terça-feira, 24 de abril de 2018

CRÓNICAS OLISIPONENSES - I

A moda das hortas urbanas em tom pequeno burguês é coisa recente. Fazem, contudo, parte da minha memória remota. Havia-as em torno de Queluz, ao longo da ribeira de Carenque, há mais de 40 anos. Foram ficando, último reduto de resistência dos emigrantes cabo-verdianos. E dos beirões e dos alentejanos arreigados ao sítio de origem.

Estas hortas, já antigas, dão um toque de desordem mediterrânica nos subúrbios de toque tecnológico. Em Miraflores, ao lado das torres hi-tech, há hortas assim. Hoje, pela manhã, no meio de improvisadas barracas-armazém. saltaricavam galinhas anafadas. Punch-line. À saída da CRIL há cadeiras de plástico vermelhas penduradas em árvores, ao jeito de espantalhos. E, em engenhosas torres de babel, banheiras em esmalte (v. fotografia) que servem de depósitos de água para rega. Um mundo de improvisação, criatividade e esforço. Um toque do sul no cinzento setentrional.

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