quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O RIO DA MINHA ALDEIA

Por vezes, embora não com muita frequência, reproduzo comentários de leitores. Achei uma graça muito particular a este:
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olha... Uma "entrada" no blog que tem que ver com algo que não seja futebol e toiros... À parte as eternes "viagens pela minha terra" ou, se quiser, pelas terrass dos outros... Santiago, não te parece um bocado VAZIO passar horas esquecidas a repetir as (inevitáveis) redacções que fazíamos no início das aulças: "Como passei as minhas férias"?? E o futebol e os toiros, e a tasca do liberato... Ouve lá, mas tu já reparaste que te estás, de há uns bons (demasiados) tempos para cá, a vegetalizar?? Vê lá mas é se tens juízo e acordas, homem! Porque a mim parece-me que nem sempre foste uma couve... Mas se calhar sou eu que estou enganado. (enviado a 25.8.2010 - 1:36)
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Tem graça, porque as avaliações mais verrinosas se escondem sempre detrás da capa de algo parecido a elogios sobre as coisas interessantes que teremos feito num passado remoto. Aqui vai uma rápida reflexão sobre o que tem sido, e continuará a ser, este blogue:
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1. O avenida da salúquia 34 é um blogue estritamente pessoal, tem e terá apenas um responsável;
2. As matérias andam sempre à volta dos temas que estão listados no sector "organizando a avenida";
3. Quando falo em política o número de visitas aumenta (dos 10 dias mais visitados, 8 dizem respeito à altura da campanha eleitoral para as autárquicas), mas não me interessa falar só de política;
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Horas esquecidas? Meu caro/minha cara, tenho mais que fazer. O blogue é programado com semanas de antecedência. Tempus fugit e a minha vida é muito ocupada.
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Falo de coisas pouco importantes? Talvez. Falo do que quero e do que gosto, quando quero e como quero. Sem perguntar a ninguém se o faço assim ou assado. Um dia o blogue acabará. Como tudo na vida. Para já vou contando com o interesse de quem por aqui passa. A pedra de toque e o espírito do blogue vão um pouco no sentido do poema que abaixo reproduzo, e que, coisa inédita, aqui publico pela segunda vez. Com uma imagem do Luís Pavão (n. 1954), fotógrafo de quem gosto muito e com quem já publiquei um livro. Em tua honra, meu caro/minha cara.
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De Alberto Caeiro:
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O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
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O Tejo tem grandes navios

E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.
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O Tejo desce de Espanha

E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde vai
E donde ele vem.
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E por isso, porque pertence a menos gente,

É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Nunca ninguém pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.
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O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.

Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

1 comentário:

  1. Tem graça que, ainda ontem discutia este assunto com uns colegas. Acho que o problema das pessoas está em associarem os blogs, que, são pessoais às instituições a que os seus autores estão ligados, no meu caso à JFA. Daí, acharem que os posts mais pessoais são desinteressantes, mas como eu também já disse e escrevi várias vezes, os blogs são nossos e nós, os autores é que decidimos o que é ou não interessante publicar, até porque só nos visita quem quiser, ninguém é obrigado.

    Quanto ao poema, não sendo inédito, continua a ser muito bonito.

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