quinta-feira, 6 de agosto de 2009

EROTISMO À PORTUGUESA: A ÁGUA ESTÁ A FERVER

O êxtase sexual de macumba e Santiago Sierra fizeram-me lembrar - serão as recordações como as cerejas? - um filme português, O destino marca a hora, que tem uma das mais hilariantes cenas de "erotismo" da história do cinema.
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Cito de memória, e espero não errar muito:
Uma senhora está de pé, à entrada de uma cozinha. O galã (Tony de Matos) aproxima-se e não me recordo se lhe segura os ombros, a abraça ou beija no pescoço (se não a beijou no pescoço devia ter beijado). A senhora fica com ar de desfalecimento, com trejeitos de desmaio, olha de lado para uma cafeteira que está ao lume e diz, em tom mortiço: "a água está a ferver". E por aí fora...
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A última vez que vi o filme, aqui em Moura, há muitos anos, tive um convulsivo ataque de riso ao deparar com esta cena, que é quase de sexo explícito, atitude que deixou umas senhoras à minha frente muito aborrecidas...


As cozinhas têm dado pano para mangas no cinema: por exemplo, a cena dos gnocchi no Padrinho III e aquele teste à resistência da mobília em O carteiro toca sempre duas vezes. Nada que chegue aos calcanhares da água a ferver do cinema luso...
O destino marca a hora foi rodado em 1969, o ano de Woodstock e da chegada à Lua. Em Portugal o cinema ainda era feito assim.
Não conheço edição em dvd deste filme. Um grave erro comercial das distribuidoras. É o tipo de produto que vai bem com a alma faduncha da pátria.

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