quarta-feira, 1 de junho de 2022

CARO JOSÉ MARIA PÓS-DE-MINA

Estamos em final de maio de 2022. Faz agora 17 anos que aceitei fazer parte de uma lista para a Câmara de Moura. Um passo importante na minha vida. E que mudou quase tudo.

Os oito anos como teu vereador foram de intensa participação e aprendizagem. De lealdade e de trabalho duro. Muito do que foi feito, entre 1997 e 2017, é hoje negado, posto em causa e denegrido. É algo que não posso admitir. É, como sabes, cada vez mais a hora de lutar pela verdade e de desmentir políticos de pacotilha que, sem a política, não têm carreira nem modo de vida.


Sei uma coisa por dever de ofício, por prática de investigação e pelo contacto com a realidade. Não é possível reescrever a História. Ou melhor, é exercício que tem limitações muito claras. Ao fim de algum tempo (podem ser meses, podem ser alguns anos), os factos emergem e a verdade vence. Como nos velhos filmes com final feliz.


Na nossa terra, começa a ser tempo de fazer essa verdade vir ao de cima e de eliminar velhas histórias com que, longamente, se foram iludindo uns tantos. Primeiro foi a fase da “arqueologia e dos museus”. Sempre me surpreendeu o razoável número dos que embarcaram nesse mito. E, verdade se diga, se não fossem os trabalhos de reabilitação urbana que deram nova vida aos Quartéis, à Mouraria, ao Castelo, ao Campo da Feira, à Zona Industrial, à zona do Matadouro nada de novo haveria para mostrar, feito nos últimos cinco anos. O terminal rodoviário foi acabado às três pancadas e com um objetivo muito distante do original. Designadamente quanto ao uso do primeiro piso. O projeto do antigo grémio foi abandonado e substituído por uma simples reparação da fachada.


O segundo mito foi a “dívida”. Espantosamente, a dívida era tão pesada que permitiu, no final de 2017, o pagamento das verbas em falta às juntas de freguesia. Aliada à dívida, vinha a necessidade de cortar nas despesas correntes. O que aconteceu? Um aumento da despesa corrente, que nos anos de 2018 e de 2019 (já com o atual presidente) pela primeira vez ultrapassou os 80%. Em números concretos, em 2017 (gestão CDU) a despesa corrente foi de 11.574.414,31€, passando para 12.385.622,61€ em 2018, 13.074.927€ em 2019 e 13.051.018€ em 2020. Onde está a diminuição tantas vezes reclamada? E onde houve aumento de investimento, já agora?


O tempo passa, e as promessas são repetidas: é o Centro Náutico, anunciado incessantemente e que nunca mais toma forma; é a Fábrica das Baterias (que, se bem recordo, vai abrir este mês); é o Convento do Carmo (vai mesmo em frente?); é o Centro Ciência Viva (onde anda esse?); são os investimentos na Contenda. Tudo polvilhado com vindas de ministros e secretários de estado, cuja presença é meramente turística.


Trabalho a sério vê-se muito pouco. Projetos de futuro ainda menos. As portas abertas fecharam-se e deram lugar à arrogância. Está na altura de denunciar a triste realidade dos factos e de continuar a batalhar pela construção de uma nova esperança.


“Podem enganar-se algumas pessoas o tempo todo. Podem enganar-se todas as pessoas durante algum tempo. Mas não é possível enganar todas as pessoas durante todo o tempo”. As frases são atribuídas ao presidente americano Abraham Lincoln. Assentam como uma luva a quem está à frente dos destinos do nosso concelho.


Crónica em "A Planície"


La bocca della verità, em Roma. Quem mentisse e lá metesse a mão, ficava sem mão...

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