terça-feira, 1 de setembro de 2009

LISBOA II - CENTRAL TEJO

O edifício é esplendoroso e até parece um milagre que tenha resistido. Falo da antiga central que fornecia energia a Lisboa. Hoje, para além de ser um ponto de encontro e de servir de cenário a inúmeros eventos culturais, alberga o Museu da Electricidade. Didáctico, bem montado e bonito. E com entrada livre. Nem por isso havia mais gente a vistá-lo naquela tarde de domingo...
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O Museu da Electricidade também é palco de outras iniciativas. Como o Remade in Portugal. "O Remade in Portugal é um projecto que procura incentivar à criação e desenvolvimento de produtos cuja composição integre uma percentagem de, pelo menos, 50 % de matéria proveniente de processos de reciclagem" (do site do projecto). A exposição, na qual participa Ricardo Desirat da Cunha, da SUGO Design, com os papassacos, encerra no próximo dia 13 de Setembro.
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No meio há ainda lugar para a instalação Jardim do Eden #3, de Joana Vasconcelos. Flores de fibra óptica, PVC, MDF, lycra, micro-motores síncronos, acrílico, vinil, lâmpadas fluorescentes compactas e sistema eléctrico. Isso e um ambiente de penumbra fazem do Jardim do Éden a antítese do que esperaríamos num lugar paradisíaco.
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Do site Rua de Baixo:
Finalmente, desaguamos no “Jardim do Éden”, de Joana Vasconcelos, que a própria descreveu à RDB como sendo “a criação de uma outra dimensão”. Através da utilização de materiais pobres, como flores de plástico normalmente utilizadas na decoração de restaurantes chineses ou restos de tubos de canalização, a autora criou um jardim colorido em fundo completamente negro que recria “uma perfeição aparente, em que tudo é mecânico, falso. Um jardim à noite, eléctrico, completamente oposto a um jardim natural”.
Desenhando um motivo minhoto ao longo de 400 m2 e 600 vasos electrificados, Joana Vasconcelos utiliza matéria de baixo custo, chamando a atenção para o grave estado do mundo em geral e do mundo da arte em particular. A artista consegue transportar quem visita este espaço, relativamente isolado do resto da exposição, para uma atmosfera particular, vagueando “entre o espanto da quantidade e o espanto da delicadeza”, como diz João Pinharanda (curador da exposição para as artes plásticas).
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O Jardim do Éden remete, obrigatoriamente, para a vitória sobre a as trevas, que são a parte mais visível da instalação de Joana Vasconcelos. Podemos tentar uma leitura subliminar a partir da Bíblia: Fez Deus os dois grandes luzeiros: o maior para governar o dia, e o menor para governar a noite; e fez também as estrelas. (Genesis 1:16); esta parte é antes do pecado original, para quem estiver interessado no tema.
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Central Tejo numa fotografia antiga (em cima) e Jardim do Éden (em baixo)

Sites a ver:

www.joanavasconcelos.com (site da artista)

www.remadeinportugal.pt (site do projecto)

www.sugodesign.pt (site da SUGO)

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