrito de Beja. Hossana nas alturas! Aleluia! Milagre! Isto sim, são câmaras comodevedeser! Teria a Câmara de Moura coragem para mexer nesta taxa?

Curiosamente, mexer nestas taxas é sempre um bocadinho o Robin dos Bosques ao contrário... Quem mais beneficia é quem mais tem... Mas adiante. E aqui vai o esclarecimento, para tranquilidade de algumas almas dadas à demagogia barata:

1) A Câmara de Moura não pode baixar o IMI, porque...

2) A Câmara de Moura tem a taxa mínima (0,3%) e não pode ir abaixo desse valor;

3) Cada um sabe de si e não comento as decisões de outros Municípios.

PATRIMÓNIO - O VELHO E O NOVO


Pausa (é maneira de dizer... Moura-Santo Aleixo-Moura-Santo Aleixo-Moura-Póvoa-Moura, entre BTT, futebol e festa de S. Miguel) dominical para recordar estas dias, em que se celebra o património. Deixo-vos este interessante exercício fotográfico, onde se colam duas imagens: da construção (A. Serra Ribeiro) à atualidade (Pedro Silva). São os célebres Passos Perdidos, no nosso parlamento. Do velho se faz novo. Sempre.

Site: www.parlamento.pt

DIVA WILHELMENIA

A cantora é a deslumbrante Wilhelmenia Wiggins Fernandez (n. 1949). Que canta? A ária "Ebben? Ne andrò lontana", da ópera "La Wally", de Alfredo Catalani (1854-1893). Tem a ver com viajar sozinha e estar longe de casa.

Esta peça musical desempenha um papel central no filme Diva, obra de estreia de Jean-Jacques Beineix (n. 1946), no ano de 1981. Gostei de "Diva", na altura (não o voltei a ver), pelo tom de film noir, pelo forte grafismo, pela ópera e por Wilhelmenia Fernandez. Vi-o sozinho, como então sempre fazia, algures em Lisboa (talvez no já desaparecido Quarteto).

Este filme, hoje pouco citado, é a escolha cinéfila deste domingo.


sábado, 27 de setembro de 2014

CASQUINHA E CARAVELA - 35 ANOS DEPOIS

Foi há 35 anos. Recordo-me do dia com se fosse hoje. Dois trabalhadores da UCP Bento Gonçalves, no concelho de Montemor-o-Novo, foram mortos a tiro, durante uma ação de protesto. António Casquinha, de 17 anos, e José Geraldo "Caravela", de 54, militantes comunistas, já não voltaram casa, nessa trágica quinta-feira.

A força da GNR disparou para ar... Era primeira-ministra Maria de Lurdes Pintasilgo. Era Ministro da Agricultura Joaquim da Silva Lourenço. Era Ministro da Administração Interna Manuel Costa Brás. Era Ministro da Justiça Pedro Sousa Macedo, mais tarde presidente do Supremo. Não houve conclusões. Ninguém foi acusado. Ninguém foi responsabilizado.

O momento foi imortalizado por João Hogan. A extraordinária tela pertence à Câmara Municipal de Cuba. Depois de ter sido ocultada entre 2001 e 2013, foi agora recuperada, ocupando merecido lugar de destaque no gabinete de meu colega e camarada João Português.


A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome pra qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue dum peito aberto sai

O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o pintor morreu

Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina, à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou

Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada, há covas feitas no chão


E em todas florirão rosas duma nação

(José Afonso)

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

iSelfie

Uma selfie com um iPad. Ou uma iSelfie, se preferirem, uma vez que não apareço. Hoje de manhã, no Museu de Arte Contemporânea de Elvas. O labirinto de espelhos e madeira é obra do escultor José Pedro Croft (n. 1957). Foi uma jovem e simpática vigilante do museu quem me informou que era suposto os visitantes enfiarem a cabeça na escultura. OK, assim se fez.

Uma escultura borgesiana. A fazer lembrar o final do filme The lady from Shangai, de Orson Welles. Ele próprio o cineasta borgesiano por excelência.

A coleção António Cachola veio dar-me algumas ideias. Um almoço recente, durante o qual falei com o proprietário deste magnífico espólio, veio lançar pistas para um futuro próximo. Para Moura ou para a Amareleja. A suivre.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

COM OS RENDEIROS DA HERDADE DOS MACHADOS

Terça-feira foi dia de acompanhar a comissão que representa os rendeiros da Herdade dos Machados à Assembleia da República. Um dia inteiro de contactos, que culminou com uma reunião, às 15 horas, com a Comissão da Agricultura e Mar. Um dia inteiro de promessas. Um dia inteiro de esperanças. O futuro parece um pouco, mas só mesmo mais um pouco, desanuviado. Entre as intenções e as atitudes políticas vai, muitas vezes, um abismo.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

SANTO AMADOR TECNOLÓGICO

Por ocasião do 1º aniversário da tomada de posse do atual executivo da Câmara de Moura irá ter lugar uma iniciativa intitulada Santo Amador Tecnológico. É possível a tecnologia ter lugar no quotidiano da freguesia mais pequena do concelho? É. Pode uma comunidade mais avançada, em termos etários, participar na evolução tecnológica do século XXI? Pode e deve.

Santo Amador Tecnológico ocorrerá de 20 a 22 de outubro. Ideias fortes? A apresentação ao público do novo site do Município, a realização de várias sessões de skype par contacto com os santo-amadorenses da diáspora, a concretização de sessões ao vivo do canal MEO Santo Amador TV (com a colaboração do nosso amigo Hélder Coelho). Sessões sobre segurança informática, eventos culturais e uma reunião de câmara completarão a iniciativa. Programa completo dentro de dias.

A Lógica e.m. participa ativamente neste evento. A Rádio Planície, com emissões a partir da nossa aldeia, é também parceira no projeto.


A arte cinética de Victor Vasarely (1906-1997) vai a par com esta vertente tecnológica.

Ver o site: http://www.fondationvasarely.fr

terça-feira, 23 de setembro de 2014

POP-OFF

Serve este texto para elogiar, com vigor e entusiasmo, um magazine fora das normas que começou a passar, na RTP 2, há 24 anos. Durante quase três anos fui seguindo a originalidade de uma linguagem visual então muito pouco comum (alguns enquadramentos faziam lembrar um pouco os do Mr. Bean em férias...). Durou até ao verão de 1993.

Não sei por que raio me fui lembrar do pop-off, mas deve ser dos dias e da mudança de estação. E do engarrafamento em que estou metido, à entrada de Lisboa. É mais ou menos isso e tudo o resto...

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

MOURA VISTA DO CÉU

Trabalho do meu amigo Rui Ferreira, da empresa RF-FOTOGRAFIA AÉREA & 360º.

Voo de 3 minutos sobre a cidade de Moura:

AGORA, QUE JÁ NÃO HÁ VERÃO...

Parece que não começou, mas acabou. Um verão estranho e fresco. Como em 1989, ano que foi de fracas recordações.

O frio é um pouco como o das fotografias de Neal Slavin, o americano que, em 1968, andou por Portugal. Daí resultou um livro, editado em 1971, com um posfácio interessantíssimo de Mary McCarthy. A realidade fotografada por Slavin é bisonha, a relatada por McCarthy é ainda mais cinzenta. Há tradução portuguesa, editada pela Fundação de Serralves, em 1990.

Post outonal, num ano sem verões.




Chove. Há SilêncioChove. Há silêncio, porque a mesma chuva 
Não faz ruído senão com sossego. 
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva 
Do que não sabe, o sentimento é cego. 
Chove. Meu ser (quem sou) renego... 

Tão calma é a chuva que se solta no ar 
(Nem parece de nuvens) que parece 
Que não é chuva, mas um sussurrar 
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece. 
Chove. Nada apetece... 

Não paira vento, não há céu que eu sinta. 
Chove longínqua e indistintamente, 
Como uma coisa certa que nos minta, 
Como um grande desejo que nos mente. 
Chove. Nada em mim sente... 

Fernando Pessoa (Cancioneiro)

domingo, 21 de setembro de 2014

UMA CIDADE E O SEU MUSEU: 4/20 - BRUXELAS

Pode uma cidade onde só estivemos um único dia marcar-nos de forma decisiva? Pode. Aconteceu-me com Bruxelas. Fui a Bruxelas porque havia um mouvement social na Biblioteca Nacional, em Paris. Um mouvement social não é bem uma greve, aproximando-se mais do plenário de trabalhadores. Esta particularidade do mundo laboral gaulês vai dar mais ou menos ao mesmo: empanca tudo.

Portanto, aí vou eu, no Thalys, a caminho de Bruxelas. Não faço ideia, mas não faço mesmo, porque me terei encaminhado para o Musée du Cinquantenaire, que nem sequer é dos sítios mais conhecidos ou citados. Foi um momento de revelação. Ao entrar na Sala de Apameia fiquei paralisado. A magnificência do Oriente mal cabia na vastidão da nave. Naquele momento pensei, sem programa, "tenho de arranjar maneira de ir a Apameia". Fui à Síria, dois anos mais tarde. Lembrei-me de Bruxelas, no fim da tarde de Apameia, bem perto do Oronte. Uma viagem irrepetível, a todos os títulos. E que me marcou, do ponto de vista pessoal e no meu percurso de investigação.



Site do museu:
http://www.kmkg-mrah.be/fr/bienvenue-au-mus%C3%A9e-du-cinquantenaire

sábado, 20 de setembro de 2014

MAIS MOURA

São conhecidos os nomeados para os Prémios Mais Alentejo, edição de 2014.

O concelho de Moura tem tripla representação:

CATEGORIA MAIS LITERATURA - Carlos Campaniço

CATEGORIA MAIS PATRIMÓNIO - Igreja do Espírito Santo

CATEGORIA MAIS PATRIMÓNIO - Quartéis de Moura

É interessante este reconhecimento ao trabalho de reabilitação que se vem desenvolvendo. É interessante também verificar que em cinco nomeações nesta categoria duas são mourenses...

Votação online:
http://rjbatista.net/revistamaisalentejo/2014/index.html




THE BIRTH OF A NATION

O filme é abjetamente reacionário e racista. Contudo, do ponto de vista conceptual, e nomeadamente quanto ao entendimento do que significa montagem, foi/é uma obra crucial na História do Cinema. David Wark Griffith (1875-1948) consegue aguentar uma narrativa ao longo de três horas, sem que o ritmo ou a lógica do argumento se desvaneçam. Um sentido romanesco que seria, a partir daí, regra.

Abomino os preconceitos de D.W. Griffith. E muitas das cenas de O nascimento de uma nação são marcadas por uma certa balbúrdia cenográfica...

Lembrei-me de o colocar aqui por causa do referendo de dia 18, na Escócia. No caso dos escoceses seria mais o renascimento de uma nação. Fiquei aliviado com a vitória do "não". Não entendo os entusiasmos independentistas que, à esquerda, se manifestam, de forma quase epidérmica. Sou, nestas matérias, muito conservador. Defendo as estabilidades territoriais e temo as caixas de Pandora. Olhe-se a Leste sff... 


quinta-feira, 18 de setembro de 2014

PERET (1935-2014)

Tardiamente se refere aqui no blogue a morte de Peret. O seu desaparecimento passou quase à margem da nossa imprensa. Na vizinha Espanha, Peret tinha notoriedade nacional, aqui era visto como mais uma daquelas folcloradas espanholas. Nos meus tempos de infância, e a despeito do entusiasmo que Peret suscitava na família de Paymogo, embirrava com Peret e com tudo o que cheirasse a rumba. Depois, as coisas mudam, oh, se mudam... Passei a gostar de rumba, de Manolo Escobar, dos Marismeños, de Perlita de Huelva, de Antonia Molina, de Concha Piquer... O tempo muda-nos, se muda...

Em homenagem a Peret, aqui vos deixo o borriquito, com patilhas e gravatas discretas e tudo:

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

10-LIVROS-10


10-LIVROS-10

Foi daquelas coisas do facebook. Lançam um desafio e nós temos de responder e depois reencaminhar para 10 pessoas. Uma espécie de ponzi, em versão internet. A este desafio achei alguma graça e então resolvi responder. Tinha de indicar dez livros que me tivessem marcado. Sem preocupações de indicar clássicos ou de tentar impressionar. OK. Aqui vai uma escolha, com livros que, por uma razão ou por outra, foram decisivos. Faltam clássicos que, tendo sido importantes e enquadradores, não foram cruciais. Com uma exceção, são obras lidas antes de ter completado 30 anos. Outras sete foram lidas antes de 1983. É quando o cimento está fresco que nele se escreve...

O estrangeiro – Albert Camus
O drama de João Barois – Roger Martin du Gard
Clarissa – Erico Veríssimo
A menina gotinha de água – Papiniano Carlos
O fio da navalha – Somerset Maugham
Portugal na Espanha Árabe – António Borges Coelho
Crónica de uma morte anunciada – Gabriel García Márquez
Pharos & Pharillon – E.M. Forster
Os Maias – Eça de Queirós
Modos de ver – John Berger

Podia ter acrescentado estas quatro:
Port-Soudan – Olivier Rolin
O auto da barca do Inferno – Gil Vicente
Como se faz uma tese – Umberto Eco
Getting to know the general – Graham Greene

Ficam para quando me pedirem o top-20.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

VÉSPERAS

Foi hoje, pelas vésperas. Terminava ali um proveitoso encontro com as responsáveis do ICNF. A tarde foi longa, entre a reunião na sede da Contenda e o percurso pela herdade. No final, pelas vésperas, só o silêncio da Tomina e um céu-western. O regresso foi também em silêncio, pensando nos dias passados e nos que hão-de vir.

Poema de David Mourão-Ferreira.


Já o silêncio não é de oiro: é de cristal; 
redoma de cristal este silêncio imposto. 
Que lívido museu! Velado, sepulcral. 
Ai de quem se atrever a mostrar bem o rosto! 

Um hálito de medo embaciando o vidrado 
dá-nos um estranho ar de fantasmas ou fetos. 
Na silente armadura, e sobre si fechado, 
ninguém sonha sequer sonhar sonhos completos. 

Tão mal consegue o luar insinuar-se em nós 
que a própria voz do mar segue o risco de um disco... 
Não cessa de tocar; não cessa a sua voz. 
Mas já ninguém pretende exp'rimentar-lhe o risco! 

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

NOTAS SOLTAS SOBRE A FEIRA


Quatro dias intensos no Parque Municipal de Feiras e Exposições. Começou assim. Depois da sessão de abertura cumprimentei os moços dos Caprichosos. Não foi a única presença amarelejense na Feira. Tony das Carreiras conseguiu um assinalável sucesso na noite de sábado. Houve música, de muitos grupos locais. Houve mais um fórum da Escola Nacional de Caça, Pesca e Biodiversidade. Houve um concurso de méis. Houve uma assembleia-geral da APIVALE, na qual a Herdade da Contenda foi admitida como sócia. Houve danças de salão. Houve artesanato. Houve animação para os mais pequenos. Houve concurso de petiscos.

No meio de tudo isto, das entrevistas às estações de rádio, de uma gratificante ida à corrida de touros (pois é, temos mesmo um Grande Grupo de Forcados nesta terra), do simpático convite que os moços dos bombeiros me fizeram, do caloroso acolhimento que tive na intervenção final - na qual manifestei o apoio (jurídico, se necessário) da Câmara de Moura às comissões de festas e às coletividades -, das noites de convívio com os amigos de sempre, o balanço pessoal só pode ser claramente positivo.

Próxima feira: em dezembro, na Amareleja.

Aditamento (sms recebida há pouco, enviada pelo Eng. José Venâncio, da Herdade dos Cotéis): "Santiago tivemos a melhor feira de setembro dos últimos 4 ou 5 anos. É importante passar esta informação. Abraço JV"

PROSKYNESIS

Depois de cruzar o Augusteum, o imperador chegava ao vestíbulo sudoeste da Grande Catedral e passava debaixo do seu mosaico. No narthex interior de Hagia Sophia, encontrava-se com o Patriarca. Continuavam juntos em direção à Porta Imperial, a mais alta e, simbolicamente, a mais importante, que estava reservada ao imperador. Fazendo uma pausa neste local, o Patriarca pronunciava uma oração e fazia três vezes a proskynesis. Depois de completada a oração, os dois homens e os seus séquitos passavam, numa verdadeira parada, em direção ao santuário.


Lembrei-me desta conhecida descrição da entrada do imperador bizantino em Santa Sofia, depois de assistir ao desfile de funcionários da ASAE, das Finanças e da Segurança Social. Uma parada em tom oriental, na passada sexta-feira. À margem da Câmara Municipal e da própria PSP.

Continuo a ter a convicção que o papel fiscalizador e moralizador da ASAE, das Finanças e da Segurança Social é absolutamente insubstituível. Mas, em casos como este, a componente pedagógica tem de sobrepor-se à repressiva e à intimidatória. Quem foram os alvos na passada sexta-feira?

As contas e a faturação das Comissões de Festas e das Coletividades, entidades cuja vida não é propriamente de luxo ou ostentação.

Vivemos num País onde é mais fácil vigarizar o Estado em milhares de milhões do que em contribuir, de forma voluntária e desinteressada, na promoção de uma festa ou desenvolvimento de uma coletividade.

domingo, 14 de setembro de 2014

PARTIDO SOCIALISTA - HOLÍSTICA, HERMENÊUTICA E HEURÍSTICA



Aquilo que se passa noutros partidos interessa-me de forma marginal, ou lateral. Mas admito que me tem impressionado bastante o percurso recente do Partido Socialista.  E aqueles debates a dois em tom kamikaze são surpreendentes. Fazem-me lembrar a cena do esquadrão suicida no final do filme A vida de Brian. Pedro Passos Coelho deve estar aliviado...

RECUERDO DE CHEFCHAOUEN

Post dominical, em dia de recordações. O título é um pouco como aqueles postais ilustrados hiperfoleiros que se compravam nas férias e se mandavam aos amigos...

A fotografia tem 15 anos e foi tirada num domingo de setembro de 1999. A exposição Marrocos-Portugal: portas do Mediterrâneo estava quase montada (à conta de jornadas de trabalho de 13/14 horas) e fez-se um dia de pausa. Fomos a Chefchauoen, nas montanhas do Rif. Não retenho grande coisa desse dia, a não ser as ruas e a cor azul da cal, a praça no centro da cidade velha e um inglês atascado em haxixe, que encontrámos várias vezes ao longo do dia.

A exposição foi um dos momentos mais marcantes do meu percurso profissional. Representou também uma (a?) viragem na minha vida. Várias decisões cruciais se tomaram nesse ano de 1999. Há pontos de não retorno que condicionam o resto. Sem o imaginar, o regresso a Moura começou aí a tomar forma...

Das notas de viagem resultou, em 2001, a colaboração num livrinho, hoje esgotado. Reproduzirei o texto, dentro de dias, aqui no blogue.

Este post tem a ver com este grupo, de quem tenho imensas saudades. Encontro, com pouca regularidade, três deles. Os outros são só uma feliz recordação.


Da esquerda para a direita: o autor do blogue (en touriste, com a Leica R7...), Rui Patarrana, Sandra Cruz, Luís Campos, Pedro Moreira, Conceição Amaral, João Gabriel Isidoro e Cláudio Torres.

sábado, 13 de setembro de 2014

ALMODOVAR Y ALMODOVAR...

Uma conversa em Mértola. Vai um turista esloveno e pergunta a uma senhora de Mértola:

- Almodôvar é aqui perto, não é?
- Sim, fica a 40 quilómetros.
- Foi aí que nasceu o famoso cineasta português, não foi?
- Qual cineasta?
- Pedro Almodovar.

Agora digam lá que ninguém sabe onde fica o nosso País...


Pedro Almodovar e Rossy de Palma, que não é, que se saiba, parente dos Palma que vivem na zona do Campo Branco.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

OS AMARELEJENSES

Em 2001 foi publicado um livro sobre as festas de Moura, em 2010 um registo "impressionista" sobre Santo Aleixo. O terceiro painel arranca agora, com um trabalho fotográfico das pessoas e dos ambientes da Amareleja. Será esse mesmo o título do livro: Os amarelejenses. Data de edição: 2016.

Quem é o fotógrafo? José Manuel Rodrigues.

Currículo brevíssimo do artista:

José Manuel Rodrigues nasceu em Lisboa em 1951. Viveu em Paris, França (1968/1969) e nos Países Baixos entre 1969 e 1993. Nos Países Baixos estudou fotografia nas Escolas Superiores de Fotografia em Haia e de Apeldoorn (1975-1989).

Foi co-fundador da Perspektief - Associação de Artes, e responsável pela programação das exposições da respectiva galeria.

Foi membro da Associação de Fotógrafos de Arte (G.K.F.) e da Amsterdamse Kunstraad (Conselho para as Artes, Amesterdão) entre 1987 e 1992.

Recebeu o prémio Vrije Creatieve Opdracht em 1982 (Prémio de Fotografia Criativa) pelo Amsterdamse Kunstraad (Conselho para as Artes, Amesterdão) em 1982.

Em 1999, foi galardoado com o Prémio Pessoa pelo conjunto da sua obra artística e pela sua contribuição às artes em Portugal. A Culturgest dedicou-lhe, nesse ano, uma exposição retrospetiva.

A sua obra está representada em várias colecções privadas e públicas, entre as quais, em Portugal, na Culturgest, Museu de Serralves, BES-foto, Centro Português da Fotografia, Centro das Artes Visuais, e no estrangeiro no Dutch Art Foundation, Van Reekum Galerie (Apeldoorn), Prentenkabinet (Leiden), La Bibliotheque Nationale (Paris), entre outros.

Fonte: http://triplov.com/cyber_art/jm_rodrigues/index.htm


quinta-feira, 11 de setembro de 2014

(EX)CITAÇÕES

"[Santiago Macias] tentando no seu arrazoado explicar o inexplicável e atirando poeira para os olhos dos mais incautos (...)".

"[Santiago Macias] resolve bolçar sem escrúpulos um ataque sem qualquer fundamento à actividade da actual Junta (...)".

"(...) uma afirmação destas só pode vir de alguém que está a precisar de reforçar as dioptrias e sofre de clara miopia política (...).

Excertos de um texto de António Valadas Gonçalves, presidente da Junta de Freguesia da Amareleja, hoje publicado num órgão de comunicação social. Só me ocorrem palavras como nível, classe, elegância...

O estado da obra do pavilhão, na passada segunda-feira

CENOGRAFIA NUM MUSEU DE PROVIDENCE

A fotografia foi feita, na primavera de 2004, no Museum of Art, em Providence. A Brown University, uma das oito da ivy league, era a minha penúltima paragem de um circuito de conterências. A cidade é agradável e pude andar por ali vários dias, num ambiente que pouco tem a ver com o das universidades europeias. Recordo um extraordinário ciclo de cinema peruano. E a recomendação da Clara "não dês menos de gorjeta menos de 10% da fatura; não faças figuras...". Um dos pontos de paragem foi o museu. Numa das salas, dei com este arranjo, um pouco maroto. Uma estátua, de seio desnudado, tem como companhia um busto masculino, que "olha" nessa direção. A cenografia pode considerar-se marota e tantaliana. Ele nem braços tem, coitado...

Ao mostrar o meu pobre ensaio fotográfico a uma amiga, artista plástica, comentou: a tua fotografia tem um toque gay. Não me explicou porquê. O mistério permanece, até hoje.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

BRASÕES COLONIAIS


Fui à Praça do Império (que também deveria mudar de nome já agora, que império é sinónimo de fássismo...) centenas de vezes. Nunca, até há pouco, reparei que havia ali símbolos do tempo da outra senhora. Há um vereador da Câmara de Lisboa que acaba de me informar desse facto...

Já há centenas de opiniões na net sobre o tema. Aqui vai mais uma:

1. Não faz sentido mudar a configuração ou o desenho da praça. Ela própria faz parte da história da cidade e do seu urbanismo.
2. Tudo aquilo está datado? Está. E o Parque Eduardo VII não está? E os jardins oitocentistas não estão? E depois?
3. Não só não deveríamos "apagar" os brasões, como deveriam ser recuperados. Como parte integrante da nossa História. Sem glorificações à treta do multiculturalismo e à treta da tolerância, e sem complexos pós-coloniais.

a) Santiago Macias, militante nº 220346 do Partido Comunista Português (o PCP não tem nada a ver com isto, mas é só para não se pensar que ando pela via direita...)

GÉNERO CANINO

Conversa com um velho amigo, depois de uma reunião bem mais séria:

Ele - O raio da cadela é chalada...
Eu - É uma doberman, não é?
Ele - Não.
Eu - Não???
Ele - É uma doberwoman. Se é fêmea, é woman.

O politicamente correto chega a toda a parte. Ninguém se livra disso. Nem as doberman. Ou doberwoman.

ASSEMBLEIA DISTRITAL DE BEJA - MAIS UM CAPÍTULO...


Mais uma página virada. Às tantas, no meio da sessão de ontem, lembrei-me dos folhetins radiofónicos e das fotonovelas. Carlos de Santander, Corín Tellado, por aí. Acho que vamos ter direito a final feliz, com por do sol, mesmo a preto e branco, e passeio na praia. Resultado da sessão de ontem (cf. proposta, umas linhas mais abaixo): 16 votos a favor da transferência de bens e recursos da ADB para a CIMBAL. 7 abstenções. 3 votos contra.

A próxima página deverá ser escrita pela CIMBAL. A minha missão, enquanto presidente da Assembleia Distrital de Beja, está quase cumprida.


PROPOSTA


Considerando que é importante a manutenção nos municípios, e na região, do património e do riquíssimo espólio da Assembleia Distrital de Beja (ADB);
Considerando a responsabilidade dos municípios junto dos trabalhadores e, em especial, junto do Museu Regional;
Considerando que, de acordo, com a Lei 36/2014 de 26 de junho, existe a possibilidade de, no prazo de quatro meses, transferir a universalidade de bens e recursos da ADB para uma entidade regional;
Considerando ainda que a entidade supramunicipal mais representativa do distrito é a CIMBAL;

Propõe-se:
1. Que a Assembleia Distrital de Beja delibere, nos termos dos artigos 2º e 3º da lei 36/2014 de 26 de junho, propor à CIMBAL a transferência da universalidade dos seus bens e recursos;
2. Que se prepare, em simultâneo, e de forma juridicamente fundamentada, a solução de enquadramento que assegure e defenda os interesses, posições remuneratórias e carreiras dos trabalhadores na nova entidade recetora;
3. Que, no âmbito desse enquadramento, se mantenha a proporcionalidade financeira atualmente existente, redistribuindo-se na mesma dimensão a participação referente ao Município de Odemira.


Beja, 9 de setembro de 2014
O Presidente da Mesa da Assembleia Distrital de Beja



/ Santiago Augusto Ferreira Macias /