Acabou, há poucas horas, um espantoso debate na Rádio Planície. Os temas eram variados mas, entre as muitas e desvairadas coisas que se disseram, as que mais me impressionaram foram as referentes ao Edifício dos Quartéis.
Ninguém é obrigado a gostar de Moura. Mas é estranho que o representante do Partido Socialista naquele debate – e que é membro da Comissão Política Concelhia do PS de Moura – ponha em causa o interesse patrimonial do Edifício dos Quartéis, a sua classificação e as obras que ali estão a ser concretizadas (estas frases estão gravadas).
Comecemos pelo interesse patrimonial. Dizer-se, como disse o representante do Partido Socialista de Moura, que os Quartéis têm pouco interesse é, no mínimo, ofensivo. Duplamente ofensivo. Primeiro, porque o Partido Socialista, enquanto foi maioritário na Câmara, nunca desenvolveu qualquer iniciativa de recuperação do edifício. Depois, porque a afirmação revela pouco interesse e pouco respeito por uma das mais belas peças arquitectónicas do nosso concelho. As pessoas não são obrigadas a ter conhecimentos ou interesse pelo património cultural. Nem são obrigadas a gostar de Moura. Mas seria aconselhável um pouco mais de comedimento. Até porque os Quartéis de Moura são uma peça rara no contexto da arquitectura militar do século XVIII (há mais dois ou três exemplares deste género no nosso país) e a sua pureza de linhas e o seu equilíbrio formal fazem deles uma peça de referência em qualquer tratado de arquitectura vernacular.
Em segundo lugar, o representante do Partido Socialista de Moura pôs em causa o interesse da classificação do Edifício dos Quartéis (isto também está gravado). Clarifiquemos dois pontos: em primeiro lugar, os Quartéis estão classificados como imóvel de interesse público desde 1967 (não se trata, portanto, de uma “invenção” recente); em segundo lugar, a recuperação dos Quartéis é uma obrigação de qualquer Câmara de Moura digna desse nome. Pela parte que me toca, sinto, e enquanto mourense, um enorme orgulho em pertencer ao executivo camarário que está a promover a reabilitação do edifício. Gostaria de ter visto o Partido Socialista de Moura a fazer algo semelhante em tempos passados. Infelizmente, tal não sucedeu.
Ninguém é obrigado a gostar de Moura. Mas Moura, e a Salúquia, são a minha Pátria. Sinto, por isso, cada um dos seus edifícios como se fosse meu. Teria vergonha de, um dia mais tarde, olhar para trás e constatar que nada tinha feito pelo património da minha cidade. É por isso um absurdo que alguém venha dizer para um debate que seria preferível ter começado pelo parque de estacionamento para se fazer depois a recuperação do edifício. Não é assim que as coisas se fazem e não será esse o procedimento: recuperaremos primeiro o edifício (e a obra ronda os 800.000 euros) e depois a área envolvente. E não pararemos enquanto este processo não estiver concluído.
O representante do Partido Socialista de Moura naquele debate não é obrigado a gostar de Moura. Mas tem a obrigação de ter respeito pelos mourenses. Que somos nós.
Ninguém é obrigado a gostar de Moura. Mas é estranho que o representante do Partido Socialista naquele debate – e que é membro da Comissão Política Concelhia do PS de Moura – ponha em causa o interesse patrimonial do Edifício dos Quartéis, a sua classificação e as obras que ali estão a ser concretizadas (estas frases estão gravadas).
Comecemos pelo interesse patrimonial. Dizer-se, como disse o representante do Partido Socialista de Moura, que os Quartéis têm pouco interesse é, no mínimo, ofensivo. Duplamente ofensivo. Primeiro, porque o Partido Socialista, enquanto foi maioritário na Câmara, nunca desenvolveu qualquer iniciativa de recuperação do edifício. Depois, porque a afirmação revela pouco interesse e pouco respeito por uma das mais belas peças arquitectónicas do nosso concelho. As pessoas não são obrigadas a ter conhecimentos ou interesse pelo património cultural. Nem são obrigadas a gostar de Moura. Mas seria aconselhável um pouco mais de comedimento. Até porque os Quartéis de Moura são uma peça rara no contexto da arquitectura militar do século XVIII (há mais dois ou três exemplares deste género no nosso país) e a sua pureza de linhas e o seu equilíbrio formal fazem deles uma peça de referência em qualquer tratado de arquitectura vernacular.
Em segundo lugar, o representante do Partido Socialista de Moura pôs em causa o interesse da classificação do Edifício dos Quartéis (isto também está gravado). Clarifiquemos dois pontos: em primeiro lugar, os Quartéis estão classificados como imóvel de interesse público desde 1967 (não se trata, portanto, de uma “invenção” recente); em segundo lugar, a recuperação dos Quartéis é uma obrigação de qualquer Câmara de Moura digna desse nome. Pela parte que me toca, sinto, e enquanto mourense, um enorme orgulho em pertencer ao executivo camarário que está a promover a reabilitação do edifício. Gostaria de ter visto o Partido Socialista de Moura a fazer algo semelhante em tempos passados. Infelizmente, tal não sucedeu.
Ninguém é obrigado a gostar de Moura. Mas Moura, e a Salúquia, são a minha Pátria. Sinto, por isso, cada um dos seus edifícios como se fosse meu. Teria vergonha de, um dia mais tarde, olhar para trás e constatar que nada tinha feito pelo património da minha cidade. É por isso um absurdo que alguém venha dizer para um debate que seria preferível ter começado pelo parque de estacionamento para se fazer depois a recuperação do edifício. Não é assim que as coisas se fazem e não será esse o procedimento: recuperaremos primeiro o edifício (e a obra ronda os 800.000 euros) e depois a área envolvente. E não pararemos enquanto este processo não estiver concluído.
O representante do Partido Socialista de Moura naquele debate não é obrigado a gostar de Moura. Mas tem a obrigação de ter respeito pelos mourenses. Que somos nós.
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O estranho debate a que me refiro teve lugar no dia 26 de Fevereiro. Este texto foi publicado no jornal A Planície de 1 de Março de 2009. A obra continua, felizmente, em bom ritmo. Volatrei a este tema dentro de meses. Até para justificar a "existência" dos treinadores de bancada.
Fotografia algures na Nova Caledónia. O fotógrafo é Yann Arthus-Bertrand (n. 1946). O site do fotógrafo é uma experiência única: http://www.yannarthusbertrand.org/
Yann Arthus-Bertrand nasceu no seio de uma família de joalheiros. Às vezes ser rico deve dar um certo jeito...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminarA insensibilidade do ser aplicada à política redunda muitas vezes em pura estupidez.
ResponderEliminarP.Nobre
não sei o que eles querem fazer do monumento, mas deve ficar mais bonito do que com alguns ciganitos ...
ResponderEliminarclaro que pode haver mais coisas
importantes mas aquele edificio no local onde está deve der restaurado.
Bom dia
ResponderEliminarPeço desculpa por esta intervenção invulgar, mas tive mesmo de moderar parte do comentário, por envolver terceiros e conter comentários que podem ferir susceptibilidades.
Comentário "em versão editada":
Aos habitantes de Moura, só desejo que nunca caiam nas mãos dos socialistas. Que saudades eu tenho do "consulado" comunista aqui onde eu trabalho (Loures). Desde que chegaram... então na cultura... somos servidos por um vereador... E as chefias de divisão são do pior que há. A cultura aqui, agora, é só show businessss. Não consigo perceber o que pretendem nem o que querem de nós, técnicos.
Caro Santiago, isto é só um alerta de experiência do que aqui se passou e passa. Saudades de trabalhar em projectos com pés e cabeça. Se quiser publicar, retire o que "estiver a mais". Força aí em Moura, terra bonita. Mostrem a esses espectros socialistas como se trabalha!
Ah, o belo edifício dos quartéis… Como já disse há bastante tempo que não vou a Moura mas mesmo sem ser obrigado, gosto de Moura.
ResponderEliminarEste exemplo de arquitectura militar que aí está, é sem duvida uma pérola e como tal deve ser valorizado e deve ser-lhe dado todo o destaque possível, bem como a todo o centro histórico dessa cidade.
Não sei se já estão em obra mas se sim, o que aconteceu aos habitantes dos quartéis?
Foram realojados? Foi pacifico?
Um grande bem-haja para quem se preocupa com o património.
Bom dia caro/a "Késisábadópêchi?" (o nome é, de facto, original!):
ResponderEliminarA população foi realojada num bairro à entrada de Moura.
As obras dos Quartéis já tiveram início. Prevê-se que estejam concluídas no próximo Outono, pelo que o edifício poderá estar a funcionar em pleno no final de 2009/início de 2010.
Não prevejo nenhuma daquelas inaugurações à-pressa-três-semanas-antes-das-autárquicas. Não é assim que se trabalha por aqui.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarUm aditamento:
ResponderEliminarOs espaços dos Quartéis serão, em breve, postos a concurso. Na primeira linha de destinatários estÃo as artes e ofícios tradicionais.
Gostava de saber como se pode aceder a esse concurso
ResponderEliminarSr. Vereador não se sabe nada sobre o que irá sair dos Quarteis, pelo menos eu não sei. Gostava de saber onde nasceu a ideia para a ocupação dos espaços e para que serão destinados.Obrigado
ResponderEliminarCarissimo Santiago, estou há bastante fora de Moura e raramente visito a nossa terra. Mas continuo atento a tudo o que se passa no concelho. O facto de as pessoas ignorarem o que se está a fazer nos Quartéis e qual será o futuro causa-me um pouco de espanto. A CM Moura sempre divulgou quais eram os passos a dar: realojar os ocupantes do edificio numa primeira fase; Efectuar as obras necessárias para os Quartéis não se degradarem demasiado e selar todas as entradas para não haver uma reocupação; e uma terceira fase onde seria recuperado o edificio. Mas não foi só a CM de Moura a divulgar isso. A Rádio Planicie divulgou, etc, etc. A ignorancia do que se passa à nossa volta é tipicamente portuguesa. E a critica por aquilo que os outros fazem ainda é mais caracteristico do povo lusitano. Fico boquiaberto com a posição do PS!!
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