sexta-feira, 27 de abril de 2018

COMO SE ACABA UMA TESE

Era um dos livros mais populares e mais usados na Faculdade de Letras de Lisboa. A obra de Umberto Eco não é exatamente um livro de metodologia. Sempre me pareceu mais uma dissertação ou um divertimento intelectual que outra coisa. Confesso que, do ponto de vista prático, me foram muito mais úteis o Guia do Estudante de História Medieval Portuguesa, de A.H. Oliveira Marques, e Noções de metodologia para a eleboração de um trabalho científico, do jesuíta Júlio Fragata. Tive a sorte de ter Oliveira Marques como professor no mestrado, em 1991/92, na Universidade Nova.

Licenciatura na Faculdade de Letras, Mestrado na Nova, Doutoramento em Lyon. 1985/1995/2005. No meio de uma geograficamente errática carreira (nunca gostei de endogamias, nem de amarras, e escolhi sempre sítios diferentes para cada grau, prática que continuarei um dia com a habilitation...), sempre tive como certo que a parte mais difícil de um trabalho é o seu remate. A meio das teses teme-se, muitas vezes, o naufrágio (aconteceu-me em 2003...), o final é sempre tumultuoso, em ritmo operático. Já perto do fim, o computador, uma porcaria dum COMPAQ, estoirou. Dois capítulos foram ao ar. Investi num MAC, dando(-me) razão: não há nada como os MAC. Ainda dura, ao fim de 15 anos...

Coda: salvar texto em cima de texto. Para evitar "perder-me" (aquela cena do Final1, Final 2, etc. dá sempre barraca) adaptei um sistema semelhante ao que usava no projeto Discover Islamic Art, no qual trabalhava em paralelo. Mantinha, por precaução, ficheiros anteriores. Aos novos dava um número com dia/mês/ano/hora de armazenamento. O ficheiro mais recente tem este "estranho" código: 2704051248. Ou seja, na prática, terminei a minha tese numa quarta-feira, 27 de abril de 2005 AD, às 12.48. Na próxima, vou tentar ser mais disciplinado. Escrever menos. E levar menos tempo.


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