domingo, 23 de agosto de 2009

A JORNALISTA, O ESCRITOR E A TENTAÇÃO DO EXÓTICO

No Fugas de ontem surgiram, em textos diferentes, quatro afirmações que, antes de mais, me divertiram:
1. A jornalista não fumou um narguilé em Marrocos, onde se encontram por toda a parte, mas fê-lo em Istambul;
2. O comerciante de Istaambul tinha um chapéu típico dos muçulmanos;
3. Kairouan (Tunísia) é uma cidade onde ainda há muitos camelos;
4. É frequente verem-se em Kairouan mulheres usando uma burqa.
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Uf!
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Vamos aos factos:
1. Nunca vi em Marrocos narguilés por toda a parte. Vendem-se nos bazares aos turistas à procura de coisas típicas; na realidade, o narguilé difundiu-se pelo norte de África otomano, o que quer dizer que é mais frequente nas zonas onde a ocupação turca foi mais persistente (Egipto) e muito menos visível nas áreas onde ela não chegou (Marrocos);
2. Não há chapéu típico dos muçulmanos; a jornalista refere-se provavelmente ao fes turco, normalmente revestido com veludo vermelho;
3. Em Kairouan haverá dromedários (não camelos), mas hoje quase só para gáudio dos visitantes da cidade;
4. Nunca vi mulheres usando a burqa na cidade; só o hijab e, em muito menor grau, o niqab (as diferenças são claras - cf. infra)
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A procura do exótico é irmã gémea do desconhecimento e do descuido...
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