sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

ROMA

A proximidade das eleições presidenciais trouxe-me à memória o nome de José Manuel Menezes Alves. Crónico candidato e crónico desistente, Menezes Alves é o autor de uma das melhores boutades políticas que conheço. Quando, talvez em 1985, foi inquirido sobre o que mudaria na presidência respondeu, com ar sério e convicto, "passo a fazer as revistas às tropas em patins, para demorar menos tempo". Sempre gostei do non-sense. Mesmo na política. Ou, melhor dizendo, mais ainda na política.
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Umas recordações levam a outras. Neste caso, os patins levaram-me, em linha recta, ao filme Roma, realizado em 1972 por Federico Fellini (1920-1993). Nesta película estranha e poética, há, em dado momento, um desfile de paramentos eclesiásticos. A cena tem um toque circense, acentuado pela música de Nino Rota (1911-1979). Fellini diverte-se a provocar. Ao minuto 2:30 surgem dois eclesiásticos em patins, promovendo um modelo sob o lema Au Paradis toujours plus vite! O desfile reveste-se depois de tons operáticos e fantasmagóricos. Aos 7:20 ouve-se o vento, esse elemento sempre presente em Fellini.
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Vi este filme pela primeira vez no dia 21 de Junho de 1986.
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1 comentário:

  1. Brilhante esta passagem de modelos de Fellini quase comparável ao jogo de sombras no final do filme ...
    Para mim, a obra da vida dele ...

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