terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O POLITÓLOGO, HUGO CHÁVEZ E A VENEZUELA

A vitória de Hugo Chávez no referendo venezuelano causou uma torrente de comentários. De entre estes, os meus preferidos são os dos politólogos profissionais. Na segunda-feira de manhã, o que estava de serviço à Antena Um alinhavou um chorrilho de banalidades, com particular destaque para as lapalissadas “a Venezuela está dividida ao meio” e “Chávez tem o apoio de metade mais pobre da população” (sério? ninguém diria…), terminando com a despeitada sentença “se fosse daqui a dois meses, e com o petróleo mais baixo, não ganhava”.

Mais insólita foi a afirmação de que Chávez é um fenómeno isolado e sem consequências. O que me leva a concluir que há politólogos profissionais que são de uma crassa ignorância quanto à história recente da América Latina. Pior que isso, ignoram-se, ou faz-se por ignorar, o que são as condições sociais de todo um continente e de que modo o imperialismo norte-americano se tem esforçado para as manter. Não há politólogo que apague a consciência política de todo um continente e conviria aos zelosos comentadores saberem que foram e o importante papel político que tiveram Salvador Allende (no Chile), Velasco Alvarado (no Peru) ou Juan José Torres (na Bolívia). Ou quem são Daniel Ortega (na Nicarágua), Evo Morales (na Bolívia) ou Rafael Correa (no Equador).

A minha simpatia por esta fase festiva e de plena consciência social de Hugo Chávez é evidente. E é claro que, falando só na Venezuela, bastariam recordar os consulados sinistros de Pérez Jiménez e de Carlos Andrés Pérez, que roubou tudo quanto pôde, para eu próprio optar pelo lado do povo e da justiça.

Já agora, e para aqueles que desconheçam o brilhantíssimo currículo do presidente colombiano Alvaro Uribe, que pesquisem o tema. Infelizmente, o tema Uribe parece interessar pouco aos nosso media...

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