quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

NÃO É MARQUÊS DE POMBAL QUEM QUER

Ao fim de todo este tempo, ainda não percebi, e sem ponta de ironia o digo, qual a agenda e o caminho do Ministro do Ambiente. O discurso é, com frequência, errático e disparatado. A última ideia apresentada, defendendo a mudança de aldeias de sítio, é o exemplo acabado da sobranceria urbana. Muito antes de se emitirem juízos de valor sobre a localização de aldeias nas margens do Mondego, haveria que reequacionar a localização da maior parte das urbanizações à volta de Lisboa. O que aconteceu em 1967 e, em menor grau, em 1983, não foi fruto do acaso. As inundações cíclicas nas baixas do Porto, de Águeda ou de Albufeira ainda não levaram a que se equacionasse um mudança de sítio de qualquer dessas cidades. Que há erros de planeamento acumulados é coisa de que não se duvida. Que sejam os aldeãos das margens do Mondego a pagar as favas é que não me parece lá muito justo.

Registei também, com grande interesse, a celeridade do governo em reparar os diques e repor a situação antes existente. Não tivemos a mesma fortuna, no Sobral da Adiça. A obra ficou, toda ela, a cargo da Câmara de Moura. Um processo marcante e que (me) deixou fundas cicatrizes.

João Matos Fernandes, um especialista em transportes, vai fazer tudo o que se propôs? Da reparação dos diques, falaremos daqui a dois meses. Quanto à mudança das aldeias, é pouco provável que aconteça. Afinal, não é Marquês de Pombal quem quer.

Obra de  Louis-Michel Van Loo (1705–1771) e de Claude Joseph Vernet (1714–1789).
Está na Câmara Municipal de Oeiras

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