quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

JOGO DE ESPELHOS

Tenho de admitir que fiquei aborrecido e triste quando, por diversas e difíceis razões tivemos de prescindir dos Passos Perdidos para a exposição "Guerreiros e Mártires".

Hoje, de manhã cedo, andei dentro e fora de Arte Antiga. Da luz difusa de fora para a fantástica instalação de José Capela (espelhos, reflexos e perspetivas)  nesses mesmos Passos Perdidos. Senti-me compensado. Senti-me tentado a usar Borges, mas preferi Álvaro de Campos.

Depois, houve uma rajada de visitas guiadas (três), a pouco tempo de começar o confinamento.


Depus a máscara e vi-me ao espelho. —

Depus a máscara e vi-me ao espelho. — 

Era a criança de há quantos anos. 

Não tinha mudado nada... 

É essa a vantagem de saber tirar a máscara. 

É-se sempre a criança, 

O passado que foi 

A criança. 

Depus a máscara e tornei a pô-la. 

Assim é melhor, 

Assim sou a máscara. 

E volto à personalidade como a um terminus de linha.











Sem comentários: