segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

REGRESSO A UM CLÁSSICO

Iniciei, na semana passada, as aulas do seminário de Gestão e Proteção do Património Arqueológico. Há um livro que é de leitura obrigatória: Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico, de Orlando Ribeiro. Acho que este ano acrescentarei, a título de aconselhamento, os volumes da Arquitetura Popular em Portugal e Povo que canta, de Michel Giacometti. E Leite de Vasconcelos e Ernesto Veiga de Oliveira e Benjamim Pereira e Fernando Galhano. E Jorge Alarcão e António Borges Coelho e José Mattoso. Porque a arqueologia sem o resto e por si só não me faz (nunca me fez) sentido.

domingo, 27 de fevereiro de 2022

PERGUNTA EM RITMO CARNAVALESCO

Há Ciência Viva ou passou a Ciência Morta?

Já lá vão 16 meses. É que os anúncios chovem. Já as concretizações chovem muito menos.

sábado, 26 de fevereiro de 2022

PAÍSES ÁRABES...

A CMTV nunca nos desaponta. Nem os seus distintos colaboradores... Hoje, fomos brindados com a participação, num telejornal, de Francisco Falcão Machado, ex-embaixador no Iraque. Que, às 13:39, nos revelou que "a Turquia é dos poucos países árabes que tem relações diplomáticas com Israel". Fez-me lembrar aquele comentador televisivo que, há uns anos, chamava "africana" à seleção da Arábia Saudita, porque os jogadores eram negros.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

QUANDO ESGOTEI A LOTAÇÃO DO RESTELO

Bem, não sou exatamente os Metallica. E, portanto, isto é mais "tipo-virtual".

Mas soube há pouco que a minha entrevista à SAPO 24 https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/santiago-macias-diretor-do-panteao-nacional-sou-um-malcomportado-fumo-charutos-e-vou-as-corridas-de-touros teve 23.259 visualizações de página, com um tempo médio de leitura de 07:27 minutos.

Ena. O Estádio do Restelo tem 19.900 lugares de lotação. Portanto...

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

PINGUINS

No site da Magnum, a fotografia aparece com este nome: Penguins from the zoo taking their weekly walk in Edinburgh, Scotland, 1950. Custa a crer que tenha sido o próprio Werner Bischof (1916-1954) a dar o título a tão insólita imagem. Mas que a fotografia tem graça, lá isso tem. Especialmente para quem acha graça a pinguins.

L - CRÓNICAS OLISIPONENSES: DU IU SPIC INGLICH?

Foi há umas semanas, na zona limítrofe entre S. Vicente e Alfama. Eram 5 da tarde e tinha-me esquecido de almoçar (esquecido mesmo, não foi stress nem excesso de trabalho, nem nada, esqueci-me, só isso...). Entrei num snack-bar com nome meio inglês, meio português. Havia ementa em várias línguas. Ao balcão estava uma jovem, de ar oriental. Tive um ligeiro pressentimento "isto vai dar barraca...". Cumprimentei e perguntei "arranja-me um prego, por favor?". A senhora não me desapontou, ao responder "um plego??". Tornei "sim, um prego" (algo que até estava na lista). Olhou-me, com um ar abstrato, e perguntou "do you speak english?". Respirei fundo e, tendo conseguido abster-me de dar uma resposta no meu prolixo e colorido vernáculo - que só uso entre homens, sou da velha escola -, virei costas e desci a Calçada do Forte. A sandes mista do bar de Santa Apolónia pareceu-me um manjar dos deuses.


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

ZECA & WARHOL

Deixaram-nos há 35 anos, separados apenas por um dia. Foram dois génios do século XX, um reconhecido como tal, o outro muito menos.

Andy Warhol nasceu em 1928, Zeca Afonso um ano mais tarde. Marcaram, ambos, a minha juventude.

Zeca foi, a partir do momento em que comprei "Cantigas do Maio" (em 1978, talvez), uma companhia e uma descoberta permanentes. Lembro-me de o ver atuar em Moura, em 1981, onde foi cantar, com uma generosidade sem limites, sem cobrar um tostão. Havia tempos em que era assim. Hoje já não é assim.

Andy Warhol foi, antes de eu saber o que era a Pop Art, o protagonista de uma fascinante entrevista publicada na revista "Cinema 15". Isso foi em 1976 ou em 1977. Só recordo, a esta distância, uma frase. Mas essa foi decisiva: "a televisão não é arte; a televisão são pessoas a olhar para outras pessoas". A paixão pelo cinema continua. A televisão é uma caixa com pessoas.

Dois homens, dois destinos. Dois génios do século passado.



LE PONT DE MORET, REVISTO MAS NÃO AUMENTADO

Le pont de Moret é uma obra de Alfred Sisley, pintada em 1893. Ao vê-la há dias, no Museu de Orsay, assaltou-me a dúvida habitual: como estará o sítio hoje?

Moret-sur-Loing é uma pequena localidade, 60 quilómetros a sudeste de Paris. Os pintores da época instalavam-se em sítios assim, como abundantemente o demonstram as suas produções. A ponte de Moret não sofreu, afinal, grandes alterações. Apenas as construções em volta não permitem que o ângulo do pintor possa, com exatidão, ser reproduzido. Uma obsessão que me persegue, a dos ângulos, desde que comecei a perseguir um tal Duarte Darmas...














terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

ÁRVORES DE LISBOA

Vi a fotografia (de cima) há muitos anos, não sei onde. Foi paixão à primeira vista. Depois, nunca mais a encontrei. Nem na net, nem em publicações, nada. Um registo extraordinário, feito pelo Luís Pavão, em 2000, "voando" sobre as árvores da Defensores de Chaves. Reencontrei a fotografia esta tarde, na exposição que acaba de ser inaugurada no Arquivo Fotográfico Municipal. À qual se juntam muitas outras, algumas tão excecionais como esta. Veja-se a da Almirante Reis, em plena pandemia (2020).

Um grande final de tarde, lá isso foi.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

BISSAU E BOLAMA, DEZ ANOS DEPOIS

Vem o facebook recordar-me, gentilmente, que faz hoje dez anos estava em Bissau, onde o Carnaval estava a começar. Os dias foram (muito) animados, com a preocupação da equipa camarária local ante o efeito que o vinho de palma me pudessem causar.

Melhor seria a ida a Bolama, uma inesquecível jornada de três dias. Com o Carlos Lopes Pereira comentando, de forma assertivamente divertida, "se o Pós-de-Mina sabe por onde nos metes, manda-te internar...". Gostava de voltar a Bolama.


domingo, 20 de fevereiro de 2022

PRR: MAIS 11%. E DEPOIS?

Anuncia-se uma reforço das verbas do PRR. É uma boa notícia? Sem dúvida que sim. Contudo, mais importante que o montante em si é a capacidade de concretizar os projetos. Ou seja, passar das intenções aos projetos e deste à sua execução. É isto uma evidência? É capaz de ser, mas nem por isso é menos verdade.

Despejar milhões sem haver projetos (não me refiro a ideias ou intenções) definidos, equipas focadas e dedicadas em exclusivo à sua concretização, desenvolver processos sem diálogo, consulta e acompnhamento permanentes são o caminho garantido para o fracasso.

Acreditar que os prazos dos projetos se cumprem de forma aritmética, e que os procedimentos se desenrolam sem sobressaltos nem falhas, é o cúmulo do otimismo.

Mais 1.600 milhões de euros (os tais 11%) abrem boas perspetivas. Empregá-los de forma adequada implica rapidez, determinação, capacidade de diálogo, competência e muito (muito mesmo) trabalho.

Oxalá corra bem. Temos (todos) todo o interesse nisso.





sábado, 19 de fevereiro de 2022

VIVA A RÚSSIA! OU A SÚCIA...

História evocada pelas memórias de estudante de José Milhazes.

Aconteceu na primavera de 1945, em Moura. Também ali se celebrou a vitória sobre os nazis. Um mourense, mais entusiasmado, gritou vários "Viva a Rússia!", até ser detido e "engavetado" pela GNR. Foi a tribunal, onde teve o expediente de dizer (convencendo o juiz!) que não estava a gritar "Viva a Rússia!", mas sim "Viva a súcia!". Supostamente, ele e uns amigos teriam aprazado uma "súcia" (a palavra está em desuso, mas é/era usada localmente para designar um piquenique, masculino e vínico) e ele festejava o facto em público. Uma "justificação" em que  juiz embarcou, ou se deixou embarcar. Foi absolvido.

Quando me perguntam "porque é que gostas tanto de Moura?", limito-me a contar histórias como esta.

Viva, portanto, a Rússia. E, também, a súcia.



sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

AS PORTAS QUE JOSÉ MILHAZES ABRIU

Encontrei esta preciosidade no twitter. Dos tempos em que José Milhazes (em meados dos anos 80?) ainda não tinha visto a luz. E dizia coisas como: "durante os mais de sete anos vividos na União Soviética, não encontrei uma única pessoa que sonhasse com uma guerra ou com o domínio mundial. Vejo o amor dos soviéticos à paz também na forma como se relacionam com os estrangeiros: de modo aberto e hospitaleiro". Seu comuna...

Isto devia ser porque vem aí o fim de semana.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

LONDRES TROPICAL

André Derain (1880-1954) viu assim a Ponte de Charing Cross, em Londres. Poderia ser Olinda, mas não é, é uma Olinda muito mais a norte. Vantagem dos fauvistas, que viam o que queriam, como queriam.

Olinda é "fauve", porque os trópicos o são. Nunca fui a Londres. Mas já fui a Olinda. Se pudesse, voltava para lá amanhã.







quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

HOJE, EM LISBOA

Depois de Paris, Lisboa. A renovada sala  de exposições temporárias - com o apoio da SERVILUSA - do Panteão Nacional viu chegar o trabalho conjunto realizado pelas equipas dos monumentos parisiense e lisboeta. Estamos em plena temporada cruzada e este é o nosso contributo. Vão seguir-se outras iniciativas, incluindo a impressão de um pequeno catálogo bilingue que projetará a exposição para o futuro.


terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

O MAR DE SOPHIA

No dia 29 de setembro de 2009 escrevi um texto, aqui no blogue, onde referia uma conhecida - ainda que muito curta - passagem da "Anábase", de Xenofonte. Quase 13 anos se passaram...

Dei comigo, há dias, a preparar um projeto que se chama precisamente THALASSA! THALASSA! e que tem a poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen como ponto fulcral.

De que se trata?

1. De homenagear uma das personalidades presentes no Panteão;

2. De sublinhar a presença e a importância do mar na sua poesia;

3. De construir um percurso à volta das imagens do mar, ou daquilo que ele sugere, na poesia de Sophia, a partir de um conjunto de obras do acervo da CULTURGEST.

4. De preparar um programa paralelo de atividades.

Data prevista? Final do verão, início do outono.

Um dos tópicos será, seguramente, esta tela de Noronha da Costa.














TERÇA-FEIRA, 29 DE SETEMBRO DE 2009

E TODOS OS JARDINS VERDES DO MAR

Thalassa! Thalassa! (O mar! O mar!). Foi assim que os soldados gregos comandados por Xenofonte saudaram a visão do mar no Ponto Euxino.
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Festejemos a visão do mar que nos é oferecida nesta fotografia, talvez um pouco triste, de Jean-Baptiste Gustave Le Gray (1820–1884). Esta grande onda foi fotografada em Sète, em 1857. A ampliação foi vendida em 1999 por 838.000 USD, o que faz dela a oitava fotografia mais cara da História.
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Sète fica no sul de França, entre Narbonne e Montpellier.
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Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.
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Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.
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Por que jardins que nós não colheremos,
Límpidos nas auroras a nascer,
Por que o céu e o mar se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver.
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O poema é de Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), alguém que celebrou intensamente o mar nos seus poemas. Devo-lhe, e nunca a encontrei nem lho pude dizer pessoalmente, a leitura de muitos poemas e de dois livros decisivos:  A menina do mar, escrito em 1958, e O rapaz de bronze, de 1965. Eram livros de leitura obrigatória quando andava no Ciclo Preparatório (1973/75).

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

ONTEM, EM PARIS

Os paralelos entre os Panteões de Paris e de Lisboa estão, desde ontem, bem patentes, nas grelhas exteriores do monumento parisiense. A inauguração teve lugar bem cedo (às 9h 30 de uma manhã tão clara quanto fria). A presença de entidades oficiais ajuda a sublinhar a importância da iniciativa no âmbito da Temporada Cruzada Portugal-França. Uma exposição pouco "espaventosa", mas prática e didática.

Voltarei lá para a apresentação do catálogo desta exposição, lá mais para o fim da primavera.





domingo, 13 de fevereiro de 2022

MAR BARCOS AZUL

Um trabalho em curso levou-me a pesquisar uma base de dados com mais de 3000 imagens. Uma semana inteira usada na tarefa. Cansativa mas reconfortante.

Se aqui houvesse hashtags teriam como tópicos mar / barcos / azul, talvez ilhas também. O cerne do trabalho passará por aí e pela poesia. Por pinturas de autores como Júlio Resende (mas não por esta). E por palavras. Mas não as de Juan Ramón Jiménez.

Em todo o caso, Júlio Resende e Juan Ramón Jiménez estão sempre presentes.


Mares


                   Siento que el barco mío
                   ha tropezado, alla en el fondo,
                   con algo grande.

                                     ¡Y nada
                   sucede! Nada... Quietud... Olas...

                   — ¿Nada sucede; o es que ha sucedido todo,
                   y estamos ya, tranquilos, en lo nuevo? —





sábado, 12 de fevereiro de 2022

INACEITÁVEL

Não digo que não.

Inaceitável mesmo é trabalhar até quase cair para o lado para se ter uma reforma de muito poucas centenas de euros. Isso é que é inaceitável.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

ALQUEVA - 20 ANOS E TRÊS DIAS

A propósito da decisão tomada quanto ao adiamento do bloco de rega de Moura, leio isto numa ata de uma reunião de Câmara:

"daí que questione [o presidente da câmar] onde residiu o capital de influência do PCP e da CDU junto do primeiro-ministro no que toca a este assunto. Igualmente, reportando-se ao ano de 2013 e na altura das eleições, referiu o facto de os candidatos do PS, terem tido uma reunião com o Presidente da EDIA, o qual se tinha insurgido pela circunstância de a Câmara Municipal de Moura nunca ter apresentado propostas concretas relativas ao regadio, situação que considera grave, porque os destinos do concelho estiveram sob a liderança da CDU durante 20 anos e pouco se avançou nessa matéria, daí julgar ser injusto imputar responsabilidades ao atual executivo".

"Adiantou ainda [o presidente da câmara] que na altura em que mais se necessitava do apoio de todos, chegam as más noticias, facto de que não é alheio a existência de eleições e o responsável máximo de uma empresa como o da EDIA ter entrado na campanha eleitoral".

O Presidente da EDIA em 2013 era João Basto, que esteve no lugar cerca de ano e meio. Duvido, contudo, que se tenha insurgido por a Câmara de Moura nunca ter apresentado propostas concretas. Porque isso não é verdade. Se uma entidade apresentou propostas concretas anos a fio (antes e depois de 2013) foi a Câmara de Moura.

Acusar o Presidente da EDIA atual (José Pedro Salema) de interferência política neste processo é o caminho? É essa a justificação? É isto o "novo normal", como agora se diz? Isto é assim? Bonito serviço...

 



THE GAZPACHO ATTACK

A propósito da afirmação da caricata congressista americana de extrema-direita Marjorie Taylor Greene - que confundiu a Gestapo com um gazpacho - só me ocorre citar uma cena do filme "Mulheres à beira de um ataque de nervos" (1988), de Pedro Almodóvar.

Há polícias, há gazpacho e há um ataque a partir do dito. Para quem estiver interessado, a cena do filme inclui a receita:



quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

FRAGILIDADE - O REGRESSO DE "TÊTE D'HORLOGE"

O filme é de 1970, mas deve ter passado na RTP no final de 1973 ou em 1974 (já vivia em Queluz, daí a minha referência cronológica).

Subitamente, os relógios param e o mundo entra em quase-colapso. O filme tem um argumento absurdo e já não me recordo como termina (não fui à wikipedia verificar). Mas a fragilidade de um mundo dependente de mecanismos trouxe à superfície da memória este velho filme francês. Os ciber-ataques tornam tudo mais real. E infinitamente mais perigoso. Precisamente pela autenticidade.


quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

FUNÇÃO PÚBLICA - reprise

Retomo um tema aqui abordado há meses. E repito, quase palavra por palavra, o que então escrevi:

Uma das clássicas embirrações de uma certa direita, e da maioria da comunicação social, foca-se nos funcionários públicos. Que são muitos. Que são demasiados. Que tem de haver uma reforma. Que é preciso reduzir para muito menos blablabla. Que não produzem blablabla. Em boa verdade, a Direita (com destaque para os especialistas em demagogia chique aka Iniciativa Liberal) não é contra o Estado. É contra o Estado que não domina nem controla. Aí é que bate o ponto.

Tenho 35 anos como funcionário e quando me dizem que na privada é que é, respondo "ai sim? venham de lá eles". Sendo claro que não vejo superioridades globais, mas sim atitudes e diferenças pontuais.

Deixo estes dados. Percentualmente, estamos no fim da tabela. No topo, estão os países nórdicos. Os tais que fazem as coisas bem feitas e de forma eficiente etc. e tal. Dá que pensar, não é?


SIQUEIROS

Creio que nunca aqui referi o nome de David Siqueiros (1896-1974). Autor de murais de enormes dimensões, tem ele mesmo uma dimensão maior que a do seu dogmatismo político. E por muito realista e socialista que fosse, a matriz está mais atrás, e chama-se olmeca e asteca e tolteca e maia.

Curiosamente, um dos seus murais mais célebres e polémicos resistiu ao tempo e a outros dogmatismos. Tropical AmericaOppressed and Destroyed by Imperialism foi restaurado em 2012. Pode ser visto em Los Angeles.


O MUITO BOM BARDEM

Um filme excecional. O argumento é muito bom, não excecional, mas Javier Bardem supera quase tudo o que já vi no cinema. E essa é a chave do sucesso de "O bom patrão". O filme é ele, que aparece em quase todas as cenas. A direção de atores faz com que nenhum faça a fasquia baixar. E mesmo os secundários aguentam o "embate" com Bardem. Ou foi a excecionalidade deste que os motivou?

Ah, não, não vai ter direito a bonecos amarelos. E depois?




segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

ARTUR PASTOR: DIA FINAL

Numa próxima iniciativa, já com a pandemia mais afastada (assim o esperamos), poderemos multiplicar momentos como este. A visita guiada à exposição "Artur Pastor - o povo no Panteão" esgotou rapidamente. Sofia Castro, do Arquivo Municipal de Lisboa - Fotográfico, fez o necessário enquadramento ao que se iria ver.

Próxima exposição temporária: a partir de dia 16.

domingo, 6 de fevereiro de 2022

FUTEBOL, QUE HOJE É DIA DE CAN

Vi a primeira final da CAN (via TV), em Bissau. Foi no final de janeiro de 2010, já lá vão 12 anos. E deu vitória do Egito. Lembro-me perfeitamente do local e de com estava. E do ambiente festivo do bar.

Hoje, volto à CAN. Gosto sempre de ver jogar futebol (exceto, desde há uns 5 ou 6 anos, o futebol lusitano). Jogo que não sei jogar. Imagino-me sempre neste estádio de Henningsvaer, nas Ihas Lofoten (Noruega), mandando a bola para a balança (esta é um exclusivo para caleiros).


sábado, 5 de fevereiro de 2022

AL-MUTÂMIDE

Pelos campos de Beja. Andando pelas paisagens por onde al-Mutâmide viveu. Primeiro uma entrevista (na esplêndida Sala do Capítulo do Museu Regional) para um documentário que está ser rodado sobre o rei-poeta; depois, um festivo encontro em S. Brissos.

Pelo meio, conheci o guitarrista Miguel Vargas. Um artista cigano, natural de Beja, que vive há muitos anos em Mérida. Um grande guitarrista, que eu não conhecia. Um "rapaz da minha idade", afável e descontraído, que gostei muito de conhecer. Fiquei contente por saber que vamos ser parceiros no filme.








MATERIAL CRU?

Foi há dias, num documentário - nada extraordinário, diga-se de passagem - sobre Robert Mapplethorpe. A dado momento ouço a expressão "raw material". A tradução é simples, "matéria-prima". O que li na legenda? Material cru! Uma tradução literal e absurda. Um espanto de desconhecimento.

Já nem a RTP2...

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

LAURO ANTÓNIO (1942-2022)

Boa parte da minha memória cinéfila de juventude passa pelo nome de Lauro António, agora desaparecido. Não tinha quem me orientasse na formação do gosto. Tive a sorte de frequentar o Apolo 70 e o Caleidoscópio, que já não existem e cujos programas de sala - um luxo, hoje incompreensível - me ajudaram, de forma decisiva. Eram textos curtos sobre os filmes que íamos ver. Eram, sobretudo, textos bem escritos e elucidativos.

A programação era anti-dogmática. Lembro-me que o Apolo 70 teve em cartaz "Balbúrdia no Oeste" para, de seguida, apresentar "Benilde ou a virgem mãe".

Hoje em dia, não há programação. Há as majors. E já ninguém se lembra de nomes como a Filmitalus ou a Rank. É por isso, por ter crescido noutro tempo (que neste aspeto particular era melhor), por ter formado o meu gosto de cinema em salas como essas - mais o Satélite, a Cinemateca, o Cinebolso pré-porno, e alguns mais - que me sinto tão sinceramente reconhecido a Lauro António. Obrigado!















quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

XONINHAS

Pensava eu já ter visto tudo...

Há dias, dou no facebook com esta tonitruante afirmação de António José Gomes, antigo vereador da Câmara Municipal de Moura e pitoniso para as matérias económicas do PS local. Ou seja, a classificação do atual presidente da Câmara Municipal de Lisboa como "xoninhas". Ou seja, vale tudo. Até quando?, como perguntava Cícero. 

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

DIA DE FESTA NO MAR

Iemanjá e a Senhora das Candeias. Duas formas de celebração, a norte e a sul. Memória do dia da festa no mar, lá mais para sul. Com a fotografia de Pierre Verger (1902-1996), o homem do norte que preferiu ficar ao sol, e com a música de Dorival Caymmi (1914-2008), o baiano sempre do lado certo do som.











terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

MEMÓRIAS AUTÁRQUICAS

A tradição autobiográfica tem poucas tradições entre nós. Muitas vezes, quem o faz não resiste à tentação de, como dizia O’Neill, “contar a vidinha”. Um exercício quase sempre de interesse discutível.

Anunciei, há uns anos, a intenção de escrever um livro sobre a minha experiência autárquica. O livro não saiu em 2018 nem em 2019 (embrulhado que andei em mudanças várias), em 2020 já era tarde, porque poderia soar ao anúncio de querer regressar. Para não alimentar equívocos, deixei correr o tempo. “Olha que depois já não tem interesse”, dizia-me uma voz avisada. E eu fazendo ouvidos de mercador, arrumei os dossiês na gaveta e deixei correr mais algum tempo. Em 2018 houve o livro “Caligrafias”, em 2019 o “929”, em 2020 os “Guerreiros e Mártires” e o “Diálogo na Sé”, em 2020, o concurso para o Panteão, mais a Mouraria, em 2021 o interminável “Duarte Darmas”. E assim chegámos a 2022, com outro trabalho quase a sair e mais o regresso a um trabalho de investigação iniciado em 1997 e que nunca terminei. Tenho, muitas vezes, a estranha sensação de querer regressar a um qualquer ponto de partida.

Pensei, há dias, “é agora”. Voltei a olhar para os 17 cadernos de apontamentos, para os dois caixotes de papéis (atas e relatórios e sei lá que mais) e pensei mesmo “é agora”. E vai ser. Vou reordenar as 650 páginas já escritas (o livro é sob a forma de crónicas, e são mais de 240 e o número vai subir) e vou terminar. Os temas procuram ser claros e objetivos: porque se atrasam os planos de ordenamento? Porque falham, por vezes, os planos de pormenor? Como se financiaram os projetos comunitários? Qual a importância da reabilitação urbana? Qual foi a evolução da dívida da Câmara? Qual foi a evolução dos prazos de pagamento? Como é que as despesas correntes condicionam a nossa atuação? Porque é que os outros concelhos são sempre “melhores” que o nosso (Reguengos!, esse fantástico e falido farol…)? Porque atuei daquela forma enquanto presidente? Dois ou três amigos serviram-me de cobaias (coitados…) e disseram que era muito autocrítico, por vezes impiedoso comigo mesmo. Ainda eles não viram o que digo de alguns protagonistas atuais da vida autárquica mourense…

Um livro assim tem de ser, ou tentar ser, um exercício de verdade. Não é um panegírico nem uma autoflagelação. Só se quer a verdade, nua e crua. Por muito difícil que possa ser. Se eu consigo explicar o que fiz e porque fiz? Claro que sim. Já quem veio a seguir, tenho dúvidas que perceba sequer o que está a fazer.

Tentações de regresso? Nem por sombras. Como o futuro é em frente, quem assinará o prefácio será André Linhas Roxas. Isso explica tudo e clarifica todas as dúvidas. Se estarei em/por Moura? Sempre, mas isso não tem a ver com cargos executivos.

Crónica em "A Planície"