sábado, 20 de dezembro de 2008

O PONZI DA RUA DO MURO




O esquema era clássico: ou se roubava a fortuna da avó velhinha ou se enganava o patrão. Quando davam por eles, já os espertalhões estavam no Rio de Janeiro, a gozarem a reforma antecipada. Até chegar Charles Ponzi, aliás Charles Ponei, aliás Charles Bianchi, aliás Carlo Ponzi, aliás Carl Ponzi. Foi ele (foto da esquerda, em 1920), o inventor do esquema da pirâmide. Muitos se lhe seguiram, uns menos cotados e mais povo, como a D. Branca, outros mais chiques e upper class, como Pedro Caldeira, o Ponzi da Gandarinha. Acabou tudo mal. Sempre.

Ponzi, o verdadeiro, morreu no Rio de Janeiro, em 1949, aos 66 anos. Mas, hélas, morreu pobre.

Chegou agora a vez de um esquema de rebaldaria de dimensões galácticas fazer a sua aparição na conhecida Rua do Muro. O novo Ponzi chama-se Bernard Madoff e tem 70 anos. À conta de sua pirâmide, de fazer inveja a qualquer Ramsés que se preze, lá voaram 50.000.000.000 de dólares.

Gostava, nestas alturas, de dar uma volta pela imprensa de há uns anos, para ter o prazer de reler aquelas extensas reportagens que teciam loas a Madoff, à economia da Islândia, ao dinamismo dos empreendedores etc. etc.

A parte menos engraçada é que paga estas brincadeiras caras somos nós, os que nem sabem o que é que "investimento", "produtos de risco" ou "mercados financeiros" querem dizer.

Mal por mal, prefiro os pilha-galinhas que, quais Robin dos Rosques, fugiam para os trópicos com a massa dos patrões para, suponho, irem viver uma existência de jogo, boémia e luxúria.

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