sábado, 6 de junho de 2009

LAWRENCE DA ARÁBIA

No esplendor inigualável dos 70mm e do som estereofónico total. Era assim que os jornais anunciavam os filmes rodados a pensar no ecrã gigante. Muitos tentavam disfarçavar a falta de ideias com espalhafato cénico e cores ruidosas. Vi-os quase todos, os bons, os maus e os péssimos. No Condes e no Tivoli. Mas, sobretudo, no Monumental e no Império, salas colossais que tinham 2º balcão, cujo preço era adequado às finanças lá de casa.

Lawrence da Arábia não se enquadra nos bons, nos maus ou nos péssimos. É um filme excepcional, de um cineasta de rara qualidade. A versão da vida do dúbio militar britânico é romanceada, mas que importa isso quando temos todo o esplendor do deserto e quando o tom épico da narrativa se reflecte na precisão de cada fotograma. De forma quase milagrosa, Lean conseguiu manter um toque de pessoal por entre os avultados meios da produção. Só voltei a encontrar esta elegância muitos anos mais tarde, em Passagem para a Índia (1984).




David Lean (1908-1991) foi um cineasta britânico, autor de sucessos como a Ponte do Rio Kwai (1957) ou Dr. Jivago (1965). Lawrence da Arábia foi rodado em 1962. Vi-o pela primeira vez em 1975. A impressão que me causou e a curiosidade que me despertou ficaram marcados como ferro em brasa.

As músicas mais célebres de vários filmes de Lean foram compostas por Maurice Jarre (1924-2009). Curiosamente, sempre me pareceu que a música de Lawrence da Arábia se inspira em passagens do 3º andamento do concerto nº 2 para piano e orquestra de Rachmaninoff. Que, por sinal, é a música que serve de fundo sonoro ao perturbante Breve encontro (1946), de David Lean...

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