Com a devida vénia, como se dizia antigamente, pois a expressão caiu um desuso, aqui vos deixo a magnífica crónica de Manuel António Pina, publicada no JN (www.jn.pt), na qual fustiga um certo e determinado primeiro-ministro:
Que pensaria um cidadão comum se alguém em quem
tivesse confiado e com quem tivesse feito um acordo, apanhando-se com o
acordo na mão, violasse todos os compromissos assumidos fazendo
exactamente o contrário daquilo a que se comprometera?
Imagine
agora o leitor que esse alguém é um político que obteve o seu voto
jurando-lhe repetidamente que faria determinadas coisas e nunca, nunca!,
faria outras ("Dizer que o PSD quer acabar com o 13º mês é um
disparate"; "Do nosso lado não contem com mais impostos"; "O IVA, já o
referi, não é para subir").Um político que lhe jurou que "ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam" e que fez o que a própria CE já reconheceu, que em Portugal as medidas de austeridade estão a exigir aos pobres um esforço financeiro (6%) superior ao que é pedido aos ricos (3%, metade).
Um político que lhe garantiu que "não quero ser eleito para dar emprego aos amigos; quero libertar o Estado e a sociedade civil dos poderes partidários" e cujos amigos aparecem, como que por milagre, com empregos de dezenas e centenas de milhares de euros na EDP, na CGD, na Águas de Portugal, nas direcções hospitalares e em tudo o que é empresa ou instituto público.
Quando os eleitos actuam impunemente à margem de valores elementares da sociedade como o da honra e o do respeito pela palavra dada não é só o seu carácter moral que está em causa mas a própria credibilidade do sistema democrático.
SM, só não percebo se o MAP está a falar do ex-PM ou do actual PM...
ResponderEliminarRelembro a pressa que houve em tirar o JS do Governo para colocar um Governo um pouco mais, aliás, um pouco menos púdico em ir buscar receitas aos mesmos de sempre e em receitas extraordinárias (como já foi feito anteriormente por outros Governos para Portugal garantir os défices exigidos pela UE)!
Há cerca de 17 anos, o Pina ofereceu-me um livro seu, com dedicatória, através de um amigo comum. O livro chama-se "O Anacronista" e contém dezenas de cronicas exemplares. Desde então que admiro o Pina. Às vezes - poucas - discordo da substância, mas é uma delícia saborear o estilo. O Pina, além de escrever muito bem, é um tipo corajoso.
ResponderEliminarJCL
"Quando os eleitos actuam impunemente à margem de valores elementares da sociedade como o da honra e o do respeito pela palavra dada não é só o seu carácter moral que está em causa mas a própria credibilidade do sistema democrático".
ResponderEliminarEssa é a questão... quando os eleitos passam a escol por artes mafarricas de perlimpimpim.