Já não se fazem filmes assim...
.
É uma história banal (Teri Garr veio depois dizer que o filme era muito intelectual, vá lá um cristão perceber porquê...), de desencontros e de amores. Por norma, uma coisa e outra estão associadas. O filme tem fantasia e alguma inocência. São elementos que a deliberada artificialidade de Do fundo do coração acentua:
.
A rodagem foi inteiramente realizada em estúdio, pelo que os exteriores são falsos;
A cidade onde decorre a acção é Las Vegas, uma cidade cenário e que vive à margem do mundo real;
O sol, o céu, a chuva são de plástico;
.
As pessoas no filme andam à procura do Amor e do Paraíso (nome da agência de viagens que vemos surgir nos primeiros momentos), mas não sei se, de facto, os encontram. Mas encontram momentos de fantasia e de ilusão. E Coppola sabe passar as ideias para o écran como ninguém. Bendito arrojo de fazer um filme assim, sem ter a noção que era difícil fazê-lo passar junto do grande público...
.
Concebido também como desafio aos estúdios de Hollywood, Do fundo do coração atirou a Zoetrope Studios para a falência e fez Coppola passar um mau bocado.
.
.
Do fundo do coração foi desprezado e ridicularizado. Os fracassos são, com frequência, mas estimulantes e interessantes que os êxitos. Quando o vi, em 1982, sofria de mal de amores. O filme não me ajudou mesmo nada nessa altura, mas talvez tenha gostado dessa primeira vez que o vi por causa disso mesmo. Aqui vos deixo o seu início, com as vozes contrastantes de Tom Waits e de Cristal Gayle.
Um filme incompreendido com uma extraordinária banda sonora.
ResponderEliminarCopolla queria como canção principal do filme um dueto entre um homem e uma mulher. O realizador toma por exemplo Foreign Affairs, de Tom Waits e a faixa "I don't talk to strangers", em dueto com Bette Midler.
Tom Waits convida Bette Midler, mas a indsiponibilidade de Midler para One From the Heart leva a esta estranha e inusitada ligação entre Waits e Crystal Gayle.
Que resulta num disco simplesmente extraordinário.
Abraço