Não conheço todas as cidades do mundo. Nem nunca irei conhecer uma ínfima parte das que existem. Ainda assim, não tenho dúvidas que, com a provável excepção do Rio de Janeiro, Lisboa é a mais bela cidade do mundo.
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Ainda hoje, tantos anos volvidos sobre os primeiros e solitários passeios na cidade antiga, gosto de voltar as mesmos sítios para, sozinho, me perder de novo na cidade antiga. A melhor recordação data, contudo, de 1996 ou 1997. Conduzia um grupo de amigos franceses, mais velhos, pelas ruas de Alfama. Ao acaso, sem lojas para turistas nem restaurantes típicos. Perto da rua de S. João da Praça há um grelhador com sardinhas em plena rua. O cozinheiro não está à vista. E ei-lo que sai do seu estabelecimento, de tesoura ainda em punho, para, num golpe rápido, mandar uns borrifos de água para o grelhador e virar as sardinhas. Era o barbeiro que, no meio do atendimento, preparava o almoço.
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Ficaram extasiados, como os grupos de excursionistas sempre ficam, quando desembarcam em sítios longínquos e exóticos e vêem coisas que, nos países civilizados, fazem parte dos livros de histórias. Quase tive de jurar que aquilo não era combinado com o homem.
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Acabámos a manhã almoçando numa taberna perto do Chafariz d'el-Rei, entre o cheiro das sardinhas assadas e o sotaque gingão dos lisboetas de Alfama.
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Aqui ficam, para o fim-de-semana, palavras a sério de um bom poeta e duas imagens, a do pintor seguramente melhor que a do "fotógrafo".
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PRIMEIRA CANÇÃO EM LISBOA
Em Lisboa é que nascem as gaivotas.
Que pena, meu amor, o mar não ser
um copo de água pura. De água para
a sede que em Lisboa eu vi nascer.
Em Lisboa. Capital do vento sul.
Coração do meu povo. A doer tanto
que a dor se tornou cor. E é azul
como a ganga dos homens do meu canto.
Em Lisboa a gente morre sem idade.
Devagar. Como se faz uma canção.
E há um pássaro que voa. É a saudade.
E uma janela aberta. O coração.
Joaquim Pessoa
Imagem de cima - pintura, datada de 1935, de Carlos Botelho (1899-1982), um bom artista plástico, hoje em dia bastante esquecido. A tradução em imagem da topografia de Lisboa, que lhe foi tão cara, é-me ainda hoje bastante querida. E importante em termos profissionais.
Imagem de baixo - fotografia feita pelo autor do blogue, em 2007, algures na zona antiga da capital.
Não sei se Lisboa será a cidade mais bela das poucas que eu conheço, mas fascina-me o percurso do Eléctrico 28: desde os Prazeres até à Graça.
ResponderEliminarImagino que o Santiago conheça o trajecto desse eléctrico e imagino ainda que concorda comigo, relativamente ao famoso percurso do 28!
Totalmente de acordo. E isso até me deixa a ideia de fazer qualquer coisa, um destes dias, sobre o percurso do 28.
ResponderEliminarConhece o Beco dos Contrabandistas, e as efabulações associadas?
ResponderEliminarQuanto ao eléctrico 28 aconselho-o a munir-se de radares, pois anda infestado de ladrões de turistas, adoram máquinas, carteiras e não hesitam em esfaquear passageiros que os denunciem, como numa tarde de domingo, em que empurraram um idoso que os censurara, marcando-o com navalha... É a parte menos bonita da cidade...Eu já não ando naquele eléctrico,para não me enervar, que tenho hipertensão e andar a pé até faz bem...
Abraço - e parabéns por tudo o que de bom tem sido realizado em Moura!
Luís
Estou há 18 anos nestas paragens lisboetas. Já andei a todas as horas do dia por Lisboa (Bairro Alto, Alfama, 24 de Julho, Docas, Expo, Olivais, Moscavide, Cascais, etc às 3, 4, 5, 6 da manhã ou outras horas quaisquer) e nunca tive problemas sérios com os maus de Lisboa, nunca fui assaltado ou roubado, exceptuando em certos bares que cobram 10 euros por uma imperial... ao balcão, pois cá não há discriminação. Possivelmente até tive sorte, mas o facto de não sentir receio ou medo terá ajudado.
ResponderEliminarE no 28 já tenho andado várias vezes e nunca me senti intimidado!
Pode ter sido sorte, mas não era a mesma coisa!