.
Guilhotinas, pelouros e castelos
Resvalam longamente em procissão;
Volteiam-me crepúsculos amarelos,
Mordidos, doentios de roxidão.
.
Batem asas de auréola aos meus ouvidos,
Grifam-me sons de cor e de perfumes,
Ferem-me os olhos turbilhões de gumes,
Descem-me na alma, sangram-me os sentidos.
.
Respiro-me no ar que ao longe vem,
Da luz que me ilumina participo;
Quero reunir-me, e todo me dissipo -
Luto, estrebucho...Em vão! Silvo pra além...
.
Corro em volta de mim sem me encontrar...
Tudo oscila e se abate como espuma...
Um disco de oiro surge a voltear...
Fecho os meus olhos com pavor da bruma...
.
Que droga foi a que me inoculei?
Ópio de inferno em vez de paraíso?...
Que sortilégio a mim próprio lancei?
Como é que em dor genial eu me eternizo?
.
Nem ópio nem morfina. O que me ardeu,
Foi álcool mais raro e penetrante:
É só de mim que ando delirante -
Manhã tão forte que me anoiteceu.
.
O beijo (1892), de Toulouse-Lautrec (1864-1901), e Álcool (1913), de Mário de Sá-Carneiro (1890-1916), vão dirigidos, em jeito de dedicatória, a todos os beatos falsos, e aos da política em primeiro lugar.
Guilhotinas, pelouros e castelos
Resvalam longamente em procissão;
Volteiam-me crepúsculos amarelos,
Mordidos, doentios de roxidão.
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Batem asas de auréola aos meus ouvidos,
Grifam-me sons de cor e de perfumes,
Ferem-me os olhos turbilhões de gumes,
Descem-me na alma, sangram-me os sentidos.
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Respiro-me no ar que ao longe vem,
Da luz que me ilumina participo;
Quero reunir-me, e todo me dissipo -
Luto, estrebucho...Em vão! Silvo pra além...
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Corro em volta de mim sem me encontrar...
Tudo oscila e se abate como espuma...
Um disco de oiro surge a voltear...
Fecho os meus olhos com pavor da bruma...
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Que droga foi a que me inoculei?
Ópio de inferno em vez de paraíso?...
Que sortilégio a mim próprio lancei?
Como é que em dor genial eu me eternizo?
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Nem ópio nem morfina. O que me ardeu,
Foi álcool mais raro e penetrante:
É só de mim que ando delirante -
Manhã tão forte que me anoiteceu.
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O beijo (1892), de Toulouse-Lautrec (1864-1901), e Álcool (1913), de Mário de Sá-Carneiro (1890-1916), vão dirigidos, em jeito de dedicatória, a todos os beatos falsos, e aos da política em primeiro lugar.
também será dirigido ao miguel portas(as melhoras)que iria a fátima se fosse pela mão do papa joão xxIII?
ResponderEliminarfrancisco caetano
Não critique a sua classe!
ResponderEliminarNão critico classe nenhuma.
ResponderEliminarSó critico os falsos beatos. Porque não os suporto mesmo.
Quanto aos falsos beatos já diz o ditado que “presunção e água benta cada um toma a que quer”… A falsidade não é um exclusivo nem uma característica intrínseca da religião e da política. Se assim fosse, quem quisesse salvaguardar-se já saberia, à partida, o que deveria evitar. Esse poema faz lembrar o “Opiário” de Álvaro de Campos que, por acaso, foi dedicado a Mário de Sá-Carneiro. Também é dos tais poemas que não cansa voltar a ler. E de cada vez que se lê encontram-se nele novos sentidos...tantos quantos quisermos atribuir-lhe.
ResponderEliminarPode ler-se aqui:
http://prometeu.blogs.sapo.pt/arquivo/464266.html
BB