segunda-feira, 13 de junho de 2011

TUNÍSIA VIII: SIDI BOU SAID

Há sítios encantadores e pitorescos que nos deixam um pouco frios? Há.
Há sítios bonitinhos e bem arranjados, que merecem uma visita mas não muito mais que isso? Há.
E por onde passamos como quem olha para um cenário mas onde não gostaríamos de viver? Também.

O meu exemplo de postal ilustrado é Sidi Bou Said, bem perto de Tunis. Demasiado compostinho para ser verdade, aquele azul e branco que tudo enxameia é uma criação do barão francês Rodolphe d'Erlanger (1872-1932).

A imagem das cidades cria-se. E há formas de apropriação do espaço urbano que, por vezes, tendem a deixar os indígenas à margem do futuro dos sítios. Vale a pena ir a Sidi Bou Said com este livro de Ana Paula Amendoeira debaixo do braço: Monsaraz - reconstruir a memória, editado pela Colibri em 2009. Entendemos melhor o que aconteceu em Sidi Bou Said e o que, felizmente, não aconteceu em Monsaraz.


Para ir a Sidi Bou Said: a melhor forma é o combóio, o popular TGM (na realidade quer dizer Tunis-Goulette-Marsa), com partida na estação de Tunis-Marine. Barato e muito mais divertido que o táxi.

5 comentários:

  1. Em Portugal, há um desses exemplos de cenário. Mas por razões diversas: os últimos habitantes convivem com turistas nórdicos, em busca do típico...chama-se Sortelha, - e mais abaixo existe a Sortelha moderna, pois a ancestral é um imenso hotel...acho que não gosto da ideia de uma terra fantástica transformada em dormitório de forasteiros.

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  2. Falta dizer que Sidi Bou Said tem uma vista magnifica para Cartago!

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  3. Tem também um café turco, onde a "gente" se senta a um metro do chão, rodeado de almofadas e onde se pode fumar um narguilé.

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  4. Infelizmente (ou felizmente, sei lá) o compostinho e o "demasiado bonito para ser verdade" parece ser cada vez mais do agrado dos viajantes/turistas contemporâneos. Se formos MESMO sinceros, Monsaraz até é um bocadinho composto de mais para ser verdade; talvez por isso metade das casas estão fechadas todo o ano - porque pertencem, grande parte delas a esse tipo de apreciador/turista das aldeias de brinquedo. Para sermos MESMO, MESMO, sinceros, o "demasiado compostinho para ser verdade" VENDE (Ericeira, diz alguma coisa?) e o facto de vender permite aos seus habitantes, de uma forma ou de outra, SOBREVIVER. Aos que teimam em ficar, pelo menos; aos indefectíveis. MOURA, por outro lado, não é demasiado compostinha. É um bocadinho, mas não o suficiente; nem de forma suficientemente agressiva; nem de forma suficiente e turísticamente eficiente; nem de forma suficiente, turística ou publicitariamente COMPETENTE. À mulher de César não basta ser séria - ou, neste caso, tentar ser compostinha; é preciso SÊ-LO e MOSTRÁ-LO. Eu não morro de amores pelas terras demasiado compostinhas, demasiado perfeitas, demasiado "terras de postal ilustrado"; mas pelo menos essas atraem turistas; Santiago foi a Sidi Bou Said; o Alemão vai a Monsaraz e o Finlandês vai à Sortelha. Isso permite, aos indefectíveis, ficar. E sobreviver. Talvez se Moura fosse um bocadinho mais assim, houvesse cá mais indefectíveis. Talvez tantos Mourenses não fossem hoje, por uma questão de sobrevivência, lisboetas ou algarvios ou espanhóis ou suíços. Evidentemente que o aparelho está-se nas tintas para isso, porque o funcionalismo responsável - que deveria ser compósita, turística e publicitariamente competente - goza da segurança e da distância de "ser" carreira. Torna-se dessa forma, sentado por detrás de uma secretária, no ar condicionado de um gabinete, fácil fazer coisas inócuas como folhetos, ou ser displicente e alinhar comentários diletantes sobre como as terras "bonitinhas" e cheias de turistas parecem artificiais. Eu também o podia fazer, se quisesse: é fácil e elegante. Mas, como indefectível e como sobrevivente... Já se me acabou a paciência. Demorou.

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  5. falta falar da presença regular de Sartre e Beauvoir em Sidi Bou Said ...

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