quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

PEPE MARCHENA



Quando íamos a caminho de Paymogo o João insistia sempre em cantar os fandangos das serranias de Huelva. Como o João canta pessimamente sempre liguei a tradição do flamenco aos momentos de tortura sonora que faziam dueto com o estado da estrada de Cabezas Rubias. Os anos passaram, a casa da Calle Camioneta foi vendida e Paymogo é apenas o sítio onde toda a família um dia viveu.
O tempo se encarregou de corrigir a minha injusta imagem de uma das mais belas sonoridades do mundo. Lá em casa têm agora lugar no pódio Paco Toronjo (1928-1998), El Cabrero (n. 1944), Juanito Valderrama (1916-2004) e este inclassificável Pepe Marchena (1903-1976), cuja voz e cujo temple me causam arrepios e uma inexprimível emoção. O João continua, contudo, a cantar pessimamente.

Não sei qual a data do registo. Presumo que seja da fase final da vida de Pepe Marchena. Acompanha-o à guitarra Benito de Mérida.

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