terça-feira, 12 de setembro de 2017

SILÊNCIO


EL SILENCIO

Oye, hijo mío, el silencio. Es un silencio ondulado, un silencio, donde resbalan valles y ecos y que inclina las frentes hacia el suelo.

Quadro de Nikolay Nikanorovich Dubovskoy (1859-1918), intitulado Silêncio e pintado em 1890. O poema é de García Lorca (1898-1936).

A noite de ontem passou-se sob o signo do silêncio. Sem nuvens, contudo. Lembrei-me de um texto já com uns anos: "A Rua de Serpa estava deserta, a dos cafés também, no largo apenas se ouvia o rumor dos papéis que o vento levantava e depois ia pousar no mesmo sítio, exactamente no mesmo sítio. Lembro-me das gambiarras balouçando devagar na primeira aragem da manhã, as lâmpadas apagadas e já sem préstimo. Passaram pelo largo dois grupos de rapazolas. Trocaram piadas. Lembro-me que eram iguaizinhas às de há quase trinta anos. Resignado ao passar do tempo e já cansado, e sem ter a Júlia para me empurrar por entre resmungos, caminhei sozinho em direcção à Salúquia". Agora, quando regressar a casa, não me sentirei nem cansado nem nostálgico nem com pena ou lamento. Irei pelo silêncio. E recordarei para sempre o silêncio desta noite.

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