sexta-feira, 22 de maio de 2009

ÚLTIMA BOBINE

O falecimento de João Bénard da Costa (1932-2009) fez-me recordar as tardes gastas a ver filmes na Cinemateca e na Fundação Gulbenkian. Fazia-o, bicho do mato, sempre sozinho, gastando os intervalos a ler os manuais de Paleografia do Prof. Borges Nunes.

Fui fiel cliente dos ciclos de cinema americano - devo a um deles a oportunidade rara de ter visto O rio sagrado (1951), de Jean Renoir (1894-1979), um dos mais belos filmes do mundo - e de um outro sobre a obra completa de François Truffaut (1932-1984). Curiosamente, nos tempos de juventude, a obra de Truffaut parecia-me bem mais importante que hoje.

Nesses ciclos, João Bénard da Costa fazia sempre uma breve e inteligente apresentação do filme que iríamos ver. Eram palavras relevantes e devo-lhe, sem a pieguice que os falecimentos sempre causam, importantes ensinamentos sobre o cinema. Confesso que a plateia, em larga maioria rapaziada das faculdades, fazia sempre uma maldade ao Dr. Bénard da Costa. Quando ele abandonava o palco do Grande Auditório a sala ficava num silêncio sepulcral. Nem umas palminhas, nada. Em contrapartida, quando o contínuo da Fundação Gulbenkian ía recolher o suporte do microfone a sala quase vinha abaixo em aplausos. Uma verdadeira ovação que, a partida de determinada altura, passou a fazer parte da praxe das sessões...


Beijos roubados é um filme de François Truffaut, de 1968. Não me recordo o que me terá levado a vê-lo, numa noite de Primavera de 1978 ou 1979, no Cine-Estúdio Lido, na Amadora. Nessa altura, os cinemas de subúrbio passavam esse género de filmes. Coisa impensável nos nossos dias.

Fiquei apaixonado pelo filme, pela saga de Antoine Doinel, que fui revendo ao longo dos anos, e, sobretudo pelo nostálgico começo do filme.


Que reste t'il de nos amours é uma criação imortal de Charles Trenet (1913-2001). Data de 1942. Mas não parece.

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