quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

BARRIGA DE ALUGUER

De um comunicado do Gabinete de Imprensa da Federação Distrital de Évora do Partido Socialista:
" (...) foi deliberado manifestar público apoio à Candidatura Autárquica do Movimento “Unidos pelo Concelho de Viana do Alentejo”.
Este movimento (...) propõe-se libertar o Concelho de lógicas partidárias que travem o seu desenvolvimento e colocá-lo no nível económico, social e cultural que os seus habitantes bem merecem.
Ao ceder o seu símbolo e a sua sigla ao Movimento e ao aconselhar os seus militantes e simpatizantes a integrarem este movimento, o P.S. mais uma vez dá mostras de grande abertura e de pôr os interesses das populações à frente dos seus interesses partidários."

Donde se conclui:
1. Que a Federação Distrital de Évora considera o próprio PS dispensável e substituível, com evidentes vantagens, por movimentos independentes;
2. Que as candidaturas partidárias - incluindo a do próprio PS (!) - são factores objectivos de travagem do desenvolvimento dos concelhos;
3. Que os partidos políticos (com o PS à frente de todos?) não são capazes de promover o desenvolvimento económico, social e cultural que os habitantes dos concelhos merecem.

Num país sério, este hara-kiri levaria à demissão dos responsáveis pela publicação de tais disparates. Em Portugal, a cena lembra apenas o momento crucial do filme A regra do jogo, em que o marquês, querendo interromper uma brincadeira levada demasiado longe grita "Parem com esta comédia!", ao que o mordomo responde "Qual, senhor marquês?".
Este ambiente de paródia política ameaça fazer escola. Vivemos numa nova época, com pequenos aprendizes de feiticeiros a gritarem aos quatro ventos que a política deve ser feita para lá da política. O paradoxo é difícil de resolver mas é sempre apresentado como a solução milagrosa para libertar as autarquias (comunistas, claro) das terríveis e invisíveis garras de supostos e tenebrosos poderes ocultos.
A suivre...

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