terça-feira, 27 de outubro de 2009

DA CASA DAS HISTÓRIAS À CASA DAS LUZES

O dia nasceu sob vários equívocos. O menos sério foi ter entrado no Turismo de Cascais e ter perguntado como se ía para a Casa dos Sonhos e para o Farol de Santa Maria. A miúda, simpática, sorriu e discretamente disse-me qual o caminho para a Casa das Histórias e para o Farol de Santa Marta, que fica ao lado da casa de Santa Maria.
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Viva Cascais era o lema de António Capucho. Bem pode dizê-lo, com estas duas intervenções. O centro de exposições que alberga obras de Paula Rego é um projecto de Eduardo Souto Moura (n. 1952), que tanto vai buscar inspiração à arquitectura dos palácios - a evocação das chaminés de Sintra vertidas nos dois volumes piramidais, que aqui entre nós me evocam um tanto mastabas e arquitectura funerária -, como à cor da terra. A volumetria interna vai num decrescendo de escalas, desde as salas de maior pé-direito a outras onde estão as gravuras e outras peças de menor dimensão física. O museu tem uma magnífica loja e uma cafetaria onde dá vontade de ficarmos perdidos no tempo a ler um livro.
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A reabilitação do farol de Santa Marta é outra obra digna de registo e de visita. A partir do edifício existente, os irmãos Aires Mateus lançam uma série de novos volumes - de uma brancura mais mediterrânica que atlântica - que albergam uma exposição de grande qualidade, da responsabilidade científica de Joaquim Boiça (n. 1958), sobre faróis e sistemas de alumiamento da costa. O projecto é mais discreto, e de menor impacto mediático que o anterior. Mas nem por isso é menos importante.
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Era domingo à tarde e os dois sítios estavam cheios de visitantes. A arte vale a pena. A reabilitação também. Fazer as coisas com qualidade mais ainda.
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A referência concreta a estes trabalhos tem uma razão de ser. Os irmãos Aires Mateus são os autores do discutido edifício da Praça Sacadura Cabral, em Moura. Edurado Souto Moura está a desenvolver o projecto para a piscina da Amareleja. Aqui se reafirma um princípio que temos defendido: para o nosso concelho queremos os melhores. Dentro de dias terei o prazer de listar no blogue os projectos, executados ou em curso, promovidos ou não pela autarquia, que estão a ser desenvolvidos no concelho de Moura.
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A Casa das Histórias (imagens de cima) e o Farol de Santa Marta (imagens de baixo).

Detalhe "picante": os arquitectos não dominam, por norma, a especificidade do design de comunicação. Uma "suspeita" que tenho vindo a confirmar e que tem um ponto alto nestas duas intervenções.

3 comentários:

  1. O que entende por especificidade do design de comunicação?

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  2. Pergunta pertinente, caro AMC.
    Refiro-me aos pictogramas, aos sitemas de sinalização e de indicação de percursos e ao "lettering" utilizado. Os arquitectos têm o hábito de fazer este tipo de indicações tão discretas, tão discretas, que se tornam imperceptíveis...

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  3. Defensor dos fracos, comprimidos e arquitectos29 de outubro de 2009 às 13:53

    Nem é suposto, uma vez que para a área do design de comunicação existem técnicos especializados (designers gráficos).
    Parte do mal que se atribui aos arquitectos nestas áreas advém de pedidos dos clientes, que para não pedirem um projecto de design gráfico, pedem ao "artista" que também desenhe a sinalética.
    Se eu quiser poupar dinheiro na consulta médica e me dirigir ao farmacêutico, não ficarei tão bem servido.
    Os farmacêuticos não dominam, por norma, a especificidade da medicina. Uma "suspeita" que espero ninguém venha a confirmar e que tem um ponto alto… em qualquer farmácia perto de si.

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