quinta-feira, 10 de novembro de 2022

A ÁGUA NÃO DORME...

As recentes inundações ocorridas em Lisboa (em Alcântara - o sítio chama-se assim porque havia uma ponte sobre um ribeiro onde hoje estão a Avenida de Ceuta, a Rua João de Oliveira Miguens e a Rua de Cascais) levaram-me e uma memória ainda recente (2015) que ilustra bem o que se passa/passou. No caso de Lisboa, já não há ponte nem ribeiro. Mas a água passa, quando tem de passar. Seja por onde for.

Veja-se o exemplo de Albufeira:

O nome atual é Albufeira. A raíz está na língua árabe. A palavra que lhe deu origem é buhayra (lagoa, charco, açude ou, mais poeticamente, pequeno mar ou marzinho). O étimo é bahr = mar. A que propósito vem o arrazoado? É que, em tempos, o cerro do castelo de Albufeira estava rodeado por água, como se vê no desenho de Alexandre Massai. O mar não se detinha na Praia dos Pescadores, estendendo-se pela zona que hoje conhecemos como Av. 25 de abril. E pelas áreas circundantes, bem entendido. A lagoa que deu o nome à cidade deixou, há muito, de existir. No seu lugar há agora casas e ruas. Onde navegavam barquinhos estacionam hoje automóveis.

O mau tempo deste dia 1 de novembro [2015] veio, uma vez mais, explicar a razão de ser do nome do sítio. E a lógica topográfica da cidade. A inundação que aconteceu hoje irá, por isso, repetir-se no futuro.


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