Mariano Gago deslocou-se duas vezes a Mértola. Foram visitas interessantes, por diferentes ordens de razões. Na primeira foi mais técnico que ministro. Quis saber imensas coisas dos projectos, como funcionava o Campo Arqueológico, quais os projectos que cada um de nós tinha. Tratou-nos por tu e insistiu que todos o tratássemos por tu. Coisa que ninguém fez, claro está. Foi fraterno e portou-se como um colega mais velho que se interessa pelo trabalho dos novatos.
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A segunda visita foi mais institucional mas não menos interessante. Na sessão de apresentação do mestrado Portugal Islâmico e o Mediterrâneo dissertou longamente sobre os desafios do ensino superior. Foi irreverente e contestatário. Manifestou-se contra todos os métodos estupidamente quantitativos de avaliação de carreiras, disse coisas que ninguém esperaria sobre as formas de contratação de docentes no ensino superior e sobre a estupidez da burocracia. Mais parecia o jovem extremista de outrora que o ministro do ensino superior de um país da Europa Ocidental. Não levei o que disse minimamente a sério mas Mariano Gago foi, como sempre, brilhante e convincente.
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Lentamente, vai levando a água ao seu moinho - o da progressiva e discreta privatização do sistema de ensino superior ou, pelo menos, o da crescente, participação do sector privado empresarial no destino das universidades -, embora não se resolva um enigma de base:
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Como vão nos países europeus, com uma tradição mecenática relativamente pobre no apoio às Ciências Humanas, sobreviver essas "inutilidades" do ensino do grego, do estudo da poesia medieval ou da evolução das basílicas na Antiguidade Tardia?
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O Governo escolheu o ensino superior como tema do debate quinzenal de sexta-feira, com a presença do primeiro-ministro, José Sócrates, disse à agência Lusa fonte do ministério dos Assuntos Parlamentares. Deve ser má vontade minha, mas nunca percebi o que é que raio o nosso primeiro terá a dizer sobre o ensino superior. A não ser que seja para ensinar uns truques à malta...
...em inglês técnico
ResponderEliminarAfinal Santiago não cheguei a perceber se gostaste ou não da medida? Que não gostas do Socrátes percebi logo, mas elogiar uma vez por outra não faz mal nenhum
ResponderEliminarNão percebo a que te referes (embora não saiba a quem me dirijo).
ResponderEliminar1. Se estou de acordo com o tema "ensino superior" para ser o centro de debate? Claro que sim.
2. Se estou de acordo com o recente reforço de financiamento ao Ensino Superior? Obviamente que sim. É motivo de aplauso e de elogio.
3. Se respeito o trabalho do ministro Mariano Gago? Muito, mesmo com a ressalva apontada. Na investigação e na internacionalização dos nossos quadros há um antes e um depois dele (e vão DOIS elogios).
4. Não é uma questão de gostar ou não gostar de José Sócrates. Também não voto Cavaco Silva e acho-o um chato de todo o tamanho, mas vejo nele uma coerência de percurso. Que não encontro no estilo Oliveira da Figueira do Lic-Eng-sei-lá-o-quê Pinto de Sousa.
É lá o Socrates exemplo para falar de ensino supeiror...
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