quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

LABIRINTO...

Labirinto ou não foi nada


Talvez houvesse uma flor 
aberta na tua mão. 
Podia ter sido amor, 
e foi apenas traição. 

É tão negro o labirinto 
que vai dar à tua rua ... 
Ai de mim, que nem pressinto 
a cor dos ombros da Lua! 

Talvez houvesse a passagem 
de uma estrela no teu rosto. 
Era quase uma viagem: 
foi apenas um desgosto. 

É tão negro o labirinto 
que vai dar à tua rua... 
Só o fantasma do instinto 
na cinza do céu flutua. 

Tens agora a mão fechada; 
no rosto, nenhum fulgor. 
Não foi nada, não foi nada: 
podia ter sido amor. 




O poema de David Mourão-Ferreira (1927-1996) veio depois de ter visto este Labirinto, pintado em 1984 por Jorge Martins. Cores fortes, ainda que a composição pareça datada. Interessou-me pelo título, por ser uma bonita tela e por ser contraditória quanto ao texto do poema. Cor e sombras no labirinto. E quem pode ter a certeza quanto aos labirintos?

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