sexta-feira, 31 de maio de 2019

CARO LEITOR DE "A PLANÍCIE"

Peço desculpa por, uma vez mais, tornar a temas que têm sido mais que conversados e que, pensava eu, estavam arrumados. Não estão, porque há quem pense que uma mentira muitas vezes repetida pode tornar-se verdade. Não é assim, como facilmente veremos.


Num muito recente artigo de opinião, decidiu o Presidente da Câmara de Moura atacar o seu antecessor. Que é o autor deste artigo. O tempo passa e a obsessão mantém-se. Já lá vão 570 dias desde que deixei funções. Nem assim Álvaro Azedo sossega. Ele lá saberá porquê…

Não me merecem comentários frases de Álvaro Azedo, a meu respeito, como “suspendeu um mandato (…) porque tinha de tratar da sua vidinha” ou “se acha tão melhor que os outros ao ponto do seu partido lhe ter virado as costas”. Não há resposta para este nível de escrita.

Mais complicado é Álvaro Azedo continuar a insistir na mentira de “os executivos CDU nunca honraram o compromisso de pagar a água que compraram à AGDA e venderam à população”. Vou voltar a repetir números e factos, para que não restem dúvidas. Foi feito um acordo para pagamento da dívida, votado em 2014 pela Câmara Municipal e pela Assembleia Municipal, e que contou com os votos favoráveis do PS. A Câmara Municipal pagou, entre 2015 e 2017, um total de 3.578.000 euros à AGDA. Quando deixei de ser Presidente da Câmara, a dívida ainda existente era de 1.163.000 euros. Em 31 de dezembro de 2018 era de 1.708.000 euros. Sob a gestão de Álvaro Azedo a dívida aumentou 545.000 euros. Estes são os números oficiais e não vale a pena andar com malabarismos.

Descabidas são as afirmações a propósito da Torre do Relógio da Amareleja. Custa a crer que o projeto tenha sido “feito contra a vontade do povo”, como escreve Álvaro Azedo. Muito pior é dizer, a meu respeito: “conseguiu assinar dois protocolos distintos com dois párocos da Amareleja” e “aproveitou as férias de um para assinar um novo protocolo com outro, alterando o compromisso que tinha com a Fábrica da Igreja da Amareleja”. Ou seja, atribui-me a infame atitude de, à socapa, andar a modificar documentos para enganar pessoas.

Existem, efetivamente, dois protocolos, porque o primeiro documento não era totalmente adequado às condições exigidas para a candidatura a apresentar aos fundos comunitários, tendo em vista o financiamento da obra. Só assim se entende que os dois protocolos (o de 2015 e o de 2016) tenham sido aprovados por unanimidade (votos da CDU e do PS) nas reuniões de câmara.

Facto fundamental, conseguimos um apoio para a concretização da obra na ordem dos 85%, pagando a Câmara apenas os 15% remanescentes. A única alteração relevante no segundo documento é a diminuição do direito de superfície (ou seja, da posse do edifício) de 30 para 12 anos. Ou seja, a Fábrica da Igreja recupera a posse plena da Torre 18 anos antes do que estava previsto. Estiveram, em todo este processo, subjacentes princípios de boa fé e de lealdade, que são devidos à Fábrica da Igreja da Amareleja, o que fica claro não só porque tem de volta o edifício completamente recuperado muito antes do que estava previsto, como pelo facto (e isso ficou escrito no segundo documento) de ser a Fábrica da Igreja “a única usufrutuária do espaço da Igreja do Relógio da Amareleja” (cláusula sexta). Ou seja, em que é que enganei as pessoas, sr. Álvaro Azedo?

Dediquei 24 anos de vida ao concelho (12 na Assembleia Municipal, dos quais 4 como presidente; 12 na Câmara, dos quais 4 como presidente). Entendo os lugares autárquicos como sítios de honra. A forma como Álvaro Azedo pretende atingir-me – querendo lançar sobre mim lama e suspeições – não é séria nem decente.

Deixo uma garantia final. Continuarei presente em Moura. E estarei sempre empenhado no futuro da minha terra.


Crónica em "A Planície" (1.6.2019)

2 comentários:

Jorge disse...

Mal conheço o Santiago, sei que é um historiador e intelectual, penso que é uma pessoa decente e com bom nível.
Não conheço o atual presidente da CMM para fazer qualquer consideração séria.
Mas penso que o Alentejo precisa de nós todos, não me parece que o confronto e a desconsideração sejam a melhor via para as soluções dos problemas que a região tem.

Paulo Amorim disse...

Que tristeza teres de enfrentar tudo isso, caro Santiago!
Mas a tua única consolação reside no facto do povo da tua terra se lembrar seguramente sempre de ti e do teu esforço. O resto,
são os cães a ladrar...