terça-feira, 15 de setembro de 2009

DEVASSA

Farney, Dick Farney, soa bem dito assim, como Bond, James Bond. O cantor assinava Dick Farney mas na realidade chamava-se Farnésio Dutra e Silva (1921-1987), o que é um pouco mais banal. Era ele quem cantava, em tempos que já lá vão, uma balada a Copacabana, garantidamente a princesinha do mar.
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Mas a coisa mais visível naquele feriado em Copacabana não eram as princesinhas, nem a memória do Dick nem a bravura das ondas. De repente, surgido dos confins da avenida eis um grupo musical que, já ao longe, se fazia anunciar com estrondo. Vinha em cima de uma camião aberto e o volume dos decibéis ultrapassava em muito o limite do tolerável. Mais ao perto o barulho crescia. Em cima do camião vinha um trio eléctrico cheio de ritmo com uma cantora gorducha pouco vestida que sambava a plenos pulmões “Maria chegou! Ô-ô-ô! Maria chegou! Ô-ô-ô!”. Que giro, pensa a malta, animação de praia em dia de feriado da Senhora Aparecida. Simples, demasiado simples como explicação. Na realidade, o trio eléctrico era seguido de perto por uma nutrida escolta policial em moto, a que se seguia um carro dos bombeiros onde – alguém já adivinhou? – vinha a imagem de Nossa Senhora. A procissão, pois disso se tratava, aberta em ritmo de samba “Maria chegou! Ô-ô-ô! Maria chegou! Ô-ô-ô!”, tinha como cortejo mais de um milhar de motoqueiros que em aceleradelas permanentes vrom-vrom anunciavam, urbi et orbi, a sua electro-fé. A procissão demorou a passar por entre os aplausos e o entusiasmo de quem por ali andava, até se perder de vista.
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Em 1976 ou 1977, uma banda ida de Portugal à aldeia espanhola de Paymogo fora obrigada, por exigência do padre, a tocar músicas mais animadas na procissão. Nunca eu tinha visto um cortejo desfilar, Calle Calvo Sotelo abaixo, ao som do Y viva España, por entre o ar embaraçado dos músicos e o espanto de desaprovação de alguns mais velhos. Nem voltei a ver. Nada que se compare, contudo, ao estardalhaço da gorducha do “Maria chegou!”, da escolta policial, da imagem da Senhora da Aparecida em cima do carro dos bombeiros e dos devotos motoqueiros.
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“Tuas sereias, sempre sorrindo, sempre sorrindo”, dizia o Dick na canção acerca de Copacabana. Bem podem, meu caro, num mundo onde até as coisas mais sérias se tomam com descontracção e um profundo saber viver.
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Crónica publicada no Jornal A Planície de 1.11.2007
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A bola tinha acabado e era hora de ir tomar algo. O Fluminense empatara mas a Cláudia Noronha, que até é flamenguista, achou que isso não devia esmorecer ninguém. Sugeriu uma das Cervejarias Devassa, a de Ipanema.
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A moça do rótulo tem uma pose sugestiva e o slogan é ainda mais sugestivo, embora a palavra no Brasil não tenha exactamente o mesmo sentido.
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Foi uma noite memorável, onde se brindou ao sucesso da exposição que se acabara de montar e onde pudémos, dias depois, constatar o brilhante e profissionalíssimo trabalho de promoção que a Cláudia e a sua equipa da CW&A realizaram.
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Mais alguns dados:
O site da Cerveja (e das cervejarias) Devassa é http://www.devassa.com.br/ (vale mesmo a pena ver!) ou http://www.cervejariadevassa.com.br/ (idem)
O site da CW&A é http://www.cwea.com.br/
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A Devassa de Ipanema fica na Rua Prudente de Moraes, 416
Telef. (21) 2522-0627
Horário: Segunda a sexta, das 12h às 2h. Sábado e domingo, das 12h às 3h.
Uma refeição fica pelos 50 reais (cerca de 18 euros, à cotação actual), tanto quanto me recordo.

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