quarta-feira, 17 de novembro de 2010

LIVROS, BIBLIOTECAS E DGLB

O tema "bibliotecas" tem causado agitação de sobra nos meios académicos e culturais.
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Motivo 1 (a ordem é arbitrária): a fusão da DGLB na Biblioteca Nacional. A primeira coisa que me passou pela cabeça foi o portuguesíssimo desabafo "só em Portugal". Sendo conhecidas as diferentes missões e os diferentes objectivos, só vejo duas razões para esta medida: reduzir custos, seja a que preço for e, sobretudo, acabar de vez com o financiamento de novas bibliotecas. O que está subjacente à existência de entidades como a DGLB - a promoção do livro e da leitura, a Cultura, essa coisa pouco rentável... - corre um perigo real. Por mais beatíficas que sejam as palavras da nossa ministra da cultura só me passa uma ideia pela cabeça quando a ouço garantir que os objectivos da DGLB serão mantidos: "desculpe, mas não acredito no que está a dizer".´
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Conheço o percurso da instituição desde a sua origem - a biblioteca de Moura foi uma das primeiras sete, no sul do país, a beneficiar de apoio para ampliação de instalações, em 1988 - e tive o privilégio de poder contactar com muita gente qualificada do IPLL (depois IPLB, depois DGLB). A segunda vida do projecto da Biblioteca de Moura passou por muitos contactos aí mantidos.
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É pena que em Portugal tenhamos disponibilidade, para com a maior desfaçatez e leviandade, nos desfazermos do que temos de melhor. Há dez anos destruímos, sem pestanejar, a equipa da Comissão dos Descobrimentos - o remorso chama-se Museu da Viagem. A história repete-se.
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Motivo 2: o encerramento da sala de Leitura Geral da Biblioteca Nacional durante nove meses. A situação é trágica, para quem tem de fazer trabalhos de investigação. E é pouco sério apontar a Biblioteca da Academia das Ciências, ou a Biblioteca de Arte da Gulbenkian ou a Faculdade de Letras como alternativas. Quem o faz ou está a brincar ou não frequenta a Biblioteca Nacional. Não só por as teses de mestrado e doutoramento ali estarem depositadas, como pelo facto de haver inúmeras obras que não existem, de todo, em qualquer das outras. A sala de leitura geral fechou a 15 deste mês, os reservados encerram no dia 1 de Abril. Reabre tudo (será?) no dia 1 de Setembro de 2011.
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A paixão pelas biliotecas é antiga. Pelos livros também , sendo eu fraco leitor. Há poucas bibliotecas de que gosto sem reservas: a Biblioteca Nacional, em Paris, é uma delas. Mas tenho um lugar guardado para a biblioteca do Instituto Arqueológico Alemão, em Madrid. Tudo está impecavelmente organizado, o sítio é confortável e silencioso. E sem silêncio profundo não há leitura capaz.
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Sobre a polémica da DGLB ler este texto e consulte-se ainda o site da BN: http://www.bnportugal.pt/

1 comentário:

  1. É uma vergonha!

    Este governo e esta Ministra estão a conduzir os já por si serviços mínimos de cultura para a sua inexistência ou existência meramente simbólica.

    Mais um ataque à Constituição.

    Já agora
    Aparece na nossa peça: O Capitalista, o Guia e o Carregador

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