terça-feira, 19 de julho de 2011

DRESS CODE

Tinha um lenço preto comprado em Marrocos. Levava-o para a Faculdade enrolado ao pescoço. O meu pai, que usa gravata desde os 16 anos, bradava então: "Júlia, acho que ele vai para as aulas com um dos teus collants ao pescoço". Nunca reagi porque, intimamente, achava graça à provocação.

Lembrei-me dessa repetida cena familiar muitos anos mais tarde, na Brown University, onde fora convidado a dar um par de conferências. O prof. Rolf Wynckes alertou-me, pouco à vontade: "espero que não se importe muito com a informalidade dos nossos alunos; o dress code é bastante descontraído". Nunca liguei muito a essas coisas, mas o dress code dos alunos de História da Brown era um pouco mais que informal: sapatilhas de enfiar no dedo, bermudas, t-shirts a precisarem de lavandaria e, la cerise sur le gâteau, um dos alunos levou uma bandeja com uma sandes e uma coca-cola para a aula. O pobre do Prof. Wynckes olhava-me, esgazeado, mas eu estava com uma imensa vontade de rir e só pensava "se eu pagasse 60.000 dólares de anuidade, acho que até vinha com um fato à Tarzan...".

Sempre houve um certo complexo à esquerda com as gravatas e com os laços. E com certas formalidades que são necessárias. E que não me parecem despropositadas. Deve ser a minha costela conservadora...

A Católica vem agora impôr regras aos seus alunos e professores. É um direito que assiste a uma instituição privada. Mas fico sempre com a desconfiança que este tipo de normas são sempre o primeiro passo para a padronização e para os fardamentos.



Pelo sim, pelo não, aqui ficam alguns nós de gravata. Costumo usar o simples e o duplo simples. O João, que é muito mais profissional, conhece umas sete opções.

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