sábado, 19 de fevereiro de 2011

SETE

E amanhã é dia sete. Um bom pretexto para recordar estes setes, o de Akira Kurosawa e o de Carlos Drummond de Andrade.
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POEMA DE SETE FACES

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.


As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.


O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.


O homem atrás do bigode
é serio, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.


Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.


Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.


Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

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Akira Kurosawa (1910-1998) filmou Sete Samurais, obra maior da História do Cinema, em 1954. O seu reconhecimento generalizado no mundo ocidental só chegou anos mais tarde, embora a obra de Kurosawa fosse admirada entre os cinéfilos. Mas a história dos sete samurais é, seguramente, mais conhecida através de um refilmagem intitulada Os sete magníficos. Carlos Drummond de Andrade já aqui passou várias vezes, sempre com a sensualidade na ponta da língua. Ou da caneta, se preferirem.

2 comentários:

  1. Amanhã é dia sete?? Esta não percbi!

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  2. Cara Cidália, hoje, domingo, seria o meu dia sete. Um "shabat" atrasado. A perspetiva era a de não fazer nada. Enganei-me. Uma vez mais.

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