quarta-feira, 25 de novembro de 2009

FAUSTO GIACCONE

Faz hoje 34 anos que a festa da Revolução acabou. A catarse durara exactamente dezanove meses. A ressaca não tardaria.
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O sul de Portugal foi, durante esse ano e meio, terreno fértil para o trabalho de fotógrafos e cineastas. Nenhum me impressiona e comove tanto como a reportagem de Fausto Giaccone (n. 1943), nas terras do Couço, no final de Agosto de 1975.

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Fausto Giaccone voltou ao Couço em 1986. É a história da ocupação de uma herdade e do regresso do fotógrafo italiano ao Ribatejo que está contada no extraordinário livro Uma história portuguesa. A edição é de 1999. Presumo que esteja esgotadíssima.

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Vale a pena ver: http://www.faustogiaccone.com
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O tom épico da fotografia de cima e o vermelho da bandeira fez-me lembrar um poema de um autor medieval, que António Borges Coelho traduziu para o seu Portugal na Espanha Árabe.

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AS SEARAS

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Olha o vento semeado onde as searas parecem

ao inclinar-se ante o vento

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esquadrões de cavalaria que fogem derrotados

sangrando pelas feridas das papoilas.

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Iyad (séculos XI-XII) – trad. de António Borges Coelho

8 comentários:

  1. "Reforma Agrária, Reforma Agrária,
    Hás-de voltar porque és necessária"

    É uma moda belíssima de um natural de Pias (deu-me uma branca, esqueço-me do nome, mas é tio da Maria José Borralho - Zezinha).

    Conhecemos esta moda quando fomos representar o "Alentejanos de Todo o MUndo" à Cooperativa Piedense. Na altura convidámos os Amigos do Alentejo para cantar um repertório de intervenção onde, entre outras, a incluíram.

    por incrível que pareça, são poucos os que a cantam em Pias (talvez porque o autor vive agora em Coimbra).

    No entanto, quando fomos recuperar o mural da UCP Esquerda Vencerá, acrescentámos a frase do refrão:

    "Reforma Agrária, Reforma Agrária,
    Hás-de Voltar porque és necessária"

    Só por isso, porque é necessária.

    O 25 de Novembro atrasou a História, mas não lhe pôs um fim.

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  2. Custou um bocadinho e só ao fim do dia percebi que o post tem a ver com o 25 de Novembro... Ok, fui lento.

    Será que a Reforma Agrária foi conduzida da melhor forma?

    Pergunto isso porque tenho uma vaga ideia que as terras foram abandonadas por quem melhor soube apanhá-las na altura da RA e agora estou com a sensação que já estão nas mãos dos antigos latinfudiários! Mas, caro Santiago, posso estar errado...

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  3. Aprecio o entusiasmo do JF, mas sou muito mais céptico, até poque a cinzenta e acomodada Europa já não é terreno de aventura.
    Não penso que esteja engananado, amigo AMC. A Reforma Agrária foi um momento de libertação. Não creio que fosse susceptível, qual ilha socialista na Europa do capital, de ter sucesso económico. Valeu como festa e como devolução da dignidade a todo um povo. Se outras coisas não houvesse, essa bastaria.

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  4. Esta suposta estabilidade da Europa acomodada e cinzenta pode ruir de um momento para o outro.

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  5. A alegria nos rostos tão bem mostrada nestas fotos, representava a esperança de um povo que viveu amedrontado durante muitos anos.
    Infelizmente não foi conduzida da melhor forma, porque como em todo o lado há sempre uns que se aproveitam da ingenuidade de outros. Esta foi a batalha que não chegou a ser ganha pelo POVO DE ABRIL e que ainda hoje não se consegue ganhar.
    Como dizia a Luisa Bastos:
    " Mas se Abril ficar distante desta terra e deste povo, a nossa força é bastante para fazer um Abril novo. "
    Resta-nos a esperança de num Abril novo!

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  6. A miuda à nossa direita na foto fez-me lembrar uma "Dulcineia" que eu conheci ha muitos anos...

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  7. zramática (JF) vai ruir pois, como ruiu o muro de Berlim e os resto do sistema

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